Procura por apoio emocional sobe 30% no fim de ano; saiba como obter ajuda gratuita em Campo Grande

GAV (Grupo Apoio Vida) atende todos os dias, até na véspera e feriado de Natal e Ano Novo

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Sofrimento causado por suicídio
Pessoas em sofrimento devem procurar ajuda. (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

Passar sozinho as festas de fim de ano, como Natal e Ano Novo, pode desencadear sentimentos de tristeza e de solidão. É comum que amigos e familiares se reúnam nesta época e quem perdeu uma pessoa próxima ou não tem alguém para fazer companhia pode se sentir abandonado e pode buscar apoio emocional. 

A chegada de Natal e Ano Novo também podem despertar a “dezembrite”, uma depressão de fim de ano ou síndrome do fim do ano. O sentimento pode ser desencadeado por situações que geram frustrações, como metas não alcançadas, a vida perfeita na internet e cobranças sociais.

Esse cenário aumenta em 30% o número de chamadas recebidas pelo GAV (Grupo Amor Vida) em época de festas de fim de ano em comparação com datas comuns, de acordo com o vice-presidente, Ton Almeida. 

“As pessoas têm o sentimento de abandono e tristeza muito fortes. Às vezes, por falta de um parente que perdeu recentemente. Esses são os relatos que nessas festas de fim de ano aparecem muito no atendimento e os voluntários eles buscam levar conforto para os atendidos, trazendo outras possibilidades, como se conectar com essas pessoas que estão fazendo parte da vida dela”, explica Ton Almeida. 

O GAV é um serviço telefônico gratuito que presta apoio emocional às pessoas em crise com o objetivo de prevenção ao suicídio. Os perfis que mais procuram o suporte são idosos e mulheres acima de 60 anos de idade, mas Ton reforça que são recebidas chamadas de pessoas com todas as idades que procuram conforto.

“O telefone 0800 seria um ponto de socorro emergencial, mas nós recebemos chamadas variadas por diversos motivos, inclusive de pessoas que querem compartilhar coisas boas, que querem conversar com alguém e buscam o voluntário. A pessoa nunca pode descartar no momento de crise buscar atendimento profissional em uma unidade de saúde, ali [o GAV] seria um posto de atendimento emergencial”, diferencia.

Sofrimento causado por suicídio
Campo Grande conta com apoios gratuitos (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

Ton explica que o GAV conta com 90 voluntários e os interessados em apoiar a causa podem entrar em contato pelo telefone e manifestar o interesse em fazer o voluntariado. A pessoa poderá fazer o atendimento ao público somente após concluir a formação. 

O vice-presidente reforça que o GAV atende todos os dias no telefone 0800 750 5554, das 07h às 23h, inclusive nas vésperas e feriados de Natal e Ano Novo. As ligações são gratuitas e sigilosas.

“Nós não temos identificador de chamada. A pessoa vai encontrar dentro dessa ligação pessoas preparadas e dispostas a acolher ela sem julgamentos” reforça.

Procure ajuda

É fundamental que as pessoas procurem apoio psicológico caso percebam sentimentos de sofrimento em si mesmo ou em pessoas próximas. 

O psicólogo e especialista gerenciamento de crise e manejo na crise suicida, Edilson dos Reis, afirma que é importante ficar atento a sinais como:

  • Isolamento social;
  • Deixar de fazer as coisas que tinha prazer com amigos e familiares;
  • Mudança de comportamento que já perdura por mais de duas semanas;
  • Eventos impactantes;
  • Falas em que se auto menospreza, como dizer que não tem importância.

“As pessoas precisam se conscientizar que quando estão em processo de dor precisam procurar ajuda antes de chegar ao extremo, que seria o suicídio. Família e amigos devem observar comportamentos e incentivar a procura por médicos e não ignorar a dor e sofrimento, não minimizar a dor. A depressão não passa repentinamente”, ele garante. 

Dados do Sigo (Sistema Integrado de Gestão Operacional) apontam que Campo Grande registrou 41 suicídios neste ano, enquanto em 2022 foram 46. Vale ressaltar que os dados de 2023 são uma parcial até a última atualização. 

O especialista comenta que, nas festas de fim ano, a tendência é que não haja aumento no número de suicídios em comparação com outras datas. 

“Em média, cerca de 35 a 50 pessoas cometem suicídio diariamente no Brasil. Não são as datas comemorativas em que há aumento, o que há é impacto devido às festividades de natal que celebra reencontro, mas a tendência é essa, já existe padrão recorrente”, afirma. 

Não abandone os remédios

Outro ponto destacado pelo especialista é que as pessoas não podem abandonar o tratamento medicamentoso durante as festas de fim de ano e que a bebida alcoólica altera o comportamento de quem faz uso de remédios. 

Os Caps (Centros de Atendimento Psicossocial) e unidades de saúde que funcionam 24 horas são habilitadas a fazer os primeiros atendimentos de pessoas em crise.