Prefeita sabia desde dezembro de déficit que levou a greve no HC, diz coordenador

O coordenador do Hospital do Câncer explicou que o custo mensal do hospital é de R$ 4,025 milhões, enquanto a receita soma R$ 3,250 milhões

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Coordenador está em reunião com a Sesau. (Foto: Madu Livramento/Midiamax)

Coordenador do Hospital de Câncer de Campo Grande, Hamilton Alvarenga, disse nesta sexta-feira (24) que a prefeita Adriane Lopes (Patriotas) sabia desde dezembro de 2022 do déficit financeiro que culminou na greve dos médicos na instituição.

De acordo com ele, em reunião no dia 16 de dezembro de 2022 foi apresentado à prefeita relatório orçamentário com déficit mensal de R$ 770 mil. A situação também tramita no Ministério Público Estadual desde novembro do ano passado.

O coordenador explicou que o custo mensal do hospital é de R$ 4,025 milhões, enquanto a receita soma R$ 3,250 milhões. A diferença é o que falta para arcar com os salários e direitos trabalhistas dos médicos.

“Em janeiro eu voltei a procurar a prefeita para falar sobre o assunto, mas não obtive retorno. Com isso, culminou na greve dos médicos”, explica Hamilton. O orçamento do hospital é hospital tripartite ou seja, 50% de recursos da União, 25% do Estado e 25% do município.

Secretária-adjunta da Sesau, Rosana Leite, informou que existe um prazo legal de 120 dias para informações do tipo. “O Hospital precisava ter nos informado com uma antecedência legal de seis meses, para que o município tivesse tempo de agir. O estudo que eles nos entregaram foi enviado para auditoria”, disse.

Hospital deixa de atender 60 novos pacientes por dia

Desde o início da greve na quarta-feira (22), estão suspensas as consultas de triagem de novos pacientes e as cirurgias eletivas. Com isso, o Hospital de Câncer de Campo Grande deixa de atender, em média, 60 novos pacientes por dia.

Continuam mantidos e estão sendo realizados os atendimentos de urgência e emergência no PAM (Pronto Atendimento do HCAA, 24H), as cirurgias de urgências, atendimentos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), além dos tratamentos nos setores de quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia de pacientes já em tratamento.

Os médicos anunciaram que só normalizarão os atendimentos quando houver resolutividade para esta questão e os recursos forem efetivamente liberados. Em dezembro, 422 funcionários e 75 médicos já tinham relatado falta de pagamento do 13º salário dos funcionários.

Reunião com a prefeitura

Acontece nesta tarde, na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), uma reunião sobre o Hospital do Câncer onde deverão ocorrer negociações sobre o tema. Os médicos anunciaram que só normalizarão os atendimentos quando houver resolutividade para esta questão e os recursos forem efetivamente liberados.

O HCAA é uma instituição filantrópica atendendo 99% dos pacientes oriundos do SUS com os tratamentos totalmente gratuitos aos usuários. Realiza 70% dos atendimentos oncológicos públicos de todo o Estado do Mato Grosso do Sul. Em 2022 foram realizados mais de 180 mil procedimentos (cirurgias, quimioterapias, radioterapias, consultas dentre outros atendimentos).

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