Passe de ônibus ou marmita? Campo-grandenses sugerem o que fazer com R$ 18 a mais no salário mínimo
Câmara dos Deputados aprovou MP que aumenta salário mínimo até o fim do ano para R$ 1.320,00
Thalya Godoy, Karina Campos –
A Câmara de Deputados aprovou, na última quarta-feira (24), a Medida Provisória nº 1.172/2023, que prevê reajuste do salário mínimo de R$ 1.302,00 para R$ 1.320,00, o que representa um ganho de R$ 18.
O reajuste está em vigor desde 1º de maio, mas precisava ser aprovado para não perder validade até o fim do ano. Em 2022, o salário mínimo era de R$ 1.212,00, com o reajuste para R$ 1.320,00, representando alta de 8,91%.
Com os R$ 18 garantidos, o que dá para comprar em Campo Grande com menos de R$ 20? O Midiamax foi às ruas ouvir a população e o que acham do valor.
A diarista Marina Rodrigues Corrêa, de 46 anos, afirma que não dá para fazer quase nada com R$ 18 e que tem que colocar na ponta do lápis para avaliar o que compensa ou não.
“Esse reajuste é praticamente pagar para trabalhar, não dá para fazer nada com R$ 18. É quase a passagem de ônibus, se for trazer outra pessoa para o centro não vai dar para ir e voltar”, ela calcula.
A conta de Marina está correta. A passagem do transporte coletivo em Campo Grande está em R$ 4,65, ou seja, quatro passes saem ao custo de R$ 18,60.
A tatuadora Sarah Bartiê, de 31 anos, diz que com R$ 18 mal consegue comprar uma marmita no centro da cidade.
“É pouco, mas faz uma diferencinha no final das contas. Dá para gastar pouco com a alimentação, mas se for para um lazer quase não dá para o passe de ônibus”, ela observa.
As colegas Eleonora Amanda Ferreira de Souza, de 22 anos, que trabalha como atendente de balcão, e Andreia Salazeira, de 40 anos, acharam baixo o valor do reajuste.
“Se for comprar dois salgados no centro já acabou o dinheiro”, disse Eleonora.
“Tudo está muito caro ultimamente, o salário mínimo que ganha só dá para se viver, não é uma grande mudança”, opinou Andreia.
O motoentregador Alceu Rodrigues, de 37 anos, afirmou que o aumento será pouco significativo e é difícil pensar em fazer com R$ 18 a mais no salário.
“Pode ser que faça diferença nas corridas, mas também não é tão significativo. Poderia ser uma mudança mais considerável”, ele aponta.
Já a autônoma Aline da Silva, de 38 anos, disse que mal dá para se viver com o salário mínimo e muito menos pensar em lazer.
“A gente tira da mistura para comprar verdura e tira da verdura para comprar carne”, ela lamenta.
Isenção do Imposto de Renda
O texto da Medida Provisória aprovada na Câmara de Deputados também amplia a faixa de isenção do imposto de renda, que sobe de R$ 1.903 para R$ 2.640,00, ou seja, para dois salários mínimos.
Além disso, também trata de uma política de valorização do salário mínimo a partir de 2024, considerando indicativos da inflação e do PIB (Produto Interno Bruto).
A MP foi aprovada na Câmara dos Deputados por 439 votos a favor e 1 contra, do deputado Luiz Lima (PL-RJ). Ele afirmou que votou contra por engano. A matéria agora segue para apreciação no Senado Federal.
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