Pais recorrem à família e até ao patrão para cuidar dos filhos durante férias nas creches

Em Campo Grande, o recesso escolar iniciou nesta segunda-feira (17), e segue até o dia 31 de julho

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Emei Eleodes Estevan
Emei Eleodes Estevan (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

As férias escolares são um dos períodos mais aguardados pelos estudantes. É nesse tempo que as rotinas de estudos e as obrigações com a escola ficam para trás. Contudo, para os pais que não têm com quem deixar os filhos durante o trabalho esse período vem acompanhado de insegurança.

Em Campo Grande, o recesso escolar da Reme (Rede Municipal de Ensino) inicia nesta segunda-feira (17), e segue até o dia 31 de julho.

Na Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Eleodes Estevan, localizada na Avenida Afonso Pena, que atende crianças de quatro meses a cinco anos, pais relatam como terão que “se virar” para cuidar dos filhos, da casa e do trabalho durante duas semanas.

Natália Cardoso, 32 anos, é fisioterapeuta e tem uma filha de três anos. Sem condições de pagar por uma colônia de férias, a única alternativa foi recorrer ao auxílio da mãe, que mora em outra cidade, mas virá para Campo Grande durante as férias da neta.

“Serão duas semanas de férias e nesse tempo minha mãe que mora em Corumbá vem para cá me auxiliar. Como eu trabalho em tempo integral, não teria outra alternativa, não tenho condições de colocar minha filha em uma colônia de férias e essa foi a única solução”, conta.

Primeira opção de todos os pais, a avó Marina Oliveira, 52 anos, já sabe que é ela quem vai ter que cuidar do neto de três anos no período de férias.

“Geralmente eu só busco ele na escola porque eu também trabalho, mas nas férias ele vai ficar comigo. Os pais dele trabalham o dia todo, então sobra para avó, mas eu até prefiro, ele é meu único neto”, conta.

Férias escolares
Férias escolares iniciam nesta segunda-feira (17) (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

Para alguns pais, a melhor alternativa é fazer um planejamento antecipado para conseguir alinhar a agenda de trabalho com as férias dos pequenos.

William Souza, 37 anos, é servidor público e pai do Vinícius de quatro anos. Ele conta que todos os anos se programa junto com a esposa para que as férias escolares coincidam com o período de férias do casal.

“Minha esposa vai estar de férias junto com ele, todos os anos a gente se programa para conseguir alinhar as datas e não ter problemas”, explicou.

Mesmo trabalhando como autônoma na área da beleza, Gabriela Azuaga, 21, destaca que terá que readaptar todo seu horário de trabalho durante as férias dos seus dois filhos.

“Vou ter que me dividir entre deixar com os avós e com meu marido. Em alguns dias eu terei que ficar com eles, levar para o trabalho e assim vou dando um jeito. Também nos programamos para viajar na metade das férias para aproveitar esse tempo”, relatou.

Durante as férias, é comum que escolas e instituições de ensino públicas e privadas promovam ‘colônias de férias’ e atividades voltadas a famílias que não têm com quem deixar os filhos.

Questionada sobre a possibilidade, a Semed (Secretaria Municipal de Saúde) não esclareceu se iniciativa está nos planos da secretaria e reforçou que o recesso escolar segue a legislação.

“O recesso escolar referente à segunda quinzena do mês de julho faz parte do cronograma da Rede Municipal de Ensino, sendo plenamente legal sua instituição e realização. O período não interfere nos 200 dias letivos previstos no calendário escolar”, destaca a nota.

Emei Eleodes Estevan
William Souza se programou com antecedência para curtir as férias do filho (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

Mães solo são as mais impactadas durante as férias escolares

Em todos os relatos, o auxílio de uma rede de apoio foi fundamental para que os pais conseguissem conciliar o trabalho com o cuidado dos filhos. Contudo, essa realidade ainda é distante para milhares de mães brasileiras. Sem ter com quem deixar os filhos, muitas mães sem rede de apoio abandonaram os empregos ou recorrem a condições precárias em troca de um trabalho “flexível”.

Entre os anos de 2012 e 2022, o número de domicílios com mães solo, ou seja, sem cônjuge e com praticamente nenhuma rede de apoio, cresceu 17,8%, passando de 9,6 milhões para 11,3 milhões em todo o Brasil.

Em Mato Grosso do Sul, a proporção de domicílios chefiados por mães solo alcançou a marca de 13,7% em 2022, um incremento de 0,1 ponto percentual em 10 anos. Isso coloca o Estado na segunda colocação no ranking da região Centro-Oeste, empatado com Goiás e a frente do Distrito Federal (15,6%).

Conforme a pesquisa do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getúlio Vargas), em dez anos, houve um incremento de 1,7 milhão de mães solo no país. Os dados mostram ainda que 90% das mulheres que se tornaram mães solo são negras e cerca de 15% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres sem rede de apoio.

As mães solo enfrentam desafios ainda maiores para se inserirem ou manterem no mercado de trabalho. Segundo a pesquisa, em grande parte dos casos, a falta de outras pessoas para compartilhar despesas financeiras do lar ou de uma rede de apoio impossibilitam que a mulher consiga conciliar maternidade, estudo e trabalho.

De acordo com os dados, de todas as mães solo entre 15 e 60 anos, 29,4% estão fora da força, 7,2% estão desempregadas e 63,3% estão ocupadas. Quando analisamos mães solo com filhos de até cinco anos, as chances de elas estarem fora da força aumenta para 32,4% e de estar desempregada sobe para 10%.

Em um recorte de raça os indicadores são ainda piores, todas as mães solo negras com filhos pequenos, 34,6% estão fora da força de trabalho e 11,6% estão desempregadas. 

Opções de lazer gratuitas durante as férias

MARCO realiza oficinas de férias para crianças e adolescentes em julho. (Foto: Divulgação)

Para os pais que não possuem condições financeiras de colocar os filhos em uma colônia de férias, o Jornal Midiamax reuniu algumas sugestões gratuitas para o período de recesso escolar, confira:

O Marco (Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul) irá promover duas oficinas gratuitas de Colagem e Gravura para crianças e adolescentes. Em cada data, serão disponibilizadas duas turmas, com 10 vagas cada uma. Poderão participar crianças entre oito e 12 anos.

A oficina de Técnicas de Colagem acontece nos dias 25 e 26 de julho. Em ambas as datas, haverá duas turmas: a primeira acontece de 9h às 11h, e a segunda de 15h às 17h. Já a oficina de Técnicas de Gravuras, acontece nos dias 27 e 28 de julho, também com duas turmas, nos mesmos horários.

Para inscrições e mais informações, entrar em contato pelo número (67) 3326-7449, das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira.

Ótima opção de passeio ao ar livre, o horto florestal conta com a Biblioteca Pública Municipal Ana Luiza Prado Bastos, com sessão de livros infantis e infantojuvenis. A entrada é gratuita e o horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 6h às 18h.

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