Divulgado na última sexta-feira (11), o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) vai destinar R$ 1,7 trilhão a todos os Estados do Brasil, que farão repasses aos municípios. Mato Grosso do Sul deve receber em torno de R$ 44,7 bilhões. Em Campo Grande, investimentos serão revertidos para a realização e conclusão de 14 obras, entre elas a finalização do CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados) do Parque do Sol. Embargado há anos, local já virou “elefante branco” na região e preserva a expectativa da comunidade por um espaço comunitário de lazer.
Não é por poucos motivos que o local se tornou uma “grande novela” na região. As obras do centro esportivo, localizado na Rua Cenira Soares Magalhães, começaram em 2011, na época a prefeitura estava sob a gestão de Nelson Trad Filho. Apesar dos trabalhos terem começado, eles nunca foram de fato finalizados e a própria empresa responsável pela construção chegou a desistir do projeto.
Isso porque as obras foram interrompidas pela primeira vez em 2016 e retornaram em 2018. O “vai e vem” resultou num investimento de R$ 4,5 milhões, sendo R$ 2,1 milhões para o início do projeto e mais R$ 2,4 milhões para a sua conclusão em 2018, meta também não atingida pela gestão municipal.
Projeto
A Praça de Esporte e Cultura do Parque do Sol tem 7 mil metros quadrados, com pista de skate, pista de caminhada, quadra de vôlei de areia, campo de futebol society, quadra poliesportiva coberta, pista para salto e academia para terceira idade, além de equipamentos para malhação, com vestiário masculino e feminino.
O projeto também conta com anfiteatro, sala de cinema e um local fechado para convivência, com equipamentos de informática e salas de ginástica. Em pleno 2023, moradores só conseguem vislumbrar o centro esportivo no imaginário e por trás das grades. Até então, a conclusão do projeto era um assunto incerto e tinha a previsão de inauguração no início desse ano, algo que também não aconteceu especialmente porque a empresa responsável pela construção desistiu da obra e atrasou o cronograma.
Assim, o dinheiro proveniente do Novo PAC será usado para finalizar e entregar o local à população, conforme alega a prefeitura.
Empresa desistiu da obra
A possível entrega do Centro de Artes e Esportes Unificados do Parque do Sol em janeiro de 2023 já era um “efeito colateral” do atraso das obras depois que a empresa responsável pela construção desistiu da licitação.
O Jornal Midiamax chegou a questionar a prefeitura sobre essa questão em outubro de 2022. Na época, o município informou que a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) estava em fase de conclusão do complexo e que ainda seriam necessários alguns ajustes na parte elétrica, no forro do anfiteatro e na pintura de alguns locais.
A prefeitura também informou na época que uma parte do prédio seria administrada pela Secretaria Municipal de Assistência Social, que estudava transferir o CRAS (Centro de Assistência Social) da região para o novo espaço com objetivo de facilitar a acessibilidade das famílias.
“A Secretaria reitera que a obra foi iniciada em gestões passadas, mas a atual administração busca realizar os ajustes necessários para conclusão da mesma. A empresa vencedora da licitação desistiu da conclusão e agora equipes da Sisep realizam as finalizações para entrega em janeiro de 2023. Os equipamentos que serão instalados no local, como por exemplo poltronas e equipamentos cênicos, já estão sendo entregues à Sisep”, disse em nota enviada na época.
Centro esportivo virou elefante branco
Entra gestão, sai gestão e o centro esportivo segue parado durante todo esse tempo. Moradores do bairros já chegaram a reclamar da situação à reportagem, alegando que o local, que poderia ser muito usufruído pela comunidade, acabou se tornando um “elefante branco” no Parque do Sol.
Professor de artes marciais, Antoniano Bernardes da Silva, de 41 anos, disse que até a placa que continha as informações da obra, com os valores dos investimentos, chegou a ser retirada.
“Ficaram até com vergonha do tanto que já gastaram com isso aqui. Já foi reformada, mas o prefeito não terminou para inaugurar. É um elefante branco”, afirmou ele na época.
Moradora do bairro há mais de 20 anos, Joana Talavera acompanha a novela da obra há cerca de 10 anos. “Eles limpam, trocaram o vidro, mas não terminam. A gente fica isolado aqui no Parque do Sol, não temos um lazer, somos esquecidos. Aí todo ano é promessa e nunca cumprem”, disse a moradora.
Enquanto isso, Sebastião Jair, de 71 anos, se recorda que há quatro anos o complexo recebeu uma manutenção, chegando a animar os moradores sobre a inauguração. “Na última vez passaram tinta no prédio e nunca mais voltaram. Aí está aí essa obra”, disse.
Por ora, o Centro de Artes e Esportes Unificados segue inacabado, mas a prefeitura afirmou que parte do Novo PAC será utilizado para sua conclusão. O Jornal Midiamax chegou a encontrar o secretário Domingos Sahib Neto, titular da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) durante evento na prefeitura na manhã desta segunda-feira (14) e questionou sobre os investimentos do Novo PAC na obra. Porém, não há mais detalhes por enquanto.
Em nota, a prefeitura informou que as obras de construção do complexo no Parque do Sol foram interrompidas em 2018, após rescisão contratual com a empresa que fazia os trabalhos. “Até então foram feitos a biblioteca, salas de múltiplo uso, sala de espetáculo, pista de skate e quadra esportiva”.
Além disso, informou que nova licitação será aberta. “Com orçamento de R$ 1.081.130,77, a Prefeitura vai licitar a nova empresa para finalizar a obra, prevista para concluir ainda em 2023. Depois de licitada a obra, os trabalhos devem durar cerca de 90 dias e serão feitos a pintura, instalação elétrica e hidráulica e acabamentos necessários ao funcionamento do espaço”, pontuou.
