Pular para o conteúdo
Cotidiano

Proibidas, galinhas viram aliadas dos moradores na guerra contra escorpiões em Campo Grande

Criação irregular por trazer outros problemas como proliferação de doenças, alertam especialistas
Fábio Oruê, Monique Faria -
escorpião
Galinhas (Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Desde 2009, proíbe a criação de galinhas em área urbana. Ainda assim, moradores criam a ave para conter escorpião, já que, sazonalmente, aumentam os acidentes com o animal nas residências – sobretudo nas épocas de calor.

Entretanto, criar as galinhas pode ser uma mesma balança com dois pesos. Enquanto a proibição aconteceu por conta dos vetores transmitidos pelas fezes da aves, a criação das mesmas resiste para ir contra a proliferação dos insetos.

Aposentado de 67 anos conta ao Jornal Midiamax que mora em um grande terreno em Campo Grande há 57 anos. Segundo o relato, depois que o pai faleceu, o mato tomou conta e o aparecimento de cobras e escorpiões foi inevitável.

escorpião
Criação de galinhas (Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Foi então que ele decidiu por começar a criação de galinhas. “Eu vivia pagando pra mandar limpar. E aí era cobra; era escopião. Era tudo, mas aqui não existe mais isso. Limpou o terreno”, garante à reportagem.

Hoje, o aposentado até perde as contas de quantos exemplares têm, entre galinhas, frangos e pintinhos. Confiante, ele diz que são em torno de 20, mas o que a reportagem encontrou por lá deve ultrapassar esse número.

“Eu cuido mais por hobby. Eu gosto. Já encrencaram comigo umas quantas vezes. Já me denunciam, mas nunca deu nada”, conta ele, que garante que compra remédios para cuidar sanitariamente das aves. Entretanto, mais que uma segurança contra escorpiões, as galinhas viraram uma renda extra para o aposentado, que as vende.

escorpião
Galinha (Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Venda proibida

Na mesma leva de proibir a criação de galinhas, a Prefeitura de Campo Grande também vetou a venda desses animais adultos. Apenas o comércio de pintinhos é permitido.

Mesmo assim, a população compra os filhotinhos para crescerem e atuem eliminando os escorpiões. “Escorpião, lacraia, qualquer tipo de inseto rasteiro a ave a tende a capturar, então tem bastante procura”, explica o empresário Leandro Passos, que tem um empreendimento voltado para o mundo animal.

Segundo ele, o pintinho demora até 5 meses para chegar a fase adulta. “Pro comércio, hoje, na região urbana, é bem restrito porque não pode criar aves soltas dentro da residência. Mesmo assim, o pessoal compra para ajudar no controle de pragas”, conta.

“Tem bastante procura, mas a gente deixa bem claro que tem a lei sanitária e que não pode criar na área urbana”, completa.

escorpião
Apenas filhotes são vendidos (Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Comportamentos distintos

Apesar do exemplo prático e da tradição, a galinha e o escorpião possuem hábitos distintos, que invalidariam a máxima de criar a ave para acabar com o inseto, conforme o biólogo e integrante do Ciatox-MS (Centro de Informação e Assistência Toxicológica), Isaias Celestino Pinheiro.

“Galinha tem hábito diurno e o escorpião tem hábito noturno. Quando a galinha está caçando, o escorpião está escondido embaixo de um tijolo, coisa que a galinha não vai conseguir mover. E à noite, quando a galinha, 17h30, põe a toquinha e vai para o berço, é que o escorpião tá saindo para farra. Então, eles não se encontram dentro dos seus aspectos biológicos”, explica.

“Em um sítio, funciona bem. Ela vai comer os escorpiões que estão embaixo de folhas. Em zona rural funciona. Na zona urbana, não funciona, porque os escorpiões vivem em rede de e a galinha não tem acesso”, ressalta o especialista.

escorpião
Escorpião (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

Conforme o biólogo, não é mito que as galinhas fazem esse controle dos escorpiões, já que as aves são os predadores naturais deles, mas a criação para esse fim na cidade é inviável.

Leishmaniose

Isaias diz que na zona urbana, por causa da densidade populacional e a presença de cachorros em convívios humanos, as fezes das galinhas acabam atraindo Lutezomia longipalpes. “É um mosquitinho, que é o transmissor da leishmania braziliensis, que causa leishmaniose. Então é uma norma da vigilância sanitária a proibição de criação de galinhas na área urbana”, releva.

*Colaborou Clayton Neves

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Durante chuva forte em Campo Grande, asfalto cede e abre ‘cratera’ na Avenida Mato Grosso

Bebê que teve 90% do corpo queimado após chapa de bife explodir morre na Santa Casa

Com alerta em todo o Estado, chuva forte atinge Campo Grande e deixa ruas alagadas

Tatuador que ficou cego após ser atingido por soda cáustica é preso por violência doméstica

Notícias mais lidas agora

Menino de 4 anos morre após tomar remédio controlado do pai em Campo Grande

Pedágios

Pedágio em rodovias da região leste de MS fica 4,83% mais caro a partir do dia 11 de fevereiro

Vítimas temem suposta pressão para abafar denúncias contra ‘fotógrafo de ricos’ em Campo Grande

Morto por engano: Trabalhador de usina foi executado a tiros no lugar do filho em MS

Últimas Notícias

Política

‘CPI do Consórcio Guaicurus’ chega a 10 assinaturas e já pode tramitar na Câmara

Presidente da Câmara, Papy (PSDB) não assinou pedido da CPI após defender mais dinheiro público para empresas de ônibus em Campo Grande

Cotidiano

Decisão de Trump de taxar aço pode afetar exportação de US$ 123 milhões de MS

Só em 2024, Mato Grosso do Sul exportou 123 milhões de dólares em ferro fundido para os EUA

Transparência

MPMS autoriza que ação contra ex-PGJ por atuação em concurso vá ao STJ

Ação pode anular etapa de concurso por participação inconstitucional de Magno

Política

Catan nega preconceito após Kemp pedir respeito à professora trans

Fantasia de ‘Barbie’ da professora não foi considerada exagerada por outros deputados