O Hotel Campo Grande fechou as portas em 2001, cinco anos após o falecimento do proprietário e produtor rural José Cândido de Paula, em fevereiro de 1996. A obra assinada pelo escritório dos arquitetos paulistas Alberto Botti e Marc Rubin tornou-se no primeiro grande hotel da Capital, inaugurado em 1971.

O imóvel que hospedou celebridades e figuras importantes compõe o espólio de José Cândido de Paula há 27 anos, que pode ver o fim do imbróglio em breve. O empresário Wagner Marcelo Monteiro Borges manifestou interesse em adquirir o prédio de 13 andares pelo valor de R$ 15 milhões. 

Assim, o interessado assinou com os herdeiros, em dezembro do ano passado, um contrato de compra e venda do Hotel Campo Grande e de um terreno de 480 m² contíguo ao Edifício.

Parte do dinheiro será usado para pagamento de dívidas. Só de tributos municipais do Hotel Campo Grande são R$ 3,1 milhões e de tributos federais mais R$ 6 milhões, totalizando R$ 9,1 milhões. Já a corretagem da venda do Hotel Campo Grande, de 5%, equivale a R$ 750 mil.

Impasse no contrato

Porém, o futuro do contrato segue em um impasse, pois a justiça determinou que os R$ 15 milhões sejam depositados integralmente em juízo, como é feito em casos semelhantes. 

Contudo, o comprador questiona a decisão já que os herdeiros têm feito a quitação gradual da dívida à União e pediram baixa dos débitos municipais prescritos para que sejam pagos em um segundo momento. 

“Note-se que a PGE [Procuradoria-Geral do Estado] já foi ouvida a respeito e se mostrou ‘favorável ao pedido de alvará judicial para que o espólio seja autorizado a registrar hipoteca que recairá sobre bem imóvel […]’”, expõe. 

Além disso, também é dito que há obrigações de pagamento com a corretagem e com o escritório de advocacia contratado pelo espólio para assessorar a conclusão da transação tributária federal, que fará jus a uma parte das reduções. 

Um dos outros argumentos é que, depois de quitar a dívida do espólio, o valor remanescente será depositado em juízo para deliberação dos herdeiros. 

Por fim, também é colocado que o depósito integral dos R$ 15 milhões em juízo inviabiliza o negócio por completo e a quitação integral das dívidas. 

“Portanto, ante a discordância das partes, aliada ao desinteresse mútuo na continuidade do negócio se para a sua concretude a condição for o depósito em juízo, requer-se a autorização judicial para que produza seus efeitos, através dos alvarás já requeridos”, finaliza a manifestação de 4 de maio.

A situação aguarda a decisão da justiça, que pode dar um destino para o imóvel fechado há 22 anos, ou manter as portas do Hotel Campo Grande fechadas por mais tempo.