Moradores de Campo Grande que precisaram de atendimentos nos postos de saúde nesta terça-feira (28) se depararam com um cenário bem diferente do dia anterior, quando profissionais de enfermagem da rede pública estavam em greve. Após TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) barrar paralisação, profissionais voltaram aos atendimentos na Capital.

O Jornal Midiamax percorreu UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e UBSs (Unidades Básicas de Saúde) na manhã desta terça e percebeu que atendimentos voltaram à normalidade.

Conforme a gerência da UPA Leblon, na Rua Benjamin Adese, trabalho no local segue o habitual porque a maioria dos enfermeiros e técnicos de enfermagem voltaram à função após decisão da Justiça.

A professora Tânia Regina, de 50 anos, aguardava atendimento para o enteado, que está com problema urinário, no local. Ela contou que tentou atendimento no último sábado, domingo e hoje. Com UPA lotada, ela aguarda encaminhamento porque menino precisará operar.

Outra jovem, que preferiu não se identificar, disse há dias está com vômitos e desconfortos no estômago. Ela tentou atendimento na segunda-feira (27), das 7h às 11h, mas foi embora sem conseguir atendimento devido à greve. A menina voltou à UPA Leblon hoje pela manhã e passou pela triagem em 30 minutos. Assim, aguarda atendimento médico.

Vacinação segue na UBS Dona Neta

A UBS Dona Neta, na região do Anhanduizinho, é um dos pontos onde se realiza vacinação contra Covid-19. Conforme a gerência, vacinação voltou ao normal após fim da paralisação. Além disso, reforçou que os médicos continuaram o atendimento desde ontem, portanto, população agendada não sofreu prejuízos.

Maria Irene Menezes esteve no local e conversou com a equipe de reportagem. Conforme a mulher, este foi o 5º posto de saúde onde compareceu para tentar medicamento e irá para o CEM (Central de Medicamentos) tentar encontrar o remédio.

Cenário parecido foi encontrado na UBS Iracy Coelho, onde profissionais de enfermagem também interromperam a greve.

Cléia Regina da Veiga Prado, trabalhadora do lar de 48 anos, afirma que tentou atendimento médico para a neta de 2 anos na UPA Aero Rancho por volta de 1h da manhã, mas alega que não foi bem atendida. Ela voltou para casa e buscou auxílio na UBS Iracy Coelho nesta manhã.

“Viemos aqui tentar novo atendimento. Estou aqui há uma hora e já passei pela triagem”, afirma.

TJMS barra greve da enfermagem

O TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) decidiu pelo fim da greve da enfermagem em Campo Grande, com pena diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento por parte do sindicato e profissionais. A decisão foi publicada no fim da tarde de segunda-feira (27).

Vale lembrar que a Prefeitura de Campo Grande pediu multa diária de R$ 200 mil caso o movimento grevista não fosse encerrado.

A decisão é do desembargador Paschoal Carmello Leandro. Na decisão, Paschoal Carmello afirma que “que o movimento grevista deflagrado não atendeu as exigências dos requisitos legais, vislumbrando-se plausibilidade na pretendida interrupção da greve definida pelo requerido”.

O desembargador afirmou que a paralisação dos serviços de atendimento da população “acarreta prejuízos irreparáveis ou de difícil reparação na medida em que coloca em risco a saúde daqueles que eventualmente necessitarem de assistência”.

Carmello também avaliou que é “dever dos profissionais da categoria dedicarem da melhor forma seus conhecimentos e habilidades para garantia do direito à saúde”.

Por fim, o desembargador determinou a “imediata suspensão do movimento grevista perpetrado pelo Sinte-CG (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em do Município de Campo Grande), sem prejuízo do não pagamento aos servidores dos dias de paralisação dos serviços”.

Greve da enfermagem

Técnicos de enfermagem e enfermeiros da prefeitura de Campo Grande entraram em greve na segunda-feira (27). A categoria pedia para a administração municipal negociação com adicional de insalubridade, enquadramento no Plano de Cargos e Carreira da categoria e implementação do piso nacional.

A deflagração do movimento grevista foi definida em assembleia da última quinta-feira (23). Os trabalhadores decidiram aguardar as 72 horas estabelecidas em lei para iniciar a paralisação dos atendimentos nas unidades de saúde de Campo Grande.

Os enfermeiros que atuam nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e outras unidades de saúde geridas pela prefeitura aderiram à paralisação. No entanto, profissionais voltam aos atendimentos após intervenção do TJMS. Além disso, as faixas de protesto foram retiradas das unidades de saúde.