Campo Grande completa 124 anos neste sábado, dia 26 de agosto. Ao longo desses anos, milhares de pessoas nasceram e morreram, enquanto o ciclo da vida seguiu seu curso natural. Um levantamento do Jornal Midiamax mostra que em 2022, para cada vida que se encerrou, duas novas surgiram na Capital, que hoje concentra 897.938 mil habitantes.

Sob uma perspectiva mais analítica, os dados revelam que durante o período de janeiro a dezembro do ano anterior, ocorreram 7.043 óbitos, em contrapartida, foram registrados 13.799 nascimentos, o que corresponde a uma média de dois nascimentos para cada falecimento, conforme dados da Arpen-MS (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais de Mato Grosso do Sul).

Avô e neto (Henrique Arakaki, Midiamax)

Pontes entre o passado e o presente, os idosos correspondem ao maior número de vítimas em 2022. Com 7.043 registros de óbitos no ano anterior, a cidade experimentou o segundo maior pico de mortes dos últimos quatro anos, ficando atrás somente de 2021, ano de pandemia da Covid-19, quando foram contabilizadas 9.148 mortes.

Se considerarmos o período entre 2019 e 2022, o número de óbitos apresentou um crescimento gradual. Neste ano, até agosto de 2023, foram registradas 4.168 mortes.

Gráfico
(Lethycia Anjos, Midiamax)

Mas afinal, qual foi a principal causa de mortalidade da população de Campo Grande no último ano? Entre acidentes, doenças, mortes violentas e óbitos evitáveis, mais de 7 mil vidas se extinguiram, levando consigo memórias únicas da cidade morena.

Qual doença mais matou os campo-grandenses?

Ao contrário do que muitos supõem, a Covid-19 não foi a principal causa de mortes por doença em 2022. No ano passado, a pneumonia foi a doença que mais vitimou os habitantes de Campo Grande, causando 1.597 mortes.

Na sequência aparecem a sepse generalizada (898), infarto (713) e AVC (Acidente Vascular Cerebral) (556). A Covid-19 ocupou o sexto lugar na lista das principais causas de morte em 2022, totalizando 427 óbitos.

Gráfico
(Lethycia Anjos, Midiamax)

Índices de violência cresceram em Campo Grande

Em 2022, o Sistema Sigo Estatísticas, da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), registrou 770 mortes em Campo Grande. Os dados indicam que a principal causa de mortes violentas foi o homicídio doloso, responsável por 148 óbitos.

Na sequência, destacam-se as mortes no trânsito; ao longo de todo o ano de 2022, foram contabilizadas 55 mortes decorrentes de acidentes de trânsito na Capital. Esse número representa uma redução de 21% em comparação com o ano anterior, quando foram registradas 70 mortes no trânsito.

Neste ano, os números voltaram a subir, até agosto de 2023, as mortes no trânsito correspondem a aproximadamente 87,27% do total de mortes ocorridas durante todo o ano passado.

As mortes a esclarecer, ou seja, quando não há indícios de crime, correspondem ao maior percentual de óbitos, com 455 registros.

Gráfico
(Lethycia Anjos, Midiamax)

Violência contra a mulher ainda é cotidiana

Como reflexo de uma sociedade patriarcal que, mesmo após 124 anos, ainda subestima o papel das mulheres, os crimes de feminicídio representaram 12 mortes do total de vítimas registrado ano passado. Igualando-se ao ano de 2020, 2022 registrou o maior número de mortes por questões de gênero nos últimos dez anos.

Além disso, 2022 foi o ano mais violento para as mulheres nos últimos quatro anos. Durante todo o ano, foram registrados 7.584 casos de violência doméstica em Campo Grande, um aumento de 605 casos em relação ao total registrado em 2021 (6.979).

(Foto: Nathalia Alcântara – Jornal Midiamax)

Nascimentos superam o número de mortes

Apesar das despedidas, a cidade também celebrou novos começos. Com 181 Migueis e 172 Helenas, Campo Grande registrou um total de 13.799 nascimentos em 2022. Embora seja um número significativo, houve uma diminuição em relação aos anos anteriores.

Dentre as novas mães, 1.337 tinham entre 12 e 16 anos, ou seja, se tornaram mães ainda na adolescência. Os dados mostram ainda que 1.468 bebês nasceram prematuros, antes de completarem 37 semanas.

Gráfico
(Lethycia Anjos, Midiamax)

Além de Miguel e Helena, os nomes Alice, Gael, Arthur e Maria Alice estão entre os mais escolhidos pelos campo-grandenses.

Enquanto as páginas viram e os relógios continuam a marcar, o perfil etário da população experimenta uma metamorfose. Dados da pirâmide etária do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontam que a maioria da população campo-grandense tem entre 15 e 39 anos.

Contramão da média nacional

Foto: Ilustrativa

Assim como Mato Grosso do Sul, Campo Grande se revela como um contraponto à tendência de um país onde as despedidas superam as chegadas. Nos últimos anos, o Brasil registrou mais óbitos do que nascimentos, conforme indicam as Estatísticas do Registro Civil de 2021 divulgadas pelo IBGE.

Conforme a análise nacional, o número de óbitos no Brasil aumentou em 18% (+273 mil mortes) durante 2021, totalizando cerca de 1,8 milhão. Isso representa um novo recorde na série histórica, registrando a maior quantidade absoluta e a maior variação percentual em comparação com o ano anterior desde 1974.

Por outro lado, a quantidade de nascimentos diminuiu 1,6%. Com uma redução de aproximadamente 43 mil bebês no ano, o total de nascimentos se aproximou dos 2,6 milhões, marcando o nível mais baixo da série histórica. Essa análise abrange os dados a partir de 2003, quando houve uma alteração metodológica na pesquisa.

Na contramão da média nacional, nos últimos quatro anos o número de nascimentos superaram o número de mortes em Campo Grande.

Gráfico
(Lethycia Anjos, Midiamax)

Campo Grande, em sua trajetória recente, pinta um quadro de vida que supera a sombra da morte. No meio desse desenrolar, a cidade permanece uma peça única no mosaico do país, onde as histórias de chegada continuam a colorir o retrato da cidade.