Mantida em um dos hangares de , a aeronave Cessna 210N Centurion possui longa trajetória. Original dos Estados Unidos, era usada por policiais para patrulhas do FBI – a Polícia Federal americana – sendo depois vendida pelo governo para um empresário local. Mas, como o veículo veio parar no Brasil e já possui 150 horas de voo, combatendo crimes em Mato Grosso do Sul?

Do FBI, após cerca de uma década de uso, foi adquirido por um empresário americano e, em seguida, vendido para um brasileiro, que foi pessoalmente buscá-lo e a “nacionalizou” na capital sul-mato-grossense, conforme explicou ao Jornal Midiamax o Dracco (Departamento de Repressão à e ao Crime Organizado).

Aeronave era do FBI. (Polícia Civil/Divulgação)
Aeronave era do FBI. (Polícia Civil/Divulgação)

O monomotor parou em Boa Vista (RR) e o translado ocorreu até o Aeroporto Santa Maria, no ano de 2019.

No entanto, anos depois, foi parar na mão de narcotraficantes, atuando nos tráficos nacional e internacional.

E durante ação conjunta, da PF (Polícia Federal) e do Dracco, dois anos depois, a Cessna 210N foi apreendida no mesmo aeroporto.

Nesta época, o veículo já havia sido vendido do empresário brasileiro para um narcotraficante, que o comprou de maneira legal. “Não foi encontrada nenhuma irregularidade na compra”, ressaltou a delegada.

Já em poder da polícia, a aeronave participou de várias operações e ajudou a encontrar outras aeronaves, com ilícitos, no Pantanal. “Estava abarrotada de drogas e traficantes tentavam escondê-la na região”, comentou Medina.

Houve a reforma e a aeronave é usada pela corporação desde 2022. Ainda assim, a polícia tenta entender todo o trajeto e como foi parar na mão de criminosos.

Avião estava com traficantes, pintado com bandeiras bolivianas

Aeronave no momento em que foi encontrada no Pantanal de MS. (Polícia Civil/Divulgação)
Aeronave no momento em que foi encontrada no Pantanal de MS. (Polícia Civil/Divulgação)

Neste mesmo ano, com retirada feita via terrestre, foi transportada para um hangar em Mato Grosso do Sul e ainda ajudou na recuperação de mais um avião, este pintado com bandeiras bolivianas e que também pertencia a criminosos.

No aeroporto Santa Maria, fez o primeiro pouso em solo sul-mato-grossense, ganhando nova pasta de documentação, pintura e matrícula. Já o número de série, que é o do FBI, “datado de 2010”, permanece.

“Na pasta do avião, desde que apreendido, está os documentos originais da aeronave, que veio dos EUA e estava com o FBI. Na documentação inclusive consta até peças instaladas e manutenções feitas pelo FBI, além dos documentos de transição de propriedade. Aqui foi nacionalizado e possui a mesma matrícula até os dias de hoje”, ressaltou a delegada Ana Cláudia Medina, titular do Dracco.

Quando localizado no Pantanal, o monomotor estava perto de um depósito de combustível, que reabastece aeronaves que pousavam em uma fazenda pantaneira. O endereço, ainda de acordo com a polícia, era de 120 km da linha da fronteira com a Bolívia/Brasil.

Com a investigação, o Dracco apontou que a aeronave havia pousado em uma área inóspita do Pantanal e teria descarregado grande quantidade de cocaína, que seguiu adiante com apoio de narcotraficantes por via terrestre.

Em poder da polícia, a aeronave já foi usada para atendimento de locais de sinistros aéreos, levantamento e acompanhamento das cargas apreendidas de cocaína, entre outras missões aéreas envolvendo o combate ao crime organizado, à corrupção e a delitos diversos envolvendo modal aéreo.

Aeronave participou de operação em Goiás contra o tráfico

Aeronave participou de ação contra o tráfico. (Polícia Civil/Divulgação)
Aeronave participou de ação contra o tráfico. (Polícia Civil/Divulgação)

Em junho deste ano, a Polícia Civil apreendeu nove aviões que seriam usados no transporte de droga, cumprindo mandados em Goiânia, Aparecida, Catalão e Itumbiara. A ação ocorreu contra o tráfico interestadual e internacional de drogas. Ao mesmo tempo, mandados de busca e operação foram cumpridos em outros 23 alvos.

A Operação Fim da Linha contou com apoio da aeronave do Dracco, que levou a delegada e técnicos especializados em avaliar se a organização fez alterações nas peças de aeronaves.

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