De ruas intransitáveis a terrenos baldios, Jardim Columbia ficou esquecido: ‘30 anos e nada mudou’
O bairro, que fica na região do Segredo, tem 5 mil moradores que sonham com melhorias
Mariane Chianezi –
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Nos bairros mais isolados de Campo Grande, o dia a dia não é nada fácil. Se deslocar para as regiões centralizadas da cidade, conviver com a falta de infraestrutura e descaso quando falamos em transporte público. ‘Vizinho’ da BR-163, o Jardim Columbia fica na região do Segredo e distante aproximadamente 14 km do Centro de Campo Grande. Antes mesmo da entrada da cidade, o bairro já recepciona quem chega à Capital. Afastado, os moradores reclamam da falta de atenção do poder público com a região que, mesmo por ser isolada, não seria motivo para abandono.
Com aproximadamente 5 mil moradores, segundo dados do censo do IBGE de 2010, o bairro já foi notícia no Midiamax por diversas vezes. Seja pela violência – bairro teve feminicídio há menos de um mês – ou pela qualidade das ruas. Os moradores já entraram em contato com o Midiamax diversas vezes denunciando a situação das ruas.
‘Intransitáveis’: moradores chegaram a definir as vias do bairro como impossíveis de acessar após as chuvas. Buracos, crateras e até calçada arrastada pela chuva foram apenas algumas das reclamações dos moradores, que pedem por solução não é de hoje.
Nova Lima é escape
Quem mora no Jardim Columbia tem acesso a uma escola municipal, EM Irmã Edith Coelho Netto – uma creche, a EMEI Michel Scaff e um Centro de Convivência, da Secretaria Municipal de Assistência Social. Quem precisa de atendimento em uma unidade de saúde precisa se deslocar até o bairro vizinho, no Nova Lima, para ser atendido na USF (Unidade de Saúde Familiar).
A segurança pública do bairro fica aos cuidados do batalhão da PM também no Nova Lima, a 11ª Companhia, porque no bairro também não há nenhum batalhão da Polícia Militar e nem unidade da Guarda Civil Metropolitana, conforme informações encontradas no Sisgram (Sistema Municipal de Indicadores de Campo Grande).
Além dos equipamentos públicos, a solução também é recorrer aos comércios e serviços oferecidos no bairro vizinho. James Carlos, de 66 anos, disse que mora no Colúmbia há oito anos e que pouca melhoria chegou na região até agora, diferente do ‘vizinho’.
“Aqui quando precisa de alguma coisa tem que ir no Nova Lima. Mercado e outra coisas, tem que ir lá. Não tem nada aqui”.
Rua é armadilha para pneus
James mora na Rua Nhamunda, a 50 metros da esquina com a Rua Uraná, que recebeu asfalto e o restante das ruas isoladas ficaram para trás. “Já fizemos abaixo-assinado para asfaltar, pedimos melhorias, mas nada adianta. Eles [Prefeitura] só vem, joga um entulho e vão embora. Falo entulho porque isso não é cascalho o que jogaram aqui, pura pedra pontuda, capaz de rasgar pneu dos carros”, disse.
A reportagem até tentou avançar por mais metros na rua, mas a via é uma armadilha. O morador comenta que uma empresa que fica na região industrial do bairro chegou a pedir para que o restante da Rua Nhamunda fosse asfaltada, mas até hoje nada foi feito.
Outro ponto levantado pelo morador são os inúmeros terrenos baldios e matagal a perder de vista. Em primeira impressão, os terrenos baldios mais facilmente se assemelham às plantações nas beiras de estradas. Além do medo da proliferação de dengue, está o risco de animais peçonhentos aparecerem nas casas.
“Esses terrenos aí, se a gente não paga para limpar fica sujo assim mesmo. Os donos não estão nem aí e mesmo a gente fazendo reclamações para a prefeitura eles não fazem nada. Tem muito bicho aí no meio, um perigo para a gente”, comentou.
’30 anos e nada mudou’
O Midiamax esteve no bairro em dezembro, cobrindo os estragos causados pela chuva. Depois do dilúvio que atingiu Campo Grande na última semana, onde em apenas um dia choveu 165 mm, as ruas do Jardim Columbia sentiram as consequências.
Moradora do bairro há mais de 30 anos, Roseli Baretziki, de 47 anos, disse que as mudanças foram apenas nas ruas que a linha de ônibus 208 (Columbia – Bosque dos Ipês) e 210 (São Julião – Terminal Nova Bahia) passam.
“Estou aqui tem 30 anos e nada mudou. Vi o bairro crescer, muitos moradores chegando, mas melhorias que é bom, não temos. É uma poeira, umas ruas com pedras, que quando vem a chuva leva tudo”, disse. A reportagem pergunta se as equipes de manutenção da prefeitura demoram para reparar as ruas em dia de chuva e ela diz: “demora dias”.
Diana Alves mora no bairro há três anos e disse que morar onde tem asfalto é considerado sorte. “Eu moro onde tem asfalto, ainda bem, porque quando chove essas ruas de terra ficam horríveis. Falta asfaltarem tudo para melhorar e sentimos falta também de um lazer para as nossas crianças”, comentou.
O que diz a prefeitura
A reportagem procurou a Prefeitura Municipal para questionar sobre as reclamações dos moradores. Em nota, foi relatado que o Columbia está incluído em planejamento de infraestrutura e, sobre a sujeira dos terrenos, explicou que é necessário que haja denúncia através do 156.
“A gestão está empenhada em buscar recursos para lançar novas frentes de pavimentação. O Jardim Columbia está inserido neste planejamento para levar infraestrutura a novas regiões da cidade. Em relação aos terrenos baldios sem a correta conservação, a orientação é sempre formalizar as denúncias via central de atendimento 156, para que a fiscalização seja encaminhada aos locais”.
Por fim, através da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana Campo Grande), foi dito que a multa para quem deixa terrenos sujos pode chegar a R$ 10 mil.
“A Semadur ressalta que é de suma importância informar os endereços corretamente, para que a equipe de fiscalização possa identificar e atuar o mais rápido possível. Assim sendo, informamos que enviaremos fiscalização no local mencionado e que rotineiramente a Secretaria realiza vistorias em todos os bairros da Capital. Uma vez identificado um imóvel/lote urbano sujo o proprietário é Notificado para realizar a limpeza. Essa Notificação é enviada via Correios por Aviso de Recebimento (A.R.), após o recebimento do A.R. o proprietário tem o prazo de 15 dias úteis para o cumprimento da mesma. Transcorrido o prazo, o auditor fiscal da Semadur retorna ao local para vistoria, caso não tenha sido cumprida a Notificação, o proprietário então é Autuado (multado), de acordo com o Código de Polícia Administrativa do Município Lei n. 2909, Artigo 18-A. A multa neste caso varia entre R$ 2.727,50 e R$ 10.910,00”, explicou.
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