De quati a lobinho: Campo Grande lidera captura de animais atropelados ao fugir do fogo
De janeiro a dezembro deste ano, foram 31 animais recolhidos na área urbana e rural de Campo Grande.
Graziela Rezende –
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O ano de 2023 encerra com a captura de 83 animais atropelados nas rodovias de Mato Grosso do Sul. Em um período recorde de queimadas, muitos buscaram refúgio fora do habitat e é neste momento que ocorreram os acidentes, de acordo com a PMA (Polícia Militar Ambiental). Deste número, Campo Grande lidera com 21 animais recolhidos na área urbana e mais 10 na área rural.
“A PMA realiza a captura de animais em diversas circunstâncias, entre elas, quando são vítimas de atropelamentos. Quando os animais ainda estão vivos, ao ser acionada, a polícia ambiental desloca para realizar o resgate e encaminhamento ao CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres). A gente também sempre orienta a população que, ao trafegar nas rodovias, redobre o cuidado, principalmente nos horários de entardecer e anoitecer, que é quando os animais estão mais ativos”, afirmou ao Jornal Midiamax a capitã Thamara de Brito Moura.
Caso o condutor esteja na rodovia e se envolva em um acidente, a orientação da PMA é acionar o socorro para que o animal seja encaminhado ao Cras. “Nós só não fazemos o recolhimento de carcaças. Ou seja, quando os animais morrem vítimas de atropelamento, quem faz o recolhimento no perímetro urbano, é a Solurb [concessionária responsável pela coleta de lixo], isso no caso de Campo Grande, mas, cada cidade possui a sua gestão”, explicou Moura.
Além disso, a PMA ressalta que, caso o animal morra no momento do atropelamento, é necessário analisar o cenário para fazer a retirada. “A população pode retirá-lo da rodovia, para tentar evitar outros acidentes, mas, precisa ser feita de forma segura. O nosso alerta é para os condutores que trafegam em horários mais críticas e também em algumas regiões com maior incidência de animais, como áreas mais próximas ao Pantanal, por exemplo”, disse.
Onça atropelada e morta perto de Campo Grande
Em agosto deste ano, por exemplo, uma onça-parda foi atropelada e morta, sendo localizada na BR-262, perto da capital sul-mato-grossense.
O trecho onde ocorreu a colisão é considerado um dos mais letais do país para a fauna silvestre, registando uma média que ultrapassa a marca de três mil mortes de animais ao ano.
Em casos de socorro a animais, atropelados em rodovia, a PMA deve ser acionada pelo telefone 190 da Polícia Militar que irá acionar a equipe de resgate de acordo com a região do acidente.
O relatório da PMA mostra, de forma detalhada, quais foram os animais atropelados e recolhidos em todo o Estado. Veja mais detalhes clicando no link abaixo:
Pantanal cercado para conter atropelamentos
Levantamento do Programa Felinos Pantaneiros, do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), apontou que 19 onças-pintadas morreram na BR-262, no trecho entre Corumbá e Miranda, em Mato Grosso do Sul, nos últimos sete anos.
Neste ano, três também já perderam a vida vítima de atropelamentos na região. Ou seja, a cada ano, o número foi só aumentando e, para mitigar o problema, a rodovia será cercada em 18 trechos e terá sete metros de desmate de cada lado.
Ao Jornal Midiamax o Instituto explicou que as chuvas mais constantes e aumento de áreas alagadas tendem a gerar maior movimentação de animais silvestres nesta rodovia, que corta o meio do Pantanal sul-mato-grossense.
Outro dado levantado, segundo estimativa de empresas do setor de transporte, é que cerca de 500 caminhões transitam diariamente na região. Assim, caminhoneiros que “conhecem muito bem o trecho” receberam palestras, inclusive aprendendo como o farol contribui para cegar os animais e, ao invés de espantá-los da rodovia, deixam eles imóveis.
Câmeras trap foram instaladas em pontes
Além do trabalho de sensibilização, o IHP também afirmou instalar “armadilhas fotográficas” em pontes de vazante entre Corumbá e Miranda. Tal recurso servirá para um estudo, ainda em fase de coleta de dados e que deve identificar se as pontes de vazantes podem ser usadas como passagem da fauna silvestre.
Ao todo, existem cerca de 60 pontes na rodovia e que podem servir de corredor para a fauna utilizar em detrimento da pista de rodagem. Com isto, os estudos devem ser realizados para averiguar a viabilidade desse sistema.
“Um dos locais escolhidos, por exemplo, foi identificado porque notamos que serve de passagem para animais silvestres. Encontramos ali pegadas frescas, o que mostra que esses animais estão se utilizando dali. Notamos também uma trilha onde estão transitando. Encontramos pegadas de anta, veado, quati. As câmeras, agora, vão ajudar nesse monitoramento da fauna pantaneira que usa essas pontes como passagem”, finalizou a médica veterinária do Instituto, Mariana Queiróz.
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