Complexo, transplante de coração precisa ser feito em 4 horas e três aguardam na fila em MS
Em Mato Grosso do Sul, foram realizados 245 transplantes de órgãos em 2022 e 157 em 2023. Mas ainda são 582 pessoas na fila
Priscilla Peres –
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Em 2023, a cada 1,5 dia uma pessoa de Mato Grosso do Sul recebeu um órgão transplantado. A soma é de 157 transplantes no ano, mas apesar dos números positivos, outras 582 pessoas aguardam por um órgão compatível. Quando o órgão é um coração, são apenas três sul-mato-grossenses na fila, mas com alguns empecilhos.
Na última semana, o assunto ganhou mídia nacional devido ao estado de saúde do apresentador Faustão, que está internado e necessita de um transplante de coração. Assim como ele, outras 377 pessoas aguardam por um transplante cardíaco no Brasil, sendo 206 só em São Paulo e três em Mato Grosso do Sul.
Todas as pessoas que precisam de transplante no Brasil entram em uma fila única, gerenciada pelo Ministério da Saúde. A grande maioria, ou 90% dos transplantes de órgãos realizados no país, são feitos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e atendimentos particulares não têm prioridades.
Conforme dados do Ministério da Saúde, no primeiro semestre de 2023, foram realizados 206 transplantes de coração no país, aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano passado.
Transplante de coração precisa ser feito em 4 horas
Quatro horas é o tempo em que um coração tem para receber um novo corpo. Esse período de permanência fora do corpo humano é chamado de isquemia e varia de acordo com o órgão. No caso do coração é o que torna o transplante ainda mais complexo.
A situação é complexa e pode alterar até a lista de espera. Para se ter uma ideia, assim que retirado do corpo humano o coração tem apenas quatro horas para ser transplantado, considerando a realidade de extensão do Brasil, o tempo é bem curto.
Imagine um coração disponível em São Paulo tendo que passar por todo esse processo em até quatro horas para chegar a um paciente no Amazonas. Além disso, Mato Grosso do Sul não têm equipe e hospital autorizados para a realização do transplante de coração, então os pacientes que estão na fila para este tipo de transplante são encaminhados para outros estados que realizam o procedimento.
É em casos assim, que a ordem da lista pode variar. Após ser retirado do corpo, o órgão ainda passa por exames de sangue que avaliam as condições e características. Um processo que deve ser ágil e eficiente.
Córneas, rim e coração são os órgãos esperados em MS
Em Mato Grosso do Sul tudo o que envolve os transplantes é gerido pela CET (Central Estadual de Transplante de MS), que faz parte da SES (Secretaria Estadual de Saúde). Segundo eles, 414 pessoas aguardam pelo transplante de córneas, 160 pacientes por rim e 3 pacientes aguardam por um transplante de coração.
Em Mato Grosso do Sul foram realizados 245 transplantes de órgãos em 2022. Em 2023 foram três doadores de coração, sendo que um foi transplantado no Estado e dois corações foram encaminhados para outros estados.
“O tempo de espera pelo transplante depende do número de doações que acontecem. Quanto mais doadores de órgãos, menor o tempo de espera para o transplante”, explica Claire Miozzo, coordenadora estadual da Central de Transplantes da SES.
Como funciona a lista de espera
A lista de espera por um órgão funciona por ordem cronológica de cadastro, ou seja, por ordem de chegada e conforme outros critérios como os de compatibilidade, gravidade do caso e o tipo sanguíneo do doador.
Esses fatores são levados em consideração para a definição de quem deve ser priorizado. Pacientes em estado crítico podem ser atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica.
As listas de espera para transplante são geridas pelas Centrais Estaduais de Transplantes. Os órgãos destinados à doação não utilizados no próprio estado são direcionados para a Central Nacional de Transplantes, que busca um receptor na lista única.
Quando um coração pode ser doado
Para ocorrer a doação de órgãos, o doador precisa apresentar morte encefálica – diagnóstico de morte – e estar em uma UTI hospitalar. Para a confirmação da morte encefálica, o paciente é examinado por dois médicos e é feito um exame de imagem para que a morte encefálica seja confirmada. Somente após o diagnóstico completo e confirmada a morte que a família do paciente passa por entrevista para a doação de órgãos.
O paciente pode doar se não tiver contraindicações absolutas para doação de órgãos e tecidos para transplantes, como exemplo, contraindicações de doenças transmissíveis ao receptor.
Se a família aceita doar os órgãos, assina o Termo de Retirada de Órgãos e Tecidos do seu ente querido. Após a assinatura do Termo de Retirada que a equipe dará início aos exames, captação e logística de distribuição para que os órgãos e tecidos doados cheguem até o receptor que aguarda, na fila única, receber o órgão doado. Todo o processo de doação de órgão, desde a captação ao transplante é realizada de forma transparente e é acompanhado pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde.
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