Isenção em compras da Shein anima jovens, mas comércio faz ‘previsão caótica’ em Campo Grande

Jovens afirmam que devem retomar com as compras na gigante chinesa

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
compras shein remessa conforme
Compras on-line (Marcos Ermínio/Midiamax)

Apesar de preocupar o setor empresarial sul-mato-grossense, a população comemora a volta da isenção de impostos para compras realizadas na Shein e já pensa em quais vão ser as próximas ‘comprinhas’. A isenção vale para pedido de até U$$ 50,00.

A notícia da isenção pegou Aline Natally, de 18 anos, de surpresa. Acostumada a fazer diversas compras pelo aplicativo, esbarrou na recente taxação e precisou se adaptar aos altos preços praticados por lojas brasileiras.

“Fazia compras de até R$ 200,00, com a taxação eu não parei, mas como comprei em lojas brasileiras tive que diminuir o número de produtos”, comentou Aline.

Aline Natally conta que sempre comprou na Shein. (Madu Livramento, Midiamax)

Com a volta da isenção, a jovem se empolgou e afirmou que irá retornar para a rotina de encomendas no aplicativo. Beatriz Figueiredo, de 25 anos, afirma não ser ‘fã’ de compras online, mas comemora a novidade.

“Eu não compro muito, mas muitos amigos deixaram de comprar após a taxação. A gente compra justamente por ser barato, se perder esse fator não vai ter por que comprar”, disse a lojista.

Mesmo nunca tendo realizado uma compra no site da Shein, Ellyan Junior Melo, de 21 anos, afirma ter sido contra a taxação. “Por mim tinha que tirar a taxação de qualquer valor”, brincou.

Ellyan acredita que a isenção deveria ocorrer para qualquer valor. (Madu Livramento, Midiamax)

Entre os jovens, a empolgação é nítida, Kemilly Nathalia, de 17 anos, conta que já comprou na plataforma, mas considera o preço alto em comparação com outros sites estrangeiros.

“Eu sou a favor de sempre pagar o mais barato possível. A Shein já não é tão barata, então tem que tirar o imposto sim”, protestou a jovem.

Kemilly conta que a isenção é essencial para compras. (Madu Livramento, Midiamax)

Shein entra em programa para ficar livre de impostos

Receita Federal publicou nesta quinta-feira (14) que a plataforma de compras Shein está certificada para integrar o programa Remessa Conforme, que isenta impostos de compras de até 50 dólares, cerca de R$ 245 na cotação atual.

A publicação no DOU (Diário Oficial da União) prevê que, em contrapartida à adesão, a empresa terá de se adequar às normas para envios de compras ao Brasil. Confira as regras mais abaixo.

Até então, o imposto sobre compras de até 50 dólares era de 60%, mas agora está zerado. O imposto zero foi determinado pelo Ministério da Fazenda para empresas aprovadas no programa Remessa Conforme.

Para compras acima dos 50 dólares, o imposto de 60% segue em vigor. Mesmo com o imposto federal de importação zerado, as empresas precisam recolher 17% em imposto estadual, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Conforme o ministério, a isenção já está em vigor desde o dia 1º de agosto. No entanto, mudanças nas alíquotas ainda podem ser determinadas pelo ministério. Em nota, a pasta disse que “prosseguem as negociações quanto a futuros ajustes na alíquota federal”.

Lojistas de Mato Grosso do Sul preveem cenário crítico

Em entrevista no mês passado, a FCDL-MS (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul) previa uma “onda de demissões e até fechamento de lojas” por conta da Portaria do Ministério da Fazenda que isentou imposto sobre a tributação de compras internacionais, como as feitas na Shein e Shopee.

Local de distribuição, em Campo Grande. (Madu Livramento, Midiamax)

Para a FCDL-MS, a isenção é uma preocupação para o futuro e um ‘duro golpe’ para o comércio.

“Com esse tratamento tributário desigual, nosso varejo perderá competitividade e, fatalmente, haverá consequências em 2023 para a economia. Seja para o grande, médio ou pequeno, o que já traz agora grande preocupação com demissões e fechamentos”, disse a presidente da FCDL-MS, Inês Santiago.

Conteúdos relacionados