que leva animais?” Esse é um dos principais questionamentos encontrados em grupos relacionados a pets. A dificuldade de transportar seus animais por fez com que muitos tutores passassem a utilizar serviços especializados, criando um novo nicho de mercado.

O assunto é debatido desde as rodas de conversa até o Legislativo municipal, que aprovou Projeto de Lei para que animais de estimação pudessem ser transportados no transporte coletivo. Entretanto, a Prefeitura Municipal vetou a ideia.

Além disso, empresas de carona paga como a Uber, mesmo se apresentando para seus clientes como pet friendly, não obrigam que seus motoristas transportem animais de estimação em suas corridas.

Assim, levar seu gato para uma clínica, ou o cachorro para um almoço de domingo se tornou um desafio, muitas vezes, frustrante e desanimador.

Uma rápida pesquisa em grupos de Facebook mostra inúmeros clientes em busca de formas para transportar seus animais. “Alguém conhece algum Uber que deixa levar cachorro dentro?”, questionou uma internauta.

“Algum Uber pet para levar um cachorro na clínica?”, perguntou outra. Assim como essas, os pedidos para transportar seus amados pets não param, formando uma demanda que fomentou e reaqueceu um novo mercado dentro da Capital.

Pessoa pedindo por Uber que leve animais. (Foto: Reprodução, Redes Sociais)

A necessidade de pessoas que buscam um serviço adequado para transportar seus animais foi o ponto inicial para que Daniele Rezek iniciasse os trabalhos que, com o tempo, se tornou a Uber Dog. No início a empresa buscava transportar apenas animais que faziam tratamento de reabilitação.

“Sempre falamos sobre a comodidade de ter um transporte específico para pet. Hoje vários motoristas de aplicativos não aceitam o pet”, disse a proprietária.

Para ela, o transporte especializado vai além de uma simples carona ao pet shop, pois oferece profissionais que podem lidar com diferentes imprevistos ou emergência envolvendo o animal.

“Às vezes uma emergência com o seu animal. Por termos o treinamento para o transporte fica bem melhor, pois não é sempre que o veterinário poderá se deslocar até a residência”, complementou.

Antônio Carlos de Abreu é proprietário da Totó Company, que começou com o serviço de transporte de animais há três décadas e presenciou as mudanças do mercado, causadas pela demanda reprimida.

De acordo com ele, o aumento do uso de aplicativos de carona paga é um dos principais fatores que fomentaram o transporte especializado de pets em Campo Grande.

Para Daniele Rezek, a realidade envolvendo os tutores, grandes empresas e serviços nichados, faz com que o serviço possua espaço para expansão em Campo Grande.

“Hoje nós temos uma rotina de vida, que a pessoa tem animais e não possui tempo para levá-los ao veterinário, então esse serviço é oferecido não apenas por necessidade, mas por comodidade ao tutor”.

Uber recomenda conversa entre motorista e passageiro

A reportagem questionou a Uber sobre o transporte de animais solicitados em sua plataforma. A empresa afirmou que o usuário, que planeja viajar com um animal de estimação, entre em contato antecipadamente com o motorista parceiro.

“A recomendação é usar aplicativo para enviar uma mensagem de texto ou ligar para o motorista e avisar que gostaria de levar um animal de estimação”, disse a empresa, em nota.

“A empresa alerta que é importante que usuários que levam animais de estimação ajudem a manter os veículos limpos. A empresa reforça também que todas as viagens, incluindo as com pets, devem acontecer de acordo com as regras do Código de Brasileiro”, finalizou.

Permissão para levar animais no transporte coletivo não vingou

Em setembro do ano passado, o assunto se tronou tema de discussão na Câmara Municipal de Campo Grande, através do projeto de lei nº 10.773/22, que buscava autorizar que passageiros utilizassem o transporte coletivo com seus pets.

A proposta autoriza o transporte de pets nos ônibus, em especial cães e gatos. O projeto ressaltava que para “usufruir do direito do transporte que trata esta lei, o animal deverá estar com a vacinação atualizada”.

Além disso, a proposta previa obrigatoriedade de focinheira e uso de guias e coleiras.

Do mesmo modo, o animal também iria precisar estar “limpo e acondicionado em caixa ou sacola de transporte própria”.

Os vereadores chegaram a aprovar o texto. Entretanto, a Prefeitura de Campo Grande vetou o projeto no início deste ano.

Conforme divulgado no Diogrande, a Câmara Municipal teria interferido na questão do contrato de concessão.

O detém o serviço de transporte coletivo, concedido pelo município.

“Verifica-se que cabe essencialmente à administração pública, e não ao legislador, deliberar a respeito da conveniência e da oportunidade de delegação de serviços públicos”.