Depósito de dinheiro em caixas eletrônicos virou motivo de dor de cabeça para clientes de diferentes bancos de Campo Grande. Com repetidos erros na hora de completar o serviço, moradores têm sido obrigados a encarar longas filas de espera nas agências, demora intensificada com recentes reduções de postos de trabalho. Na era digital, com crescente apelo ao uso de aplicativos, consumidores e o próprio sindicato de bancários apontam para a precarização do atendimento presencial.

Após receber reclamação de leitores, o Jornal Midiamax foi até uma agência e fez o teste. Tentamos fazer o depósito de R$ 500 em notas de R$ 50, novas e devidamente autenticadas, no entanto, do valor total apenas uma das cédulas foi reconhecida (Veja o vídeo no fim da reportagem).

A reportagem entrou em contato com o Banco Bradesco pedindo posicionamento sobre a falha no serviço, mas não recebeu retorno até o fechamento dessa matéria.

O que fazer?

Em casos como o flagrado pela reportagem, a recomendação da Federação Nacional dos Bancos é sempre procurar um funcionário do banco e nunca aceitar ajuda de estranhos. Pressionar as teclas “anula” ou “cancela” do caixa eletrônico também é importante para encerrar operações em curso. 

Caso nenhum funcionário esteja na agência, a orientação é procurar a central de atendimento da empresa. Reclamações e denúncias podem ser feitas ao Procon-MS, que fica na Rua 13 de Junho, 930, em Campo Grande. O telefone é o (67) 3316-9800.

Na internet, páginas de proteção a clientes enumeram centenas de reclamações sobre o mesmo problema, situações registradas em diferentes cidades do País. Além da retenção de valores, clientes apontam prazo de até dois dias para que o problema seja resolvido, para quem precisa de urgência no envio de valores, tempo muito acima do limite de espera.  

Precarização do atendimento presencial

Na avaliação da presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande e Região, Neide Maria Rodrigues, os recorrentes erros na hora de depositar dinheiro nos caixas eletrônicos evidenciam problema ainda maior: a precarização do atendimento presencial nas agências.

“A realidade é que os bancos não estão investindo no atendimento presencial. Dizem que a maioria das pessoas já usam os aplicativos e reduzem funcionários, retiram caixas eletrônicos das agências, fecham unidades. O resultado disso é sobrecarga dos funcionários e tempo de espera na fila muito superior ao estabelecido pelas regras”, considera.

Com a nova realidade, clientes da terceira idade e com pouca afinidade às novas tecnologias são os mais prejudicados. De acordo com Neide Rodrigues, é crescente o número de aposentados que caem em golpes ao tentar utilizar canais de atendimento digitais ou que são assaltados por não conseguir depositar valores ou descontar cheques. 

“Eles são os que mais precisam e muitas vezes ficam com dinheiro na mão, rodando de uma agência em outra e correndo risco de serem assaltados. Isso é revoltante porque os bancos são os que mais lucram nesse País, enquanto o atendimento sofre precarização”, finaliza a sindicalista.