Com 532 casos de tuberculose em Campo Grande, especialistas reforçam importância da vacinação
Campo Grande teve 532 casos registrados de tuberculose em 2022 e 439 em 2021. Tratamento é oferecido gratuitamente pelo SUS
Nathália Rabelo –
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Esta sexta-feira (24) é marcada pelo Dia Mundial de Combate à Tuberculose, doença infectocontagiosa que afeta, principalmente, os pulmões, mas também pode comprometer outros órgãos. Tendo em vista que Campo Grande registrou 532 casos em 2022, profissionais da saúde reforçam a necessidade da vacinação BCG e diagnóstico precoce como principais armas de prevenção da doença.
Vale ressaltar que o acometimento pulmonar é o mais frequente, por isso é o que mais recebe atenção da saúde pública. A forma extrapulmonar, quando a tuberculose afeta outros órgãos, ocorre com mais frequência em pessoas diagnosticadas com HIV, especialmente com quem tem comprometimento imunológico.
O que é tuberculose?
A tuberculose é uma doença infecciosa, de alta transmissibilidade, principalmente entre as populações vulneráveis. É considerada uma das principais causas de mortes entre as doenças transmissíveis.
Dessa forma, a prevenção é feita através da vacina BCG, recomendada para aplicação no primeiro mês de vida da criança. A vacina diminui as chances de desenvolver formas graves da doença, como meningite tuberculosa, apesar de não ser eficaz contra a tuberculose pulmonar.
Segundo Maria Campos Marques, médica pneumologista e docente universitária, os principais sintomas da tuberculose são:
- Tosse há mais de 2 semanas;
- Geralmente febre no final da tarde;
- Emagrecimento;
- Escarros com sangue;
- Sudorese noturna.
“A tuberculose é considerada grave por ser uma doença infectocontagiosa, de acometimento de todo o organismo na forma de tuberculose miliar. Pode causar meningite. A forma mais frequente é a que acomete os pulmões, a forma contagiante e podendo levar a destruição pulmonar, lesões cavitarias e hemoptise grave”, explica.
Casos em Campo Grande
Conforme dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), foram notificados 439 casos de tuberculose e 37 óbitos em 2021. Já em 2022, o número subiu para 532 registros e 38 mortes pela doença.
“Esse aumento no número dos casos positivos pode estar relacionado a uma possível redução na cobertura vacinal, visto que a vacina BCG pode ser aplicada do momento em que a criança nasce até os 4 anos de idade”, explica a secretaria.
No ano passado foram aplicadas 13.769 doses da vacina BCG, o que corresponde a 105,71% do público de até um ano de idade no município.
Dessa forma, os números mostram a necessidade de cuidados com a doença, especialmente porque ela não é considerada controlada no Estado.
Tuberculose acompanha a humanidade
A tuberculose é uma doença endêmica não controlada no Brasil e em vários países do mundo. Dessa forma, a pneumologista pontua que Mato Grosso do Sul, juntamente como a grande maioria dos estados brasileiros, persiste com a tuberculose não controlada.
“A doença pode sim representar risco sempre. Sabemos que a tuberculose é uma doença que acompanha a humanidade desde sempre, com preferência nos momentos de sofrimento por pobreza, guerras e outras tragédias humanitárias, companheira presente nos momentos mais sofríveis do ser humano”, diz a médica.
Por isso é tão importante sempre suspeitar da doença, realizar o diagnóstico precoce e iniciar o tratamento o mais rápido possível.
Diagnóstico
O diagnóstico da tuberculose é feito com base nos dados clínicos do paciente e pelo exame de escarro. Além disso, qualquer pessoa pode ser acometida e em qualquer faixa etária.
No entanto, idosos, alcoólatras, fumantes, diabéticos, imunodeprimidos, portadores de neoplasias, uso de medicamentos imunodepressores, população vulnerável e pessoas do sistema prisional estão mais suscetíveis.
Dessa forma, a pneumologista ressalta a importância da vacinação para crianças.
Vacina BCG: prevenção começa na infância
A vacina BCG é obrigatoriamente aplicada nas crianças no primeiro mês de vida, justamente por ser o meio mais eficaz de prevenção contra a doença em crianças.
“Quanto mais nova a criança, mais grave será a doença, inclusive com risco alto de óbito. A vacina evita as formas graves na criança, porém o meio mais importante de prevenir se baseia no diagnóstico precoce, tratamento imediato, doses e tempo correto, pois diminuem a circulação dos bacilos na comunidade, diminuindo novos casos”, informa a pneumologista.
Tratamento disponível no SUS
O tratamento contra a tuberculose é oferecido de forma gratuita pelo SUS em todas as unidades da Remus. Aquele indivíduo que apresentar sintomas deve procurar a unidade de saúde mais próxima da residência para avaliação e realização de exames.
Assim, se o resultado for positivo para tuberculose, deve-se iniciar o tratamento o mais rápido possível
“O tratamento para a forma de tuberculose pulmonar tem duração de 6 meses. Da mesma forma, todos os contatos devem ser examinados e submetidos à avaliação clínica e exames para descartar a doença ou para diagnosticar e tratar”, conclui a Sesau.
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