Capivaras de Campo Grande podem transmitir febre maculosa? Saiba como se prevenir

Médico veterinário alerta para que a população que costuma frequentar parques, tome cuidados para evitar picadas de carrapato e infecções de doenças

Priscilla Peres – 20/06/2023 – 16:22

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Parque das Nações Indígenas é habitat de capivaras em Campo Grande
Parque das Nações Indígenas é habitat de capivaras em Campo Grande

As capivaras são comuns em Campo Grande e podem ser encontradas em várias regiões onde a população frequenta, como o Parque das Nações Indígenas e o Lago do Amor, por exemplo. Elas são hospedeiras dos carrapatos, que podem causar diversas doenças, incluindo a febre maculosa.

A febre maculosa é transmitida por carrapatos infectados pela bactéria do gênero Rickettsia e apesar da baixa incidência para a doença no Mato Grosso do Sul, a população deve ficar alerta.

O médico veterinário e mestre em Meio Ambiente, Giovani da Silva Xavier, explica que o carrapato é transmissor de várias doenças além da febre maculosa. E, muitas vezes, os carrapatos podem migrar das capivaras para animais domésticos que passeiam nos parques, tendo assim, acesso aos humanos.

“Eu recomendo que toda pessoa que tem o costume de passear em parques ou praticar atividades físicas, faça uso de medicamentos que previnem animais como carrapatos. Os animais domésticos também devem ser medicados com frequência”, conta o médico veterinário.

Carrapato é transmissor de doenças

Em 2019 o Parque das Nações Indígenas passou por obras de desassoreamento dos parques e, na época, houve aumento exponencial nos casos de frequentadores picados por carrapatos.

Reportagem do Jornal Midiamax de junho de 2019, mostrou que diversas pessoas relataram várias picadas de carrapato pelo corpo, após passeio no Parque das Nações Indígenas. Em Campo Grande, não há nenhum registro oficial de controle das capivaras, dessa forma, não se sabe oficialmente se elas transmitem a febre maculosa.

A pulverização de veneno como controle de carrapatos em parques também não é recomendada, porque pode infectar lençóis freáticos e causar desequilíbrio ambiental.

O médico veterinário Giovani da Silva Xavier afirma que podem haver casos de febre maculosa sem diagnóstico em Mato Grosso do Sul. “Os sintomas se confundem com a dengue e, poucas vezes, é feito o exame clínico para diagnosticar a febre maculosa”, conta.

Poucos casos de febre maculosa em Mato Grosso do Sul

Dados do Ministério da Saúde revelam que entre 2007 e 2022 foram confirmados apenas sete casos de febre maculosa em Mato Grosso do Sul. O último caso confirmado por aqui foi em 2018, há cinco anos.

Para se ter ideia, enquanto o Centro-Oeste teve apenas 35 casos confirmados nos últimos 15 anos, na região Sudeste os casos confirmados chegam a 119 só em 2022. Na região sul os números também são altos, sendo 46 casos confirmados apenas no ano passado.

Em relação as mortes por febre maculosa a situação é a mesma. Os números do Ministério da Saúde revelam que em 15 anos apenas duas mortes foram registradas nos estados do Centro-Oeste, ambas no Mato Grosso. Já na região sudeste foram 59 mortes em 2022, com maior incidência em São Paulo.

O que é a febre maculosa?

A febre maculosa é uma doença infecciosa grave que acomete humanos devido a bactéria do gênero Rickettsia. No Brasil a principal forma de transmissão da doença é por meio dos carrapatos, considerados vetores da febre maculosa. A doença só é transmitida a partir do animal, isso significa que não é contagiosa entre humanos.

Conforme o Ministério da Saúde, no Brasil duas espécies da bactéria riquétsias estão associadas a quadros clínicos da Febre Maculosa. A Rickettsia rickettsii, que leva ao quadro de Febre Maculosa Brasileira (FMB) considerada a doença grave, registrada no norte do estado do Paraná e nos Estados da Região Sudeste.

Rickettsia parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará), produzindo quadros clínicos menos graves. O que explica a maior incidência da doença na região Sudeste do país.

Sintomas da doença

O principal sintoma da febre maculosa é a febre alta, seguida por dor de cabeça intensa, náusea e vômitos, diarreia e dor abdominal e dor muscular constante. Outra característica da doença é inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, além de gangrena nos dedos e orelhas.

Além disso, com a evolução da Febre Maculosa é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.

Em casos graves, pode haver paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando paragem respiratória.

Diagnóstico exige realização de exames

Não é simples diagnosticar a febre maculosa, já que nos primeiros dias os sintomas se confundem com outras doenças. Para o diagnóstico correto é necessária a realização de exames laboratoriais mais complexos.

Mas o Ministério da Saúde alerta que o resultado dos exames podem levar semanas. Por isso, se houver suspeita, o médico deve iniciar o tratamento com antibióticos urgentemente, tendo em vista que quanto mais cedo a terapia for iniciada, maiores são as chances de se evitar complicações e morte do paciente.

A partir da suspeita clínica de Febre Maculosa, o tratamento com antibióticos deve ser iniciado imediatamente, mesmo antes do resultado laboratorial.

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