Barulho dia e noite, cheiro de gás e prejuízos financeiros. Essa tem sido a rotina dos moradores da Rua João Pessoa, no Bairro São Francisco, desde que uma lavanderia hospitalar se instalou no local.

Tereza Rojas, 68 anos, mora ao lado da lavanderia e relata que o barulho é ininterrupto e há mais de dois anos tem tirado o sossego dos moradores.

“Desde que essa lavanderia chegou aqui é barulho alto dia e noite. Parece que durante a madrugada fica ainda pior, ninguém consegue dormir”, relata.

Além de morar ao lado da lavanderia, Eliana Tereza aluga uma casa no mesmo terreno. Segundo ela, devido ao barulho os inquilinos acabam desistindo da locação, o que gera prejuízos financeiros irreparáveis.

O transtorno é tão grande que moradores que vivem há mais de 40 anos no bairro agora pensam em se mudar, como a funcionária pública Solange Batista, de 49 anos.

“Nasci no São Francisco e moro aqui a vida inteira. Esse bairro sempre foi tranquilo, é um dos mais antigos de . Agora não vejo outra saída a não ser vender a casa e me mudar”, destaca a moradora.

Solange explica que o barulho é um problema que persiste há mais de sete anos, mas nos últimos meses a lavanderia expandiu e o problema se agravou. Desde então, foram diversas denúncias registradas junto à Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).

“Viajei recentemente e quando voltei eles tinham aumentado esse galpão e tudo piorou. Era uma lavanderia pequena, aí expandiu, trouxeram vários motores e virou esse transtorno diário”, disse.

Em um vídeo registrado pelos moradores é possível ouvir o barulho em plena madrugada.

Eliane Rojas relata que está cansada da situação, seu marido de 70 anos precisou subir no muro às 4h da manhã para gravar o barulho fora do horário comercial.

“Meu marido se arrisca para registrar provas e denunciar e isso prejudica a saúde dele. Recentemente ele fez uma cirurgia ocular e precisou se recuperar em casa, mas não conseguia dormir por conta do barulho”, conta a moradora.

A Andressa Rojas, de 23 anos, também mora ao lado da lavanderia e relata que o barulho tem impactado sua rotina de estudos.

“Estou no último ano de Direito. É uma fase difícil e, com esse barulho, fica complicado me concentrar nos estudos. Tem dias em que fico acordada até as 4h da manhã por causa do barulho e, às 7h, já tenho que ir para a aula”, ressalta a estudante.

Confira:

Empresa não irá se manifestar

Em contato com a empresa, a proprietária, que preferiu não se identificar, afirmou que o horário de funcionamento do local é das 8h às 20h, mas não se manifestou sobre o barulho fora do horário comercial.

“Infelizmente, não podemos dar nenhuma informação sobre essa questão do barulho. Não temos nada a dizer”, disse.

Logo em seguida, a proprietária encerrou a ligação. O espaço segue aberto para manifestação.

Lei do Silêncio

A Lei do Silêncio foi instituída em Campo Grande em 1996, com intuito de coibir toda e qualquer perturbação ao sossego e o bem-estar público com ruídos, vibrações ou sons excessivos.

Conforme a legislação todos os estabelecimentos comerciais ou industriais precisam respeitar a Lei do Silêncio. A tolerância para os níveis sonoros variam conforme a localização e o horário. A lei estabelece limites diferentes para o período do dia, que vai das 6h até as 18h, e o período da noite, onde os limites são menores, indo das 21h até as 6h.

O estabelecimento que descumpre a Lei do Silêncio pode ser punido com advertência e multas e, a depender da gravidade, pode ainda ser embargado, interditado e até ter sua licença de funcionamento cassada.

Semadur diz que irá averiguar o local

Em nota, a Semadur esclareceu que as denúncias registradas pelos moradores estão no cronograma para vistoria fiscal. Se for encontrado indícios de poluição sonora o local será multado.

Conforme a pasta, a legislação específica municipal prevê que as atividades industriais, comerciais, prestação de serviços, assim como religiosas, sociais e recreativas devem seguir os padrões estabelecidos pela Lei.

Dessa forma, qualquer o cidadão que sentir-se incomodado pelo excesso de barulho ocasionado por empreendimento comerciais ou atividades correlatas, poderá formalizar denúncia por meio do Canal de Atendimento 156, ou protocolar no próprio órgão fiscalizador a denúncia que, posteriormente, será encaminhada à fiscalização ambiental da Semadur.

“Nos casos em que não envolver empreendimentos comerciais, a denúncia deverá ser formalizada na delegacia da região, junto às forças de segurança. O denunciante também pode entrar em contato com o 190 e formalizar a denúncia pela perturbação do sossego”, explicou a Semadur.

Lavanderia no São Francisco
Barulho ininterrupto gera transtornos diários à população (Foto: Kísie Anoiã, Jornal Midiamax)

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