Após serem impedidas, detentas indígenas terão direito de falar sua língua nativa na penitenciária
A recomendação do MPF e DPE prevê que enquanto não forem tomadas as providências, a Agepen não deve impedir a comunicação entre indígenas em sua língua materna
Lethycia Anjos –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Em visitas a penitenciárias femininas de Mato Grosso do Sul, o MPF (Ministério Público Federal) e a Defensoria Pública do Estado constataram que detentas indígenas estavam sendo impedidas de se comunicar na sua língua materna. Diante disso, os órgãos encaminharam uma recomendação à Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) para facilitar a comunicação dos indígenas do sistema prisional por meio de suas línguas nativas.
Conforme a recomendação, assinada pelo procurador da República Marco Antônio Delfino de Almeida e pela defensora pública Zeliana Luzia Delarissa Sabala, enquanto não forem tomadas as providências necessárias, a Agepen não deve impedir a comunicação entre os indígenas e suas famílias na sua língua materna.
A medida prevê, ainda, a designação de profissionais devidamente capacitados, quando disponíveis, para atuarem como intérpretes ou facilitadores da comunicação entre os indígenas e os agentes penitenciários.
Também foi recomendada a capacitações e sensibilizações dos funcionários das penitenciárias, com intuito de criar um ambiente de respeito e valorização da diversidade cultural.
Visitas às penitenciárias
Em 28 de junho, o MPF, DPE e o Ministério das Mulheres realizaram visitas nas penitenciárias femininas de Ponta Porã e Jateí. Na ocasião, foi constatado que as mulheres indígenas do sistema prisional eram impedidas de se comunicar entre elas e com seus familiares na sua língua materna. A Agepen alega que a medida foi determinada por motivo de segurança.
Segundo os representantes do MPF e DPE, a situação relatada pelas indígenas parece ser uma prática institucionalizada da Agepen, o que levou à conclusão de que todos os indígenas do sistema prisional de Mato Grosso do Sul têm seu direito humano violado.
Vale ressaltar que a proibição arbitrária do uso da língua materna constitui ato discriminatório contra a dignidade da pessoa humana.
Direitos dos indígenas
Na recomendação, às instituições lembram que a Constituição Federal garante o pleno exercício dos direitos culturais e estabelece os modos de criar, fazer e viver das comunidades indígenas como patrimônio cultural brasileiro.
Para o procurador Marco Antônio e para a defensora Zeliana Luzia, a língua nativa é um meio de comunicação utilizado entre indígenas e suas famílias, que, na maioria das vezes, sequer conhecem outro idioma.
“É necessário ressaltar a inconstitucionalidade e a injustiça de proibir as pessoas indígenas de falarem sua língua nativa, especialmente quando essa prática lhe foi transmitida por seus familiares. Impor restrições à comunicação viola princípios fundamentais de igualdade, liberdade de expressão e respeito à identidade e à autonomia”, destaca.
Foi fixado o prazo de dez dias para que a Agepen forneça informações sobre as medidas providenciadas após a recomendação.
Notícias mais lidas agora
- Alerta de afogamentos continua: 10 já morreram em MS nas primeiras duas semanas de 2025
- Entre feriados e pontos facultativos, 21 datas marcam calendário comemorativo de Campo Grande em 2025
- Moradora de Bataguassu é a primeira vítima de Covid-19 no Estado em 2025
- Família de homem com deficiência mental morto por americano em MS pede R$ 3,2 milhões de indenização
Últimas Notícias
BBB 25: Joselma e Guilherme são colocados para dormirem fora da casa: ‘Maldade’
Após o Jogo da Discórdia, Joselma e Guilherme foram escolhidos para dormirem do lado de fora da casa; saiba detalhes da consequência
Confira a escala médica de UPAs e CRSs de Campo Grande nesta quarta-feira
Escala indica a atuação de mais de 60 profissionais ao longo do dia
Polícia apreende veículos de estelionatário envolvido em golpes milionários
Criminoso fez reforma de luxo em casa e comprou cinco veículos
Precisa se emprego? Confira as vagas disponíveis na Funsat nesta quarta-feira
São 1,8 mil oportunidades abertas em Campo Grande
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.