Após protestos na MS-156, indígenas de Dourados terão base da PM na Reserva Federal

Viatura foi entregue nessa quinta-feira às lideranças indígenas

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Lideranças vão ajudar na segurança (foto: reprodução, Valdinei Silva)

Na manhã dessa quinta-feira (14) lideranças indígenas receberam a entrega simbólica de uma viatura com policiais, que devem permanecer 24 horas na Reserva Federal de Dourados. A providência foi tomada após as manifestações da última quarta-feira (13), que bloquearam a MS-156 e também do projeto ‘Aldeia Segura’, do Governo do Estado.

Segundo informações do capitão da Aldeia Jaguapiru, Ramão Fernandes, que foi vítima de tentativa de ataque no último domingo (10) a viatura com efetivo policial é o primeiro passo para a implantação de uma base permanente nas comunidades.

“O secretário prometeu que vai ficar [a viatura] 24 horas e com a presença de dois policiais que vão trabalhar em escala de plantão”, informou a liderança indígena, que conversou com secretário estadual de Justiça e Segurança Pública. Ele esteve na cidade para tratar de conflitos entre sitiantes e indígenas que reivindicam no entorno da Reserva.

O ‘posto’ deve ser montado na avenida principal da Jaguapiru, em frente à escola Tengatui Marangatu. No local também funciona a sede da equipe de segurança indígena. Um efetivo de 17 indígenas se reveza em plantões diários para vigiar as duas aldeias.

Segundo o capitão, o secretário Carlos Videira também prometeu que, em breve, serão entregues duas motocicletas para os policiais fazerem rondas nas aldeias. Juntas, a Jaguapiru e Bororó possuem 3,6 mil hectares e dezenas de vias estreitas. Também houve a promessa de ser entregues 40 coletes à prova de balas para os indígenas que atuam na segurança.

Ainda de acordo com o capitão Ramão Fernandes, a viatura ficará parada na base, para funcionar como apoio, e quando surgir uma ocorrência, irá até o local solicitado com a equipe da segurança indígena. “Será um trabalho em conjunto”, informou.

Com faixa, indígenas pediram segurança (Marcos Morandi, Midiamax)

‘Mão de obra para o tráfico’

“Temos informações que muitos indígenas do nosso estado estão usados como mão de obra para o tráfico de entorpecentes. Alguns deles estão sendo levados para a fronteira e acabam aliciados para atuarem no transporte de maconha”, disse o secretário, ressaltando que o Governo do Estado está trabalhando em um projeto que possa coibir esse tipo de ação.

“Temos que estar atentos não só à disputa pela terra, mas à vulnerabilidade dessas populações. Nossas aldeias estão sendo utilizadas por facções criminosas para levar drogas para os grandes centros”, explicou Videira.

“Temos muitos indígenas indo colher maçãs em Santa Catarina e no Rio Grande Sul. Isso é importante. Mas nós temos muitos jovens indígenas que estão indo trabalhar nas roças de maconha. E lá eles recebem em guarani ou em real, mas também recebem em haxixe e maconha. Ele vende dentro da sua aldeia ou da mais próxima e vai levando de aldeia em aldeia”, denunciou o secretário.

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