Vacina contra a dengue ainda não chegou na rede particular, mas procura é intensa

Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos indica média de R$ 379,40 na venda da dose

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Qdenga
Imunizante teve participação de estudo da UFMS (Foto: Divulgação/UFMS)

Liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para venda em clínicas particulares, laboratórios de Campo Grande aguardam a disponibilidade de doses do imunizante contra a dengue, batizada como Qdenga, produzida pela farmácia japonesa Takeda. Ainda sem previsão de disponibilidade, a procura do imunizante é intensa.

Isadora da Mata, do setor comercial da Clínica Imunitá, informa que nenhuma cidade de Mato Grosso do Sul recebeu lotes da vacina contra a dengue. “Por enquanto, não chegou em nenhum lugar. Já tem bastante procura”, explica.

A Vacinne Care também espera a disponibilização, mas disse que vai iniciar a aplicação de imediato com a chegada da dose. “Estamos aguardando para fazer a tabela de preço, sem a chegada não tem como precificar”, informou o atendimento.

Na pré-venda pelo site da Sabin Diagnóstico e Saúde oferta o imunizante por R$ 428, por dose. A descrição reforça que a vacina previne a infecção causada pelos quatro sorotipos da dengue, DEN1 a DEN4. A indicação classifica crianças a partir de quatro anos a idosos com 60 anos, independente de já ter tido dengue ou não. O esquema vacinal sugere duas doses com intervalo de três meses.

Nova vacina

A ABCVAC (Associação Brasileira de Clínias de Vacina) diz que o imunizante apresenta 80% de eficácia nos estudos, sendo a segunda contra a doença registrada no Brasil e a primeira a ter ampla oferta para a população.

O medicamento não é indicado para pessoas com hipersensibilidade à substância ativa ou qualquer excipiente contido na vacina, ou doses anteriores; pacientes com imunodeficiência congênita ou adquirida, incluindo aqueles recebendo terapias imunossupressoras tais como quimioterapia ou altas doses de corticosteroides sistêmicos, por exemplo, 20 mg/dia ou 2 mg/kg/dia de prednisona por duas semanas, ou mais, dentro de quatro semanas anteriores à vacinação, assim como ocorre com outras vacinas vivas atenuadas; gestantes e mulheres em período de amamentação.

Segundo a Agência Brasil, os preços máximos foram definidos pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) e variam de acordo com a carga tributária de cada Estado. Em clínicas de São Paulo, o preço foi definido em R$ 379,40. Ainda conforme a precificação de cada estabelecimento, além da dose, será levado em conta o atendimento, triagem, análise da caderneta de vacinação, pós e pré-vacina.

Para ser disponibilizada no SUS (Sistema Único de Saúde), a vacina será avaliada pelo Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias), processo que costuma ter duração média de seis meses para avaliação da eficácia e custo-benefício.

Participação da UFMS

Aprovada desde março, a Qdenga tem participação de pesquisa da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian. Segundo a universidade, a coordenadora do curso de Medicina, a médica pediatra Ana Lúcia Lyrio Oliveira, coordenou o estudo fase 3 da vacina para dengue da Takeda na UFMS, quando se verifica a eficácia e as reações adversas.

O estudo começou em 2016 e teve a participação de três professores médicos, quatro alunos da pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias, três acadêmicos e três residentes de infectologia. Além de profissionais contratados pela Fapec com verba do patrocinador. Foram utilizados testes em voluntários de quatro e 17 anos.

A eficácia contra a dengue para todos os sorotipos combinados entre indivíduos soronegativos para dengue, sem infecção anterior pelo vírus da dengue, foi de 66,2%. Já para os indivíduos soropositivos, indivíduos que tiveram infecção anterior pelo vírus dengue o índice foi de 76,1%.

“Individualmente, a eficácia calculada contra o sorotipo DENV-1 foi de 69,8%, contra o sorotipo DENV-2 foi de 95,1% e contra o sorotipo DENV-3 foi de 48,9%. Para o sorotipo DENV-4, o reduzido número de casos identificados durante os estudos não permitiu estabelecer um resultado de eficácia de forma estatisticamente relevante. Adicionalmente, no caso específico da DENV-3 o resultado de eficácia para indivíduos soronegativos não se mostrou satisfatório”.

Por fim, a eficácia atingiu valor global de 80,2%, calculado a partir da comparação dos resultados dos participantes que receberam a vacina e dos que receberam placebo, para todos os 4 sorotipos, e contabilizando todos os casos de dengue identificados, seja em indivíduos soropositivos ou soronegativos.

Conteúdos relacionados