Vizinhos do CMO reclamam de barulho e prejuízo causados por protestos em Campo Grande

Moradores organizam protesto para intervenção do Legislativo

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Pista CMO
Uma das pistas está bloqueada por pneus, cone e caminhões na sexta-feira (4) (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

Há nove dias, moradores próximos ao CMO (Comando Militar do Oeste) convivem com barulho, congestionamento e até susto causado por fogos de artifícios. O incômodo atinge, principalmente, famílias com crianças, idosos, animais de estimação e PcD (Pessoa com Deficiência).

No último domingo (6), uma enfermeira de 29 anos disse que uma movimentação e som alto tirou seu sono às 22h. Ela relata ter carro de som e gritaria partindo da concentração de manifestantes inconformados com o resultado das eleições presidenciais.

“As pessoas se manifestam e tiram a paz de quem precisa descansar. O barulho ficou até 23h, fecharam a rua de novo. Eu precisava levantar 6h e fiquei exausta. Passei na [Avenida] Duque de Caxias e tinha manifestante dormindo”.

Barulho e fogos de artifício

Professora de 50 anos, que mora há 10 quadras do ponto desde 2008, relata que estão convivendo com barulhos diariamente, sem a interferência do poder público para situação. “Todo morador daqui está cansado dos barulhos. Tem dia que o som está nas alturas. Tenho uma colega com uma tia autista e está vivendo um inferno”.

Sem querer se identificar, um estudante disse costumava pegar ônibus e chegar às 18h, mas devido às interdições no horário de pico, chega uma hora depois do normal. “Na segunda-feira (7), mudei de rota para evitar me estressar, mas preciso andar cinco quadras longas a pé. Com carro de aplicativo a demora também acontece, já fiquei parado no trânsito por 20 minutos”.

O barulho afeta até moradores de residenciais distantes da concentração. Uma gestora ambiental, de 50 anos, reclama dos hinos repetidos e som alto constante durante os dias. “Creio que em residências mais próximas o incômodo foi maior”.

Congestionamento

Desde o início das manifestações, moradores tiveram que alterar a rotina para evitar estresse, caso de uma professora de 48 anos. Para chegar ao trabalho, escolheu outra rota, mas o barulho inoportuno insiste ao chegar em casa.

“Só pego rotas alternativas, só fui ontem pensando que poderia passar por tranquilidade, estava um caos, que terror. Cheguei atrasada no meu compromisso. Sem falar que ali parece um comércio. Tem nos tirado a paz, som alto, fogos”.

Pedido em frente à Câmara

Moradores que vivem aos arredores do CMO (Comando Militar do Oeste), na Avenida Duque de Caxias, organizam uma manifestação em frente à Câmara dos Vereadores de Campo Grande, na quinta-feira (10), para pedir intervenção do Legislativo para liberação total do trânsito na Avenida, ocupada há 9 dias por manifestantes insatisfeitos com o resultado das eleições presidenciais.

A concentração dos manifestantes ocupa o canteiro central da avenida, com carros, caminhões e barracas, e também bloqueia o trânsito em faixas da avenida. Os trechos de ambos sentidos estão parcialmente bloqueados, variando o número de faixas liberadas. Com isso, vizinhos da região relatam que estão sendo prejudicados.

Sejusp avisa que cumprirá decisão de ministro

Em nota divulgada na manhã desta terça-feira (8), a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) afirma que vai agir caso manifestantes não desobstruam ponto da Avenida Duque de Caxias, em Campo Grande, bloqueado por grupo que há 9 dias protesta contra o resultado das eleições presidenciais.

A decisão do Estado atende ordem da Justiça que proíbe o bloqueio de vias, sob pena de multa de R$ 100 mil por hora de descumprimento. 

Na nota emitida nesta manhã, a secretaria lembra decisão do ministro Alexandre de Moraes, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e também do STF (Supremo Tribunal Federal), que determina liberação imediata de “toda e qualquer via pública obstruída, locais que apresentem imposição de dificuldade à passagem, inclusive canteiros, calçadas, etc”. 

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