Traumas e estresses na pandemia causaram aumento de casos depressivos em MS, diz especialista
OMS estima que a pandemia da Covid desencadeou o aumento de 25% em casos de ansiedade e depressão no mundo
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A pandemia da Covid colocou a sociedade em um momento incomparável em questões de impactos nocivos à saúde mental. O isolamento social e a quarentena podem ter sido considerados como as principais causas do desenvolvimento do estresse, da ansiedade e da depressão neste período em Mato Grosso do Sul.
Conforme especialista, a depressão pode ser uma doença silenciosa, que ataca do adolescente ao idoso, e há uma série de sinais para ficar alerta e procurar acolhimento profissional. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que a pandemia da Covid desencadeou o aumento de 25% em casos de ansiedade e depressão no mundo.
Danusa Céspedes Guizzo é médica psiquiatra, professora de Psiquiatria na Faculdade de Medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e Supervisora da Residência Médica em Psiquiatria da UFMS. Ela explicou ao Jornal Midiamax que os traumas e estresses vividos na pandemia podem ter contribuído para o aumento de casos de depressão nos moradores.
“A Depressão é uma doença psiquiátrica crônica e recorrente que produz uma alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, desânimo e outros sintomas. É uma patologia bastante frequente na população em geral”, explicou.
Ela pontua que a doença pode apresentar alguns sinais nos moradores:
- Humor deprimido, ansioso ou irritável.
- Sentimentos de desesperança e pessimismo.
- Sensações de culpa, inutilidade ou desamparo.
- Perda de interesse em atividades antes prazerosas.
- Diminuição da energia ou fadiga.
- Agitação, inquietação ou lentidão para fazer as coisas.
- Dificuldades na atenção e memória.
- Perda ou aumento de peso e apetite.
- Insônia ou sono excessivo.
- Pensamentos de morte ou suicídio.
Guizzo explica que os Transtornos de Ansiedade são doenças em que as pessoas têm sintomas muito mais intensos do que aquela ansiedade “normal” do dia a dia. Alguns pontos ela destaca:
- Preocupações, tensões ou medos exagerados (a pessoa não consegue relaxar).
- Sensação contínua de que um desastre ou algo muito ruim vai acontecer.
- Preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou trabalho.
- Medo extremo de algum objeto ou situação em particular.
- Medo exagerado de ser humilhado publicamente.
- Falta de controle sobre os pensamentos, imagens ou atitudes, que se repetem independentemente da vontade.
- Pavor depois de uma situação muito difícil.
A orientação da especialista é que se a pessoa estiver passando por alguma das características citadas, ela deve procurar auxílio profissional.
Impactos da pandemia na saúde mental
Danusa diz que, durante a pandemia da Covid, a sociedade teve um aumento significativo da prevalência de transtornos depressivos e ansiosos, por diversos motivos: nas pessoas que tiveram a infecção, além do estresse físico e psicológico, temos uma ação direta do vírus no sistema nervoso central, que pode desencadear quadros psiquiátricos.
“A população em geral sofreu muito por várias questões: experiências traumáticas associadas à infecção ou à morte de pessoas próximas; estresse induzido pela mudança na rotina devido às medidas de distanciamento social; consequências econômicas, na rotina de trabalho ou nas relações afetivas, entre outras. Naqueles que já faziam tratamento psiquiátrico por estas condições, a interrupção de tratamento por dificuldades de acesso pode ter desencadeado novas crises”, pontua.
25% no aumento de depressão
No primeiro ano da pandemia, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, de acordo com um resumo científico divulgado no início do mês de março pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O resumo também destaca quem foi mais afetado e mostra o efeito da pandemia na disponibilidade de serviços de saúde mental e como isso mudou durante a emergência de saúde pública.
Preocupações com possíveis aumentos dessas condições já levaram 90% dos países pesquisados a incluir saúde mental e apoio psicossocial em seus planos de resposta à Covid-19, mas permanecem grandes lacunas e preocupações.
“As informações que temos agora sobre o impacto da COVID-19 na saúde mental do mundo são apenas a ponta do iceberg”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Este é um alerta para que todos os países prestem mais atenção à saúde mental e façam um trabalho melhor no apoio à saúde mental de suas populações”.
Múltiplos fatores de estresse
Uma das principais explicações para esse aumento é o estresse sem precedentes causado pelo isolamento social decorrente da pandemia. Ligados a isso estavam as restrições à capacidade das pessoas de trabalhar, busca de apoio dos entes queridos e envolvimento em suas comunidades.
Solidão, medo de se infectar, sofrimento e morte de entes queridos, luto e preocupações financeiras também foram citados como estressores que levam à ansiedade e à depressão. Entre os profissionais de saúde, a exaustão tem sido um importante gatilho para o pensamento suicida.
Jovens e mulheres são mais atingidos
O resumo — baseado em uma revisão abrangente das evidências existentes sobre o impacto da Covid na saúde mental e nos serviços de saúde mental, e com estimativas do último estudo Global Burden of Disease — mostra que a pandemia afetou a saúde mental de jovens, que correm um risco desproporcional de comportamentos suicidas e automutilação. Também indica que as mulheres foram mais severamente impactadas do que os homens e que pessoas com condições de saúde física preexistentes, como asma, câncer e doenças cardíacas, eram mais propensas a desenvolver sintomas de transtornos mentais.
Os dados sugerem que pessoas com transtornos mentais preexistentes não parecem ser desproporcionalmente vulneráveis à infecção por Covid-19. No entanto, quando essas pessoas são infectadas, elas são mais propensas a sofrer hospitalização, doença grave e morte em comparação com pessoas sem transtornos mentais. Pessoas com transtornos mentais mais graves, como psicoses, e jovens com transtornos mentais, estão particularmente em risco.
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