Trabalhadores da Ceasa-MS (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul) em Campo Grande procuraram o Jornal Midiamax, neste sábado (8), para denunciar desrespeito a regras de biossegurança no pátio e suposto crime sanitário. Conforme as denúncias recebidas pela reportagem, um homem que testou positivo para covid apenas há dois dias já teria voltado a trabalhar presencialmente nesta data.

“Esse homem testou positivo há dois dias, ficou em casa e já está aqui. Ele é dono de uma pedra, está trabalhando normalmente. É muita sacanagem, porque muita gente não respeita as regras, muita gente sem máscara e pouca gente se cuidando de verdade”, traz uma das denúncias recebidas pela reportagem.

“Ele fica sem máscara mesmo com covid, ele nem tinha que estar aqui. Deve ter infectado muita gente. Infelizmente aqui não tem rigor, fazem o que querem”, aponta outra denúncia.

O Jornal Midiamax acionou a direção da Ceasa-MS. Por telefone, o diretor de abastecimento do local, Fernando Begena, afirmou não estar ciente da situação, mas destacou que o estabelecimento segue orientando os comerciantes a seguirem com as regras de biossegurança.

“É uma luta frequente, porque temos em torno de 5 mil pessoas por dia aqui, 1,5 mil são trabalhadores. Durante os picos da pandemia, seguindo as regras, conseguimos fazer com que não ocorresse surto aqui. A Ceasa, na parte administrativa, distribui dispenser de álcool, faz toda uma campanha de conscientização, mas não somos responsáveis pelo que ocorre dentro das empresas. Há vários boxes, dos quais somos limitados a intervenção”, pontuou.

Begena confirmou que pode acionar e formalizar às autoridades sanitárias casos de desrespeito às normas de biossegurança vigentes., em caso de denúncia reportada. A reportagem relatou o nome do comerciante alvo das denúncias para que a administração procedesse com a formalização. O Jornal Midiamax acompanhará o andamento da imputação junto às autoridades sanitárias.

Crime sanitário

O Código Penal Brasileiro descreve, no decreto-lei nº 2.848/40, que “infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa” é infração sanitária, com pena de detenção, de um mês a um ano, e multa. A legislação determina aumento de pena de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.

Além disso, a lei 13.979/20 também estabelece medidas para enfrentamento da emergência devido à pandemia de covid-19, também considera o isolamento compulsório — com separação de pessoas doentes ou contaminadas, ou de bagagens, meios de transporte, mercadorias ou encomendas postais afetadas, de outros, de maneira a evitar a contaminação ou a propagação do coronavírus.

Infecção de alimentos

Reportagem publicada pelo Jornal Midiamax em julho de 2021 traz que a contaminação por covid em alimentos é rara, mas que a higienização de compras e alimentos é necessária. O infectologista Rodrigo Nascimento Coelho explicou que a contaminação pelo coronavírus acontece, na maioria das vezes, pelo ar — quando uma pessoa contaminada fala, tosse ou espirra, os aerossóis são liberados e ficam suspensos no ar. Assim, quando outra pessoa respira as partículas, é contaminada.

Por isso, é importante concentrar os esforços com o uso de máscaras e evitar locais fechados e aglomerações, por exemplo. “Os aerossóis ficam no ar em locais como um elevador, um ambiente fechado e assim por diante”.

Apesar de ser rara a infecção por superfícies contaminadas, os hábitos de limpeza após fazer compras no supermercado devem ser mantidos. Higienizar as embalagens e não entrar em casa com o sapato utilizado na rua ainda são atitudes válidas, segundo o infectologista.

“Essas atitudes ainda são recomendadas, embora a gente saiba que contraímos muito mais esses vírus respiratórios através do ar. Mas, essas medidas da higienização dos produtos de supermercado e deixar os calçados do lado de fora ou mesmo higienizar antes de entrar em casa continuam em vigor, embora o impacto não seja igual ao dos aerossóis que ficam suspensos no ar”, orienta Nascimento.

A nutricionista do (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), Melina Ribeiro Fernandes, também recomenda manter os hábitos de higiene das compras. Ela reforça que atitudes como limpar todas as embalagens, as frutas e as verduras devem continuar na rotina enquanto durar a pandemia de coronavírus.

Como higienizar os alimentos?

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Foto ilustrativa | Reprodução

Com relação aos alimentos, frutas e verduras devem ser lavadas em água corrente. “A recomendação é lavar em água corrente, folha por folha, até retirar as sujidades. Depois, coloque de molho em uma solução clorada, por 15 minutos”, orienta.

A higienização é mais fácil do que parece. Na solução, basta colocar 1 litro de água em um recipiente e diluir 10 ml de hipoclorito de sódio, a conhecida água sanitária. Outra opção é utilizar as soluções próprias para higienizar alimentos, conforme orientação do fabricante.

Depois de deixar por 15 minutos de molho, é preciso enxaguar os alimentos novamente e deixar secar. “Pode secar com uma folha de papel ou centrífuga de alimentos”, recomenda a nutricionista. Com relação às carnes, não é preciso higienizar, basta cozinhar.

Por fim, Melina Ribeiro aconselha ficar atento até mesmo na hora das compras e da higienização, deixando as mãos longe do rosto. “Estes cuidados ainda serão preservados por muito tempo, até que a pandemia esteja controlada. No supermercado, é importante higienizar o carrinho e as mãos. E, sempre que chegar em casa com as compras, só armazene depois que elas estiverem limpas. Durante a compra e higienização, não coloque as mãos no rosto, olhos e boca”.

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