Preocupados com novas medidas, professores da UFMS protocolam documento na Reitoria

A ADUFMS protocolou documento em que pede a revogação da Resolução CNE/CP nº 2/2019, na manhã desta quinta-feira (28)

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax

A ADUFMS (Associação Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) protocolou na manhã desta quinta-feira (28) um documento em que discutem a implementação da Resolução CNE/CP nº 2/2019, durante paralisação dos professores da UFMS.

A resolução, denominada Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica/BNC, contribui para a precarização do ensino público, segundo o professor e presidente da ADUFMS Marco Aurélio Stefanes.

No documento entregue, a ADUFMS esclarece que passa a integrar um movimento nacional de resistência à implementação da resolução em conjunto com outras associações nacionais de ensino por “entender que ela faz parte de um projeto de desmonte da educação pública no Brasil”.

Ainda conforme o documento, a nova proposta da Base Nacional modela a formação de professores para objetivos mercadológicos, com metodologias que priorizam técnicas e dispensam o caráter reflexivo das disciplinas – o que, segundo o professor Marco Aurélio, é preocupante.

Isso porque as alterações buscariam a homogeneização dos currículos dos cursos de graduação, o que pode gerar evasão dos alunos. Ainda de acordo com o presidente da ADUFMS, as medidas da resolução estão sendo implementadas de forma acelerada na universidade, sem discussão com os conselhos superiores.

“Discordamos disso, precisa passar pelo conselhos”, reitera. “A nossa preocupação é que [a resolução] precariza os cursos”, complementa. Além disso, o documento também aponta que o novo modelo gerencial modifica o modo de trabalho dos professores.

“A administração tem implementado abruptamente e sem discussão, um modelo gerencial que modifica radicalmente o regime de trabalho da instituição e coloca em risco a qualidade do trabalho docente e dos cursos da UFMS. É preciso que haja debate, em cada unidade setorial, para que as decisões dos gestores sejam efetivamente democráticas”, cita o documento.

No final do registro, a ADUFMS defende em conjunto com outras associações nacionais de ensino como ANPAE, ANPUH, ANFOPE, ANPED, a anulação da Resolução CNE/CP nº 2/2019 e a retomada da Resolução CNE/CP nº 2/2015.

“Defendemos, no âmbito da UFMS, a retomada dos espaços coletivos de diálogo e a democratização das instâncias decisórias, para que as ações dos gestores sejam efetivamente representativas da comunidade acadêmica”, informa o documento.

Resolução CNE/CP nº 2/2019

A Resolução CNE/CP nº 2/2019 define as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial de professores.

Em tópico sobre maiores implicações da resolução, o documento protocolado pela ADUFMS esclarece que o capítulo IV da resolução que divide o ciclo formativo em três grupos, retoma o modelo da ditadura militar de 3+1, em que o objetivo é diminuir o número de vagas docentes e intensificar a oferta de disciplinas a distância nos cursos presenciais. O grupo I é de 800 horas, em que são ministrados os conhecimentos básicos e genéricos, o que segundo o documento “os conteúdos genéricos do ciclo básico priorizam o neotecnicismo, visando uma formação acrítica e não os fundamentos pedagógicos
necessários para formação do professor. Isso reduzirá a qualidade e causará a evasão dos alunos que ingressam nas áreas e não em curso genérico de formação de professores”.

No grupo II, são indicadas 1.600 horas de conteúdos específicos de cada área do conhecimento, o que de acordo com o registro da ADUFMS pode gerar um esvaziamento do currículo e enfraquece a formação na linha de pesquisa.

Já no grupo III, a proposta indica 800 horas de prática pedagógica no primeiro ano, o que a ADUFMS questiona, pois os conteúdos específicos de cada área inicia apenas no segundo ano. “Se a prática se inicia no primeiro ano e os conteúdos da área específica apenas no segundo, como se dará a prática?”, cita o documento.

A reportagem do Jornal Midiamax acionou a UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Conteúdos relacionados