A Polícia Militar de MS afirmou neste domingo (27) que dispersou indígenas de etnia guarani e kaiowá que tentavam retomar parte de uma terra considerada ancestral localizada na Fazenda Inho, em Rio Brilhante – distante a 162 quilômetros. Pelo menos três membros das lideranças da comunidade Laranjeira Nhanderu ficaram feridos após ação da PM, de acordo com informações do CIMI (Conselho Indígenista Missionário).

A polícia civil informou que a retomada foi frustrada ainda no sábado (26), após os efetivos utilizarem bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha e destacou, em nota, que o reforço policial do Batalhão de Choque foi acionado apenas para evitar que o conflito entre os indígenas, sem-terra e produtores se estendesse.

Líderes indígenas da comunidade Laranjeira Nhanderu tentaram retomar a terra ancestral com a pretensão de estabelecer um assentamento rural no local. Durante a ação, foram acionados órgãos como a Funai (Fundação Nacional do Índio) e MPF (Ministério Público Estadual do Mato Grosso do Sul), mas os resposáveis pela Coordenação Regional da Fundação chegaram ao local às 15h30, junto com o Batalhão de Choque.

Situação tensa

As lideranças relatam que a situação, na manhã de sábado, estava tensa e que os guarani e kaiowá estão sendo ameaçados pelos e fazendeiros que se encontram no local. Os indígenas também relatam que decidiram iniciar o processo de retomada depois de receberem a informação de que famílias cadastradas para o novo assentamento ocupariam a área da fazenda neste final de semana, com a intenção de pressionar o Estado para agilizar a concessão de crédito fundiário.

“Já vieram fazendeiros e nos ameaçaram. Falaram que estamos em pouquinhas pessoas, é só meter bala e termina logo. Aí o pessoal começou a falar com eles e agora eles recuaram, foram para a cidade. Eles falaram que vão articular as pessoas e que vão voltar com peso de tarde”, disse uma liderança do tekoha à aquipe do CIMI não identificada por razões de segurança.

Assentamento ilegal

Há meses, os indígenas de Laranjeira Nhanderu vêm denunciando a iniciativa ilegal de criação de um assentamento dentro dos limites de sua área ancestral, justamente em fazendas que compõem a área reivindicada como de ocupação tradicional e incluída no estudo antropológico para a demarcação do território.

tekoha Laranjeira Nhanderu aguarda a conclusão dos estudos demarcatórios e foi incluído no TAC (Termo de Ajustamento e Conduta) firmado entre MPF e Funai em 2007, que estabeleceu um plano de estudos para a demarcação de terras indígenas Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul. O território de Laranjeira Nhanderu está incluído nos estudos da TI (Terra Indígena) Brilhantepegua, ainda em processo de identificação e delimitação.