A advogada Dra. Cleusa Spínola faleceu com 85 anos na última quinta-feira (19) por causas naturais em Campo Grande. Com uma carreira brilhante e peça fundamental na história da política de Mato Grosso do Sul, Cleusa deixa legado que se perpetua e que se confunde com a criação do Estado.

De acordo com o neto de Spínola, Camillo Coury, a advogada sofria de Alzheimer, mas sua morte se deve a causas naturais.

Em nota de falecimento, escrita por Antônio Alves Côrrea, a família relata a história e os feitos da advogada no estado, e convida a todos para a Missa de 7º Dia, que será realizada no Santuário Nossa Senhora da Abadia, no dia 25 de maio, às 19h.

Defensora de direitos dos idosos

O neto Camillo Coury explica que sua vó teve papel fundamental na regulamentação de vagas para deficientes e idosos em entradas de shoppings e comércios da cidade. “Se hoje Campo Grande é referência por ter vagas de deficiente e idoso em entrada de shopping e comércio é por causa dela”, afirma.

Apesar de seu legado em Mato Grosso do Sul, a carreira de Dra. Cleusa foi iniciada em Cuiabá, onde formou-se em Direito em 1969. O primeiro cargo que ocupou foi na Direção-Geral do TJMT (Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso).

No ano de 1974, mudou-se para Campo Grande com os filhos. “Onde conciliava sua profissão com o magistério na FUCMT. Lecionava as disciplinas de Direito Civil e Processo Civil, chegando a exercer essa função utilizando-se de muletas, quando ainda se recuperava de um grave acidente que quase lhe ceifou a vida aos 35 anos de idade”, descreve a nota.

Em 1975, ingressou na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), onde se destacou como uma das mulheres pioneiras da profissão, na época.

A advogada também foi promotora do Mato Grosso e no período de criação de Mato Grosso do Sul, fez parte da Assembleia Legislativa “onde coordenou a Comissão responsável pela redação e revisão da Constituição Estadual/78 e, posteriormente, colaborou com a redação da Constituição Federal/88”, conforme a nota.

Ao se aposentar, Cleusa se mudou para os Estados Unidos com sua filha mais velha, mas após alguns anos voltou ao Brasil e ao ativismo político.

“De volta ao Brasil, foi atuante na Seccional sul mato-grossense da Ordem dos Advogados do Brasil, ocupando a Presidência da Comissão dos Direitos Humanos e da Comissão do Advogado Idoso e Pessoa Idosa”.

Por sua contribuição nos centros comunitários e Associações de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, dos portadores de Alzheimer, e das pessoas com deficiências, a advogada também recebeu uma comenda da Câmara Municipal de Campo Grande.

Com o coração apertado de saudade, a família descreve um pouco de como dona Cleusa impactou suas vidas para sempre. Confira:

“Era conhecida por sua personalidade forte. Aguerrida, abraçava com afinco as causas que chegavam a ela. Era firme em seus propósitos, mas tratava a todos com carinho, o que pode ser constatado por aqueles que a conheceram, especialmente os servidores do Fórum de CG e da Assembléia Legislativa.

Hoje seu corpo descansou, mas seu espírito segue sua jornada maior, sabendo que sua memória estará sempre viva através de seu relevante legado humano e no coração de seus amigos e familiares que sempre a ouviam proferir os seguintes dizeres: “Na vida, aprendi que a vida, nenhum valor ela tem, se não for vida vivida em prol da vida de alguém!