Quem usa o transporte coletivo repara que alguns passageiros já relaxaram quanto ao uso da máscara, embora ainda seja obrigatório no transporte coletivo não ha fiscalização assídua. Há um impasse entre a Prefeitura de Campo Grande e o Consórcio Guaicurus em optar pelo uso facultativo, ainda assim, passageiros garantem que a segurança do EPI (Equipamento de Proteção Individual) ainda é essencial durante o trajeto de ônibus.

Sumayra Ferreira Alves, de 30 anos, costuma usar o transporte coletivo todos os dias, pois trabalha com serviços gerais. Na opinião da trabalhadora, a máscara ainda é um meio de proteção importante contra transmissão de doenças respiratórias para quem convive com a aglomeração rotineira dos ônibus.

“Ainda corremos o risco de pegar Covid-19 nos ônibus. Eu sou mãe de família, tenho duas filhas, minha questão de segurança é com elas, não ter perigo de passar para alguém em casa”, pontua.

Máscara
Sumayra diz que usa máscara no ônibus pensando em não transmitir para família em casa (Foto: Nathália Alcântara/Midiamax)

A opinião se assemelha a da agente de merenda Maria Luisa Ramos, de 55 anos. Ela faz parte do grupo de risco, pois tem comorbidades. “O vírus ainda não foi eliminado, não é? O vírus circula ainda. Mesmo com a vacina em dia, tem várias pessoas respirando o mesmo ar dentro do ônibus, outros não se vacinaram. Eu acredito que mesmo que tirem a obrigação, vai de cada um se cuidar, eu me cuido”.

Para Lilia Albino, de 25 anos, a decisão entre a administração é indiferente. “Tem gente que nem usa mesmo, eu uso”, opina.

Ana Lucia Allah, de 56 anos, doméstica, também é do grupo que acredita em manter a obrigatoriedade pelo desleixo de outros. Ainda no ponto de ônibus, ao ar livre, mantém o uso da máscara. “Tem gente morrendo ainda, reduziu, mas ainda tem gente pegando a doença. A gente tem que se cuidar e cuidar dos outros”.

Ana lucia com máscara
Ana Luisa pontua que ainda há casos graves de Covid (Foto: Nathália Alcântara/Midiamax)

A recenseadora do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Gabrielly Pereira Marques, de 22 anos, trabalha com o atendimento ao público e usa o coletivo rotineiramente, portanto, acredita que manter o EPI convém para evitar transmissão em massa.

“Há outras doenças por aí, estamos em um período crítico de tempo seco e outras doenças respiratórias também, não é só a Covid”.

Impasse da máscara

A Prefeitura negou o pedido do consórcio em retirar a obrigatoriedade do uso, então, os passageiros ainda terão que usar o item nas viagens. A empresa havia emitido um aviso para Agetran (Agência de Transporte e Trânsito) relatando que havia brigas entre jovens e idosos, pois, enquanto um não retirada do rosto, outros ou não usavam ou deixam de maneira incorreta.

Em resposta ao Jornal Midiamax, a Prefeitura reforçou ainda o uso de máscaras para grupos mais vulneráveis à contaminação de Covid-19. “É recomendado também o uso para pessoas que fazem parte do chamado grupo de risco, como idosos e pessoas com comorbidades, bem como aqueles que apresentam sintomas gripais”, informou o órgão.

EPI na mão
Passageira com a máscara na mão (Foto: Nathália Alcântara/Midiamax)

Especialistas da área da saúde também concordam com a restrição. Enfermeiro e doutor em Infectologia, Everton Lemos ressalta que ainda é cedo para deixar o uso obrigatório de lado, além disso, mesmo após um longo período de enfrentamento, ele acredita que o morador deveria ter mais conscientização sobre os autocuidados para evitar a contaminação.

“As doenças respiratórias, de uma forma geral, têm oscilação causada pelo tempo, por sazonalidades e etc. Campo Grande, por exemplo, tem baixas temperaturas em alguns momentos que expõe maior risco as pessoas que ficaram aglomeradas; o contato mais próximo aumenta as chances de infecção, por exemplo, da gripe ou até a Covid-19. A obrigatoriedade em locais fechados, principalmente nos ônibus e transporte coletivo, a aglomeração expõe muito mais a população para o contato respiratório”.

Edna Castro Coutinho, auditora fiscal de Vigilância Sanitária, explica que há um estudo municipal para qualquer mudança referente ao assunto, pois as cidades têm autonomia para decidir decretos de regulação sanitária. Além de atuar durante as fiscalizações na pandemia, ela também acredita que ainda é cedo para deixar a obrigatoriedade.

“Com tantas variantes, com novas doenças surgindo, é temeroso e preocupante abolir o uso dessa proteção. Enquanto vigilância sanitária pensamos que ainda não é o momento”.