Para combater dengue, crianças de Campo Grande irão ‘cuidar’ de mosquito Wolbachia
Os alunos irão receber um kit contendo um recipiente, material informativo e cápsulas com ovos do mosquito Aedes aegypti
Anna Gomes –
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Campo Grande irá desenvolver uma iniciativa inédita em todo o mundo através da mobilização e envolvimento de alunos de escolas da Rede Municipal de Ensino, tendo como objetivo intensificar a implementação do Método Wolbachia. A técnica consiste no controle biológico de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como a dengue, zika e chikungunya, a partir da liberação de mosquitos com a bactéria capaz de inibir a transmissão das doenças.
“Aliado às ações que foram desenvolvidas pelas nossas equipes, a implementação do Método do Wolbachia em nosso Município certamente contribuiu para que a gente passasse dois anos sem enfrentar uma nova epidemia de dengue. E, para nós estamos à frente de uma nova estratégia que poderá servir de modelo não só para o país, assim como para todo o mundo, é um grande privilégio”, destaca a Prefeita.
Segundo a Prefeitura, os alunos irão receber um kit contendo um recipiente, material informativo e cápsulas com ovos do mosquito Aedes aegypti com Wolbachia, os chamados Wolbitos, que serão “cultivados” até a fase adulta. A atividade será supervisionada por coordenadores e professores da Rede Municipal de Educação. Eles serão divididos em dois grupos (A e B), em que cada um retira uma cápsula contendo ovos de Wolbitos e ração para as larvas a cada 15 dias. Toda a atividade deve durar 16 semanas.
“Com o retorno às aulas presenciais na rede de ensino, visando contribuir para o estabelecimento dos Wolbitos, ajudando na saúde da população local e também contribuir no aprendizado dos alunos, pensamos na liberação comunitária como alternativa. Chamamos de ‘Wolbito em casa’ e será uma oportunidade dos alunos observarem na prática todo o desenvolvimento de um inseto, permitindo também, aos professores, o desenvolvimento de atividades e trabalhos para serem elaborados e apresentados em feiras de ciências e entre as demais escolas da Reme”, justifica Antonio Brandão, Gestor de implementação do Método Wolbachia, em Campo Grande.
Para o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, a estratégia que será desenvolvida por Campo Grande será fundamental para a consolidação do método, pois sensibiliza e mobiliza a comunidade.
“Quando se envolve a criança em um projeto como este, ela atua não somente como uma parte executora, mas também como um agente multiplicador. Com as orientações passadas na escola, ela irá envolver toda a sua família neste processo. Com isso, há um engajamento espontâneo onde todos ali presentes irão se inteirar sobre o projeto contribuindo assim numa difusão mais eficaz”, disse. O lançamento oficial do Wolbito em casa está previsto para ser realizado no dia 16 de agosto, na Escola Municipal Rachid Saldanha Derzi, no Bairro Jardim Noroeste.
Wolbachia em Campo Grande
A soltura dos mosquitos com a bactéria Wolbachia teve início na Capital em dezembro de 2020. Ao todo, serão seis fases de soltura em Campo Grande, que atualmente já se encontra na sua quinta fase de implementação. O método já está presente em mais de 30 bairros de diferente regiões do Município.
A liberação dos Wolbitos faz parte da estratégia do Método Wolbachia, iniciativa do World Mosquito Program (WMP), conduzida no país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio financeiro do Ministério da Saúde, e que utiliza a bactéria Wolbachia para o controle de arboviroses, doenças que são transmitidas pelo Aedes aegypti.
No Brasil, o Método Wolbachia é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com os governos locais. Além de Campo Grande, ele atua no Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE).
O primeiro local de atuação do WMP foi o norte da Austrália, em 2011, e opera atualmente em 12 países (Austrália, Brasil, Colômbia, México, Indonésia, Laos, Sri Lanka, Vietnã, Kiribati, Fiji, Vanuatu e Nova Caledônia).
Os casos dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, têm se mantido estáveis em Campo Grande. Há dois anos o Município não enfrenta uma epidemia da doença.
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