No Dia da Família, ‘tradicional’ mesmo é viver com amor em Campo Grande
Neste Dia da Família, o Midiamax te convida a entender um panorama do quanto a composição mudou ao longo das décadas e, acima do tudo, que o amor predomina
Nathália Rabelo –
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O dicionário define a palavra ‘família’ como um agrupamento humano formado por duas ou mais pessoas com ligações biológicas, ancestrais, legais ou afetivas. Mesmo assim, por muitas gerações esse conceito ficou estagnado em uma única formação como dita a ‘correta’. No entanto, dados mostram o quanto a composição familiar mudou nas últimas décadas e como a ‘tradicional família brasileira’ é mais um ideal prestes a cair em desuso. Desde mulheres chefes de família até casais homoafetivos, pessoas mostram que importante mesmo é viver com amor.
Conforme os dados de 2021 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Mato Grosso do Sul tem uma média de 947 mil famílias. Desse total, em 480 mil os homens são os responsáveis, enquanto em 466 mil as mulheres são responsáveis.
O Censo Demográfico de 2010 também mostra que a maioria das famílias do Estado prefere ter de 1 a 2 filhos (158.316 e 203.367 famílias), respectivamente. Em contrapartida, apenas 68.280 registaram ter 6 filhos ou mais, uma realidade até considerada comum na época dos nossos pais e avós.
Além disso, Mato Grosso do Sul, entre 2017 e 2018, apresentou redução no número de nascimentos (-1,2%), ficando acima somente do Distrito Federal, que teve redução de 1,4%. A média nacional foi de 1,0%. Tanto em MS, como em Campo Grande/MS, o número de nascidos vivos do sexo masculino foi maior que o número de nascidos do sexo feminino.
A Secretaria Nacional de Família ainda ressalta que a composição familiar predominante, composta por casal com filhos, reduziu-se de 57% a 42% nas últimas duas décadas no Brasil inteiro. Outro dado que impressiona é o aumento da proporção de casais sem filhos entre 1995 e 2005.
“Nos últimos 20 anos, a principal alteração na composição familiar da população brasileira consistiu em uma redução significativa da proporção de casais com filhos e em um correspondente aumento dos casais sem filhos”, explica. Isso ocorreu, principalmente, com a adesão da mulher no mercado de trabalho e distribuição de responsabilidades dentro da família.
Família é amor
Outra informação do IBGE mostra o quanto a concepção de família tem se expandido, inclusive o número de casamentos entre casais do mesmo sexo. Em MS, o número de casamentos registrados cresceu 3,1% em 2018. Da mesma forma, o número de casamentos registrados entre cônjuges do mesmo sexo também apresentou crescimento, com 42% com relação aos dados de 2017.
Até aqui já deu para perceber o quanto o conceito e a composição de família se expandiram nos últimos anos. É por causa dessa evolução de pensamento que o João Fernando dos Santos Vilela, psicólogo e homem trans, celebra ter uma família. Ele é casado com uma mulher cisgênera e cuida dos filhos do primeiro casamento da esposa.
“Eu e minha esposa crescemos juntos, ela casou e teve dois filhos. Acompanhei toda a gestação e ela durante toda minha transição. A vida se encarregou de nos reaproximar e estamos casados há dois anos e meio. Nossa filha tem 7 e nosso filho tem 11”, diz. João ainda compartilha ao Midiamax que sempre sonhou em ser pai. Desde sua união com a amada, fez questão de inserir as crianças na dinâmica do casal.
“Como acompanhei o crescimento das crianças e já tínhamos afeto, não demorou para que a gente se percebesse como família. Aconteceu de forma natural, em alguns meses as crianças começaram a me chamar de pai e comecei a assumir responsabilidades na criação deles”, recorda o psicólogo.
Um lugar pra chamar de lar
‘Família’ é também ter um lugar para chamar de lar, e disso o João entende bem. Ele conta que tem o costume de sair pelo menos uma vez ao mês com a esposa e os filhos, como ir ao cinema, comer em algum restaurante gostoso ou reuniões com a casa cheia de parentes. Para ele, essa conexão se dá porque inclui os filhos em tudo, especialmente quando se trata de bater-papo sobre respeito e diversidade.
“Meus filhos sabem que sou um homem trans e sempre nos acompanham em eventos ou palestras sobre a diversidade. Respeitando a idade deles e explicando de acordo com o entendimento deles, nós tentamos explicar sobre respeitar os outros e acolher quem é diferente. Apesar de saberem sobre eu ser trans, eles me veem como eu sou e às vezes esquecem. Por exemplo, os dois vivem pedindo uma irmãzinha e já me perguntaram por que eu ainda não fiz um filho com a mãe deles”, diz o psicólogo.
Apesar dos preconceitos existentes e dos ataques sofridos, João afirma que isso não tem importância. O que vale mesmo é beijar a esposa, abraçar os filhos e saber que todos estão bem.
“Na sociedade em geral, aparentemente, somos bem aceitos e costumam falar que nossa família é linda”, conclui ele, emocionado.
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