Mortes por choque elétrico crescem 40% em MS: ‘Pessoas querem resolver sozinhas’

Mortes por eletrocussão, incêndios por sobrecarga, com celulares e descargas atmosféricas. Os números são alarmantes e revelam que, ano a ano, os acidentes deste tipo crescem em Mato Grosso do Sul. No caso de mortes por choque elétrico, por exemplo, o aumento foi de cerca de 40%, maior número da série histórica dos últimos sete […]

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Vítima morreu eletrocutada em Campo Grande. Foto: Arquivo/Jornal Midiamax

Mortes por eletrocussão, incêndios por sobrecarga, com celulares e descargas atmosféricas. Os números são alarmantes e revelam que, ano a ano, os acidentes deste tipo crescem em Mato Grosso do Sul. No caso de mortes por choque elétrico, por exemplo, o aumento foi de cerca de 40%, maior número da série histórica dos últimos sete anos, conforme o Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica 2022 — tendo como base dados de 2021, em todo o país. 

Dados da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade) mostram que, na região centro-oeste, ocorreram 96 mortes por choque elétrico em 2021. No ano anterior, foram 75 mortes. Em 2013, primeiro ano de análise dos dados, foram 69 casos. Ou seja, os números cresceram ano a ano, totalizando 39,1% de aumento nas mortes, em 7 anos. 

Homem morre eletrocutado ao ligar bomba de poço

Em Campo Grande, neste último domingo (17), homem de 44 anos faleceu após tentar consertar uma bomba d’água e sofrer uma descarga elétrica. Uma vizinha, entrevistada pelo Midiamax, disse que ele mexia com frequência no objeto. 

O tenente Márcio Henrique, médico da corporação, ressaltou que a vítima, ao tentar consertar a bomba, acabou caindo em cima dela e, com o chão molhado, recebeu a descarga elétrica. Houve a tentativa de reanimação do homem por 21 minutos, porém, sem sucesso. 

Bombeiros tentaram reanimar a vítima por 30 minutos.
Bombeiros tentaram reanimar o eletricista por 30 minutos. Foto: Marcos Tenório/Jornal Midiamax

Eletricista morre ao mexer na fiação da própria casa

Ao mexer na fiação elétrica da própria casa, no dia 28 de fevereiro, o eletricista Cícero de Almeida, de 47 anos, morreu no Jardim Imá, em Campo Grande. No local, testemunhas disseram que ele subiu em uma escada para mexer na fiação e teria pedido um copo de água para um amigo, pois não estava passando bem. Quando a pessoa voltou, ele já estava caído no chão.

O Corpo de Bombeiros também esteve no local e tentou a reanimação por 30 minutos, só que Cícero não resistiu e faleceu devido a um suposto choque, em que ele bateu a cabeça durante a queda de uma escada. A Polícia Civil investiga este caso.

Muitos tentam resolver o problema sozinhos, avalia engenheiro

“Acredito que a maioria dos acidentes ocorre porque as pessoas não contratam profissionais adequados ou tentam resolver o problema sozinhas. A maioria dos casos envolvem baixa tensão, casos residenciais e também abrangem áreas do setor elétrico. De uma maneira geral, o que a gente percebe é que estes fatos ocorrem com pessoas que não buscam profissionais adequados”, afirmou o engenheiro eletricista e de segurança, Carlos Eduardo Neto de Souza, de 41 anos. 

De acordo com o profissional, a procura por um engenheiro eletricista deve ocorrer desde o momento da execução de um projeto residencial até quando está tudo pronto e é necessário ser feita uma manutenção. Dessa forma, com o sistema em operação, o risco é muito menor e ainda deve seguir as normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho. 

Profissional da engenharia elétrica deve estar presente em obras. Foto: Arquivo/Midiamax

“Muitas pessoas querem resolver usando materiais de baixa qualidade, sem a visão da segurança do trabalho e, uma vez construída a edificação, existe também o cuidado com a manutenção. O custo com profissionais desqualificados pode ser menor, mas, é aí que os acidentes em sua maioria ocorrem”, argumentou ao Midiamax o engenheiro, com 20 anos de experiência na área.

No caso de um projeto adequado, Carlos fala que é necessária a instalação de dispositivos de segurança — o chamado DR (Diferencial Residual) — que protege o usuário, especialmente em áreas molhadas. “Para quem já tem uma instalação elétrica pronta, é necessário conhecer as condições do aterramento, pois, esse é o caminho da corrente elétrica em caso de curto-circuito e, se o aterramento não estiver adequado, a corrente vai circular pelo usuário, ou seja, vai causar um choque elétrico”, explicou.

Primeiros socorros em caso de choque

Quem encontrar uma vítima neste estado pode dar início ao procedimento de suporte básico de vida. Segundo especialistas, é necessário interromper, imediatamente, o contato da vítima com a corrente elétrica, desligando o interruptor ou chave elétrica, além de afastar o fio ou condutor elétrico com um material não condutor bem seco, como um pedaço de pau ou cabo de vassoura, por exemplo. A vítima, se for puxada, precisa ser pelo pé ou pela mão, sem qualquer contato com a pele e usando material não condutor.

Em seguida, deve se iniciar a respiração de socorro, no caso de parada respiratória e o mesmo para o coração. Mesmo com a respiração e os batimentos cardíacos normalizados, é necessário ficar em alerta, caso seja necessário reiniciar o socorro com a vítima inconsciente. Feito isso, o quanto antes, a vítima deve ser levada para um hospital, mantendo a respiração e massagem cardíaca, se necessário.

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