Mato Grosso… do Sul: Rivalidade entre estados vizinhos vem de antes da separação

História de Mato Grosso do Sul mostra que antes da separação dos estados a rivalidade já existia… E persiste até os tempos atuais

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Comemoração nas ruas pelo recém-criado, Mato Grosso do Sul. (Foto: Roberto Higa / Arquivo Público de MS)

Mato Grosso do Sul existe oficialmente há 45 ano, celebrados na próxima terça-feira (11) e, mesmo assim, quase que diariamente, ouvimos gente de outros estados confundir MS com MT. Se é por preguiça de falar o nome completo ou pura ignorância geográfica, não se sabe. Fato é que a rivalidade entre os estados vem de longa data, antes da separação de Mato Grosso do Sul do Mato Grosso “uno”, em 1977.

A história mostra que a separação dos estados foi causada pela insatisfação das lideranças políticas dos municípios da região sul, que atualmente formam o Mato Grosso do Sul. De 1888 vem o primeiro marco do movimento divisionista, que só foi concretizado 88 anos depois com uma ‘canetada’ do então presidente Ernesto Geisel.

No livro “Campo Grande, 100 anos de Construção”, o capítulo sobre a criação de Mato Grosso do Sul destaca a rivalidade. Escrito há 20 anos por Afonso Nogueira Simões Corrêa – engenheiro, pecuarista, escritor e participante da Comissão Especial que supervisionou a divisão do estado – o capítulo fala das origens do Estado.

“A progressiva adesão do povo sul-mato-grossense ao movimento separatista foi consequência da política regionalista e discriminatória, adotada pelos dirigentes de Cuiabá em relação ao sul do Estado (…). Nesse ambiente de permanente disputa pelo poder, as lideranças políticas do norte estimulavam a discórdia, lançando uns contra os outros, com o intuito de enfraquecê-lo e assegurar o predomínio do norte”, diz no livro pertencente ao acervo do IBGE.

O livro ainda revela que também eram impostas dificuldades aos moradores do sul para resolver questões burocráticas, considerando que Cuiabá era a capital na época – apesar dos municípios do sul serem economicamente mais prósperos. “Isso fez crescer o descontentamento e a animosidade dos sulistas contra o governo e os políticos do norte”.

Autoridade da época, Afonso relata ainda que “na consciência coletiva dos habitantes do sul, as palavras ‘Cuiabá’ e ‘cuiabano’ tinham, desde a infância, conotação intimidativa”. O livro ainda compara o cuiabano a alguém de autoridade repressiva, como o professor primário que usava a palmatória, o coletor de impostos e o delegado.

Comemoração estilo Carnaval

Jornais da época relatam a felicidade da população do recém-criado Mato Grosso do Sul com o ato que marcou a divisão. O jornal O Estado de SP, de 12 de outubro de 1977, destacou na capa a festa no estilo ‘carnaval’ promovida pelo novo estado, apesar da cerimônia em que Geisel assinou a lei complementar ter durado apenas 11 minutos.

Da cerimônia, em Brasília, participaram 860 convidados, mas a festa promovida pela população começou às 5h30 do dia 11 de outubro, em Campo Grande. Na capa, o jornal Folha de São Paulo destacou que foi criado o Estado de MT do Sul, destacando os benefícios políticos e administrativos para a separação.

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