Mais de 1 ano após colapso na saúde, confira os avanços em 2022 e o rumo da Covid-19 em MS

Estado registra aumento de casos positivos e menos procura por vacinas

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
covid
Teste de Covid (Midiamax, Arquivo)

Mesmo com a sensação de que a pandemia de Covid-19 tenha acabado, o aumento de casos pela subvariante da Ômicron nos últimos meses não permite o sul-mato-grossense esquecer a força do vírus que já matou mais de 690 mil brasileiros em dois anos e meio.

Atualmente, a taxa de mortalidade da Covid em Mato Grosso do Sul está em 1,94%. Mais de 1,7 milhão de testes foram realizados pelos sul-mato-grossenses e 586.167 deram positivo. Até este 26 de dezembro de 2022, o Estado registrou 10.886 mortes. 

Recentemente, Mato Grosso do Sul vem registrando aumento de casos confirmados e mortes há pelo menos quatro semanas. Saiu de 316 para 668 testes positivos e de 3 para 6 mortes entre a 45ª e 48ª semana epidemiológica, respectivamente. 

Vacinas funcionam

O Brasil chegou a registrar mais de 3 mil mortes diárias por Covid-19 em março de 2021, porém este número começou a cair com o avanço da vacinação nos meses seguintes. Portanto, especialistas reforçam a importância de se imunizar com todas as doses disponíveis para o grupo no qual o cidadão se enquadre. 

Porém, mesmo com a imunização, o Brasil registra aumento de infecções devido à chegada de uma subvariante da Ômicron ao mesmo tempo em que a procura pelas doses de reforço pela população é baixa. 

De acordo com a médica infectologista e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Mariana Croda, o vírus sars-cov 2 tem uma grande capacidade de se modificar e tornar-se mais resistente aos mecanismos imunológicos de defesa. 

As doses de reforço são necessárias devido à queda de anticorpos após seis meses de imunização. A infectologista frisa que a quarta dose, assim como as anteriores, tem a meta de evitar casos graves da doença. 

“Nesse contexto, a vacinação tem o grande objetivo de diminuir internações e óbitos mais que prevenir a infecção. Por isso, vemos novo aumento de casos pela entrada de uma nova variante mais transmissível, a despeito da cobertura vacinal”, explica a médica.

Por se tratar de uma nova variante, a qual ainda não se sabe sobre todo o potencial, a infectologista frisa que é importante a volta do uso de medidas individuais de proteção, como uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento. 

“As vacinas para Covid-19 já estão provadas que são seguras e eficazes. Assim como temos reforços de outras vacinas, temos que seguir o calendário proposto para a covid 19”, ela reforça.

A nova subvariante da Ômicron, a BQ.1, tem como característica ser mais transmissível. Ela foi registrada pela primeira vez no início de novembro no Rio de Janeiro e não há registros de circulação no território de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Secretária Estadual de Saúde.

Baixa procura pelas vacinas em MS

Mato Grosso do Sul registra baixa procura pelas vacinas. Saiu da liderança de imunização para a 12ª posição atualmente. De acordo com o secretário estadual de saúde, Flávio Britto, a procura menor não é exclusiva do Estado. 

“Infelizmente, é um comportamento que não é exclusivo apenas de Mato Grosso do Sul, mas de todo o Brasil. Este fenômeno de vacinação não acontece somente quanto a vacinação contra a Covid-19, mas todos os demais imunizantes, um exemplo, é com a vacina da poliomielite também não foi diferente”, explica o secretário. 

A procura pela dose de reforço em Campo Grande para os grupos que a vacina foi liberada recentemente é pequena. Em quatro meses, apenas 1.823 campo-grandenses de 18 a 35 anos receberam a quarta dose (equivalente à terceira dose para os imunizados com Janssen).

Já para o grupo dos pequenos, a SES distribuiu 1.020 doses da Pfizer Baby aos municípios, parte do primeiro lote de 15 mil vacinas enviadas pelo Ministério da Saúde.

máscara
Especialistas recomendam o uso de máscaras (Foto: Nathália Alcântara/Midiamax)

Das pouco mais de mil doses, até hoje apenas 328 crianças de seis meses a dois anos com ou sem comorbidades receberam a primeira dose, o que representa 32,15% dos imunizantes utilizados em quase um mês. 

De acordo com Flávio, a população precisa se conscientizar sobre a importância de completar o esquema vacinal, especialmente sobre as doses de reforço.

“A SES possui uma resolução vigente que recomenda quanto ao uso de máscaras em locais fechados como transporte público, aplicativos, unidades hospitalares e ambientes fechados. É importante a população se cuidar e seguir todas as recomendações de biossegurança”, recomenda o titular da SES. 

Abertura e fechamento de centro de testagens

Desde o início da pandemia, Campo Grande testemunhou a abertura e fechamento de centros de testagens. Segundo a Sesau, a Capital chegou a realizar cerca de 1,6 mil testes diariamente e, atualmente, a demanda nas unidades é de uma média de 50 a 80 testes por dia.

A partir de maio, os números de novas infecções começaram a declinar e, consequentemente, houve diminuição na demanda. Assim, a Prefeitura encerrou o atendimento no Centro de Testagem na região Central. 

Locais para vacinação em Campo Grande

Até então, o teste para Covid-19 era oferecido somente em 30 unidades referenciadas, além do Centro de Testagem, diante da quantidade reduzida de insumos disponíveis.

Os testes também chegaram a ser realizados em abril de 2020 no Polo de Atendimento instalado no Parque Ayrton Senna, um mês após o início da pandemia. 

Desde maio, a oferta de testes foi descentralizada para as 73 unidades básicas e de saúde da família.

Conforme a Sesau, mesmo diante da baixa demanda, o município tem capacidade para realizar mil testes diariamente, caso seja necessário. 

Desafios e conquistas

De acordo com o último boletim epidemiológico da Covid-19, Mato Grosso do Sul tem atualmente 25 pessoas hospitalizadas pela doença. São 16 em leitos clínicos e 9 em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva). O Estado possui, ao todo, mais de 500 leitos.

Porém, o cenário sobre a disponibilidade de leitos já foi diferente. O colapso no sistema estadual, com taxa de ocupação de leitos acima de 100%, levou MS a transferir pacientes para outros estados em junho de 2021.

“A nossa maior conquista foi a criação de leitos. Nós temos mais de 500 leitos de UTI em nosso Estado e caso seja necessário podemos fazer o remanejamento deles. O maior pico da pandemia em MS foi no início de 2021 quando enfrentamos muitos casos em nosso Estado”, avalia o secretário Flávio Britto.

Já para a infectologista Mariana Croda, a pandemia levou a um fortalecimento das estratégias no SUS, sobretudo ações em vigilância em saúde.

Foi um grande desafio ter uma resposta rápida para atender toda a demanda em saúde, desde a assistência direta aos pacientes como o trabalho de bastidor sobre vigilância, detecção precoce e diagnóstico e vacina. 

Além disso, a ciência também se fortaleceu no ramo da comunicação para combater a disseminação das fake news.

“Isso ainda sem uma coordenação clara do Governo Federal fazendo com que estados e municípios assumissem suas estratégias”, acrescenta a médica. 

O que esperar da pandemia em 2023?

Vacinas contra Covid estão disponíveis em diversas unidades de saúde (Foto: Midiamax/Arquivo)

A pandemia do Coronavírus não acabou e vamos ter que aprender a lidar com esta situação. Essa é a avaliação do secretário estadual de saúde, que ressalta a importância da vacinação, do uso de máscaras e de evitar aglomerações. 

“Nós precisamos que as pessoas façam a adesão às vacinas, disponíveis para todas as idades. As vacinas são seguras e estão se aperfeiçoando, mas o vírus também sofre mutações”, alerta Flávio Britto. 

O governo afirma que pretende lançar uma campanha com foco na vacinação e que monitora o comportamento da doença no território estadual. Além disso, também conta com o apoio das prefeituras dos municípios para auxiliar no enfrentamento. 

A infectologista Mariana Croda acrescenta que Mato Grosso do Sul teve um resultado exemplar na pandemia, especialmente sobre respostas rápidas e vacinação. Contudo, a cobertura vacinal começou a declinar nas doses de reforço e na primeira dose em crianças. 

“Além disso, muitos leitos foram fechados. Isso causa uma preocupação nesse momento de elevação importante do número de casos”, afirma a médica. 

Conteúdos relacionados