‘Granada’ e fogueira: Moradores de rua improvisam para se esquentar no frio em Campo Grande

Para se esquentar durante o frio registrado nos últimos dias, em Campo Grande, moradores em situação de rua no bairro Nova Lima, região norte da cidade, improvisam uma fogueira, além de beber a ‘granada’, gíria para se referirem à pinga e cachaça. Não há muitas opções para quem vive nas ruas: é encaminhado para um […]

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Moradores em situação de rua fogueira
Clarindo se esquentando próximo à fogueira. (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

Para se esquentar durante o frio registrado nos últimos dias, em Campo Grande, moradores em situação de rua no bairro Nova Lima, região norte da cidade, improvisam uma fogueira, além de beber a ‘granada’, gíria para se referirem à pinga e cachaça.

Não há muitas opções para quem vive nas ruas: é encaminhado para um abrigo ou então se une aos amigos na mesma situação. É o caso de Clarindo Chagas da Silva, 44 anos, catador de material de reciclagem. Ele conta que, junto com outros seis moradores, faz a fogueira com pedaços pequenos de lenha que encontra pelo caminho, se concentrando ao redor de uma barraca, em uma praça da região.

Os moradores costumam então fazer uma roda ao redor do fogo e, juntos, trocam conversas e tomam pinga, um jeito de se aquecer. “Quando um chega, a gente pergunta: trouxe a granada?”, brinca ele. A história dele é longa, os pais moraram na região por anos e são falecidos. Clarindo lamenta e fala que “vive o abandono todos os dias”, além do desprezo, principalmente de quem conhecia a família dele e hoje o ignora.

Moradores em situação de rua
Improvisando barracas e fogueira para fugir do frio. (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

“Por ser usuário de droga, alcóolatra. Tem muito preconceito. Tenho hanseníase. Muita gente que conheceu meus pais e se negam a doar comida. Temos que pedir para quem se solidariza”, disse.

Conhecida como um anjo para eles, a aposentada Maria Aparecida Vieira, de 64 anos, é uma das vizinhas do local que compartilha a bondade, uma das únicas que os ajuda.  “A gente dentro de casa, mesmo agasalhado já sente frio, imagina eles nessa situação. Faço um pouquinho a mais de comida e doo”, disse.

fogueira
(Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

Como ajudar?

O Seas é um serviço de estratégia da Prefeitura Municipal que oferece a casa acolhimento, alimentação, higiene pessoal e pernoite. O atendimento acontece 24h por dia e conta com equipes de plantão. Através de ligações, os servidores especializados recebem informações e podem iniciar o trabalho de encaminhamento social.

Para informar as equipes sobre uma pessoa em situação de rua, os chamados são feitos pelo telefone funcional (67) 98404-7529 / 98471-8149.

Das 7h30 às 17h, o Centro Pop oferece café da manhã, almoço e lanche da tarde. Também são entregues cobertores e a pessoa em situação de rua pode recorrer ao local para fazer sua higiene pessoal e lavar alguma roupa. As pessoas que aceitam o acolhimento são levadas para uma das quatro unidades de acolhimento citadas abaixo.

Acolhimento Institucional UAIFA 1 (Unidade de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias), na Rua Jornalista Marcos Fernandes, no bairro Jardim Veraneio/Parque dos Poderes; UAIFA 2/ Cecapro (Centro de Capacitação Profissional), na Rua Evelina Figueiredo Selingardi, nº 1.440, bairro Parque do Sol; Casa de Passagem Resgate, na Rua Pepe Simioli, nº 96, Centro; ou Casa de Apoio aos Moradores de Rua São Francisco de Assis, na Rua Monte das Oliveiras, nº 113, bairro Center Park.

À noite, após às 17h30 as pessoas que aceitam o acolhimento são levadas direto para uma destas unidades pelas equipes do Seas. Durante o dia, elas são levadas ao Centro Pop para passar por uma triagem, mas já são encaminhadas.

Clique aqui para saber mais.

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