Gêmea com Ponta Porã, Pedro Juan Caballero faz 123 anos e já teve o mesmo nome

Durante a pandemia, cidades ficaram isoladas por trincheiras e cordões de soldados

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Marco divisório entre as duas cidades (Foto: Marcos Morandi, Midiamax)

Com ligação quase umbilical com Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, com quem  divide fronteira e compartilha economia, costumes, amores e também dissabores, Pedro Juan Caballero celebra 123 anos nesta quinta-feira (1). Na época de sua fundação, o nome do lugar fazia referência à conterrânea sul-mato-grossense.

Iniciada em 1º de dezembro de 1899, a cidade foi emancipada uma década depois, e era conhecida como “Paraje Punta Porã”, nome que acabou incorporado ao lado brasileiro. Relatos mostram que o lugarejo era encravado entre gigantescas árvores da espécie peróba.

Escolhida como capital do Departamento de Amambay, Pedro Juan Caballero tem registro de nascimento em terras que um dia foram paraguaias e remonta aos tempos da Guerra da Tríplice Aliança.

“A cidade de Pedro Juan Caballero se originou em um planalto da serra de Amambay; O acesso a estas serras dava-se pela temida picada de Chirigüelo, cuja travessia em alguns troços constituía um desafio, pelo que ao vencê-la tinha-se a sensação de se chegar ao Éden”, dziz um trecho do livro Parlim – Um projeto de Integração, de autoria do historiador e secretário de Segurança de Ponta Porã, Marcelino Nunes de Oliveira.

“Temos muito amor por este lugar e iremos defende-lo com toda as nossas forças. Mais que uma cidade enfrenta a violência, temos um povo trabalhador, que é compremetido com as relações de amizade que tem pelos nossos irmãos de Ponta Porã”, explica o prefeito recém empossado de Pedro Juan Caballero, Ronald Acevedo, que recentemente foi homenageado pela Câmara de Vereadores de Ponta Porã.

“Nossa gente é praticamente uma. Para quem nasceu aqui ou escolheu a cidade para construir uma nova vida, é um lugar muito bom. Nossa fronteira é imaginária e apesar dos idiomas diferentes, somos todos iguais e isso reflete no sentimento de amor que cada um tem pela cidade”, revela Hélio Peluffo, que nasceu em Ponta Porã.

Segundo ele, que está no segundo mandato como prefeito da cidade, o amor pelo lugar vem desde criança. “Tive uma infância bem vivida pelas ruas dessa cidade. Boa parte desse período foi compartilhada com muitos amigos que conquistei do lado brasileiro, quanto paraguaio”, relata Peluffo.

Impactos da pandemia

Durante a pandemia do Coronavírus, as duas cidades viveram momentos de tensão e incertezas, quando ficaram mais de sete meses afetadas pelos efeitos devastadores da Covid-19. Comerciantes dos dois centros se uniram e deram início ao trabalho de reconstrução da economia local.

Apesar de um cenário caótico e das perspectivas da retomada de desenvolvimento apontarem para horizontes de médio e longo prazo, esperança é uma palavra que foi incorporada ao cotidiano de empresários e trabalhadores das duas cidades.

Na época reportagem do Midiamax esteve na Linha Internacional, como é conhecido o marco divisório e imaginário  entre Pedro Juan Caballero, no Paraguai e Ponta Porã e presenciou uma fronteira inquieta, isolada por pneus e cercas de arame farpados à espera de tempos melhores.

 “Essa relação entre Pedro Juan e Ponta Porã é quase simbiótica. Uma cidade depende da outra. Se falamos de comércio, temos 15 mil paraguaios cadastrados que fazem compras no crediário no Brasil e uma população de quase 45 mil pessoas que movimentam as duas cidades”, destacou o empresário paraguaio Tomás Medina em conversa com o Midiamax.

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