A família do pedreiro João Evangelista da Silva, de 61 anos, questiona a forma como se deu os primeiros atendimentos após o idoso cair do telhado de um em , a 187 km de . Semanas após o acidente, ele morreu na Santa Casa de Campo Grande.

O homem era funcionário do frigorífico BXB Foods, no município, e recebeu a ordem para realizar uma manutenção no telhado da empresa, durante uma forte chuva no dia 3 de março. Ele caiu de uma altura de 6 metros, foi transferido para Campo Grande e, semanas depois, veio a óbito na Santa Casa por consequência da queda.

O é de uma das filhas, Juliane Flores da Silva de 29 anos, que relatou o ocorrido. “Ele trabalhava no frigorífico BXB, no dia do acidente estava chovendo muito e pediram para ele subir no telhado para desentupir a calha. Só de capacete, e sem corda de proteção. Meu pai caiu de 6 metros de altura, se a empresa tivesse mandado ele com todos os equipamentos de proteção não ia acontecer nada”, disse ela.

Depois da queda, Juliane relatou que os próprios colegas de trabalho prestaram socorro ao pai dela. A vítima bateu a cabeça e expelia sangue e um líquido amarelo pela boca. Ele foi levado na carroceria de uma camionete do frigorífico até o posto de saúde da cidade.

“A ambulância [da prefeitura] demorou quase uma hora, e os colegas tiveram que levar ele tomando chuva até chegar no posto, falando para ele não dormir. No caminho a ambulância até passou por eles. Os colegas chamaram, mas não ouviram”, disse ela.

João Evangelista da Silva (Foto: Juliane Flores da silva / Aquivo Pessoal)

Durante a transferência de Nioaque para Campo Grande a filha alega que teria ocorrido uma possível negligência por parte da prefeitura. “Ele foi mandado para a Santa Casa de Campo Grande na ambulância do município, mas faltou oxigênio durante o caminho. Em Campo Grande, o médico falou que a falta de oxigênio na estrada prejudicou mais. Eles tiraram uma parte do cérebro que já estava morta”, disse ela.

Depois da entrada no dia 3 de março, João Evangelista veio a óbito no dia 10 de maio, por consequenciais do acidente no frigorífico da BXB Foods. “Foi erro deles, o encarregado mandou ele subir sem o EPI adequado porque estava caindo água dentro do frigorífico e o serviço tinha parado, ele queria fazer a produção rodar e mandou o meu pai subir na chuva”, desabafou Juliane Flores.

O pedreiro trabalhava há cerca de 4 anos na BXB Foods e, durante a internação, a família alegou que teria ficado desassistida por parte da empresa. “Ele ficou internado entre março e maio. Eles pagaram a só de abril e depois de cobrarmos muito. Quando ele precisou de fralda, lençol e remédios nós tiramos do próprio bolso. Depois que ele morreu, eles decidiram arcar com as custas do funeral. Queremos justiça, a vida do meu pai não valeu nada para a empresa”, relatou.

Causa da morte

A Santa Casa de Campo Grande informou que João Evangelista da Silva, de 61 anos, deu entrada no dia 3 de março às 13h05, encaminhado de Nioaque com histórico de queda de altura de 6mts e TCE (trauma cranioencefálico). O paciente evolui para um hematoma subural com necessidade de craniectomia e lobectomia temporal, durante a internação apresentou pneumonia, não respondendo aos tratamentos instituídos. O paciente veio a óbito no dia 10/5/2022. João Evangelista deixou 5 filhos e esposa.

Prefeitura de Nioaque se omite

O Jornal Midiamax questionou a prefeitura de Nioaque sobre a suposta falta de oxigênio durante o transporte de João Evangelista da Silva para Campo Grande, e a demora relatada pela família no atendimento da vítima. A solicitação foi efetuada via e-mail no dia 27 de junho de 2022, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

O que diz o frigorífico BXB

O jornal Midiamax entrou em contato com o frigorífico BXB questionando as acusações feitas pela família. Confira a íntegra da nota de posicionamento da BXB:

Ao contrário do que diz a denúncia, a empresa dispõe de todos os equipamentos de segurança e os funcionários são obrigados a comunicar o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) para avaliar todo e qualquer trabalho de risco, antes de executá-lo, para então autorizar ou não o serviço.

Infelizmente, esse procedimento não foi observado no dia do acidente. E, por isso, os procedimentos estão sendo revistos pela equipe do SESMT.

Com relação às custas após o acidente, a empresa possui todos os recibos das despesas hospitalares e medicações, combustível para a família e gastos com o funeral.

A BXB comunga da dor da família do Sr. João Evangelista da Silva e se coloca à disposição para maiores esclarecimentos.