Dia do Aviador: o que é preciso para se tornar um ‘Top Gun’ brasileiro?

Muito estudo, dedicação e paciência são necessários para formar e permitir que alguém assuma o controle de jatos supersônicos e se torne aviador

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Monumento do Aviador, em Campo Grande (Foto: Nathália Alcântara/Jornal Midiamax)

O filme ‘Top Gun: Maverick’, que estreou neste ano, trouxe à luz do grande público uma carreira construída nos ares: a de aviador. Neste domingo (23), inclusive, são comemorados o Dia do Aviador e Dia da FAB (Força Aérea Brasileira).

Embora o imaginário popular possa idealizar o piloto de uma aeronave supersônica e a defesa dos céus do país, no Brasil, a FAB (Força Aérea Brasileira) também dá suporte e atua em várias áreas.

Segundo a corporação, uma delas é o transporte de um órgão que vai ser transplantado e dar chance de vida a quem já não tinha mais esperança, outra é resgatar uma pessoa que sofreu um acidente, que passou mal ou que ficou à deriva em uma embarcação.

Essas são algumas das ações reais que os militares realizam no exercício da profissão. É a eles e à FAB que a data de 23 de outubro é dedicada, em alusão ao primeiro voo oficial do avião 14-Bis de Alberto Santos-Dumont, em 1906, no Campo de Bagatelle, na França.

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Dia do Aviador é comemorado em 23 de outubro (Foto: Divulgação/FAB)

Formação do Oficial Aviador

Para se tornar um Oficial Aviador, primeiramente, são necessários quatro anos de formação na AFA (Academia da Força Aérea), onde ocorre o preparo dos Cadetes, para a vida no quartel e para o voo. Na academia, eles são instruídos não só a fazer manobras em aeronaves, mas também a incorporar preceitos básicos como dedicação e comprometimento.

É com a teoria e a prática que eles, enfim, ficam aptos para cumprir a missão. “[…] é o esforço individual que possibilitará que os Cadetes que estão se formando, com dedicação e paciência, assumam o comando desses novos vetores com o tempo”, destaca o Major Aviador Gustavo Abreu Bastos, piloto de Caça da FAB, em entrevista à revista Notaer.

Hoje, com 14 anos de experiência na Aviação de Caça, o Major Bastos lembra bem como foi voar pela primeira vez sozinho na Academia.

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Major Aviador Gustavo Abreu Bastos (Foto: Divulgação/FAB)

“A sensação indescritível do primeiro voo solo na aeronave T-25 era renovada cada vez que eu dominava uma aeronave diferente. Todavia, não poderia deixar de mencionar a honrosa experiência de ter cumprido uma missão de combate aéreo, pilotando um F-5”, relembra.

Ao final da formação na AFA, os militares, agora Aspirantes a Oficial, vão para a cidade de Natal (RN), onde recebem instruções do PESOP (Programa de Especialização Operacional), por um ano, dentro de alguma das Aviações da FAB.

Já quanto à remuneração, segundo a plataforma Glassdoor – que reúne informações sobre empresas e órgãos com base em avaliações de funcionários – o salário mensal médio de piloto da FAB é de R$ 14.040, embora possa variar entre R$ 9.923 a R$ 17.442.

Treinos militares da FAB em Campo Grande

A BACG (Base Aérea de Campo Grande), conhecida como “Sentinela Alada do Pantanal”, iniciou as atividades em maio de 1932, quando a Aviação Militar, do então Ministério da Guerra, sentindo a necessidade de dar maior apoio aos aviões que passavam pela região, criou um Núcleo de Destacamento de Aviação em Campo Grande.

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Base Aérea de Campo Grande (Foto: Nathália Alcântara/Jornal Midiamax)

Em 2022, a Base Aérea recebeu diversos treinamentos importantes e até ‘visita’ de militares norte-americanos para realizar capacitação da FAB. O local recebeu novamente a EXCON TÁPIO 2022, atividade de cunho militar com simulações de guerra, incluindo missões de paz da ONU, em agosto.

A USAF (Força Aérea dos Estados Unidos) enviou para a BACG, pelo segundo ano consecutivo, um Boeing C-17 Globemaster, aeronave cargueira responsável por trazer os modernos helicópteros HH-60G Pave Hawk.

O objetivo do evento era realizar treinamentos de missões de ataque, reconhecimento aeroespacial, infiltração aérea, busca e salvamento em combate. Participaram das duas fases do exercício aeronaves das aviações de caça, transporte, reconhecimento e asas rotativas.

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Aeronave da FAB (Foto: Divulgação/FAB)

Já entre 12 de setembro e 7 de outubro, a BACG realizou um exercício que faz parte do Plano de Trabalho das Atividades Conjuntas e compreende a certificação de militares.

A atividade desenvolveu os conhecimentos teóricos e práticos para o planejamento e emprego de aeronaves nas missões de Ataque ou de Apoio Aéreo Aproximado. Ao final do exercício, foram certificados 12 militares oriundos das três Forças, sendo quatro da Marinha, quatro do Exército e quatro da FAB.

Operação inédita

Além deste treinamento com os estrangeiros, a Base também realizou uma operação inédita com drone militar não tripulado, em Campo Grande. O equipamento saiu de Santa Maria (RS) e veio até a Capital, percorrendo aproximadamente 1.000 km.

O voo histórico decolou da Base Aérea de Santa Maria (BASM), às 3h05min da manhã. Uma equipe realizou a preparação da aeronave e os tripulantes utilizaram uma antena de solo, que era apontada diretamente para a aeronave, o que permitiu o comando remoto durante todas as fases da operação.

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Aeronave que é controlada remotamente (Foto: Divulgação/FAB)

Na segunda etapa, uma tripulação assumiu o controle do RQ-900 a partir de Brasília (DF). Desta vez por link satelital, executando a pilotagem remota até o aeródromo de Campo Grande.

Logo depois, já na última fase da operação, uma tripulação local assumiu o comando da aeronave, também em linha de visada, realizando um pouso suave e com segurança na Cidade Morena.

Polêmica

Como nem só de grandes feitos vive um órgão militar, a FAB em Mato Grosso do Sul se envolveu em uma polêmica recentemente. Moradores de Dois Irmãos do Buriti se incomodaram com o treinamento militar com aeronaves.

Moradores do município relataram que os dias foram difíceis devido ao barulho causado pelos aviões. “Aviões das FFAA estão tirando a paz e sossego dos nossos moradores de Dois Irmãos do Buriti. Dão rasantes sobre a avenida”, disse um morador.

Outra moradora afirmou que o barulho deixou crianças assustadas. “Não aguentamos mais isso, as crianças choram muito por causa do barulho que é alto. Teve um dia que foi das 8h até as 15h”, relatou.

Sobretudo, a FAB informou em nota que realiza treinamentos rotineiros com o objetivo de manter o preparo e o pronto-emprego dos meios aéreos sob sua responsabilidade, para cumprir a sua missão de manter a soberania do espaço aéreo com vistas à defesa da Pátria.

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