Os acadêmicos do curso de Leduc (Licenciatura em Educação do Campo) não ocupam mais a reitoria da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). Os manifestantes, que desde a última quinta-feira (9) estavam acampados na instituição, cumpriram decisão judicial neste final de semana.

A medida foi expedida juiz substituto Rubens Petrucci Júnior da 2ª Vara Federal de Dourado em atendimento a uma ação de reintegração de posse. Caso houvesse resistência, foi determinado o emprego de forças policiais para desocupação forcada, além de multa diária de R$ 500. Entretanto, essa medida não utilizada, uma vez que os estudantes acataram a liminar.

Os estudantes da Faind (Faculdade Intercultural Indígena) emitiram uma Carta Aberta voltada para a comunidade interna e externa da UFGD.  No documento eles ressaltam o caráter legítimo do protesto e reafirmam as reivindicações que deram origem à ocupação.

Veja a integra da nota:

Nós, do Movimento Estudantil da Faculdade Intercultural Indígena da Universidade Federal da Grande Dourados (FAIND/UFGD), viemos por meio deste documento, reiterar o caráter legítimo e pacífico da nossa manifestação, que se iniciou na última quinta-feira (9).

As nossas principais reivindicações são:

  • Garantia de recursos para alojamento, transporte e alimentação para a estadia dos estudantes da Licenciatura Teko Arandu e da Licenciatura em Educação do Campo para as próximas etapas de aulas na universidade, que ocorrerão a partir de agosto;
  • Viabilização de um espaço temporário para alojamento dos estudantes da FAIND e garantia da construção de um espaço próprio da UFGD (Casa da Alternância) para alojamento;
  • E a implementação dos cursos da FAIND na Matriz OCC (Orçamento, Custeio e Capital), para que haja a segurança do orçamento destinado à faculdade.

Acreditamos que o atendimento a essas reivindicações é condição básica para garantia da continuidade do funcionamento da FAIND, uma faculdade que tem mais de 400 estudantes matriculados, para além do seu corpo docente e técnico-administrativo. Somente o curso da LECUC tem atualmente cerca de 200 estudantes já matriculados e outros 60 recém admitidos pelo vestibular que devem iniciar seus estudos no mês de agosto.

Os estudantes da FAIND residem, principalmente, em comunidades indígenas e assentamentos rurais em diversos municípios do estado. Assim, a necessidade de deslocamento para Dourados, entre outras condições estruturais, implica desafios significados para sua permanência na universidade. Nesse sentido, ressaltamos o dever do Estado, através da UFGD, em garantir o acesso à educação e todas as condições de permanência a esses estudantes.

Quanto ao movimento de ocupação, ponderamos que ele possui uma variedade de pessoas, que apresentam diversas características. O corpo discente é composto por idosos, mulheres grávidas, crianças que acompanham suas mães e pais acadêmicos, pessoas com problemas de saúde e Pessoas com Deficiência, que, diante da omissão da Administração da UFGD, estão expostas à ao agravamento da sua situação de vulnerabilidade social, além da exaustação psicológica e física.

Reiteramos que os portões da Reitoria estão abertos para toda a comunidade. Estamos dispostos para diálogo e negociações que atendam nossas demandas. A bandeira do nosso movimento é a busca de garantia da permanência da FAIND como uma das unidades acadêmicas da UFGD. Temos tanto direito de seguir existindo quanto qualquer outro curso ou faculdade desta universidade.

Estudantes divulgaram nota sobre desocupação (Foto: Marcos Morandi)