Sofás, lixo orgânico, entulhos e um cheiro insuportável de carniça compõem a rotina de quem passa pela rua Marquês de Herval, no bairro Oscar Salazar Moura da Cruz, em Campo Grande. A partir do cruzamento da rua Major Geovane Francisco Nadalin, uma das faixas já está praticamente tomada pelo lixo, fazendo os moradores conviverem com o descarte e transtorno há mais de 10 anos, onde até um homem morto já foi encontrado.

Morando no bairro há 40 anos, Fausto Carmo, de 57 anos, viu o problema crescer e trazer riscos aos moradores. “Está assim há mais de 10 anos. Essa é uma estrada boa e deveria ser mais cuidada. Serve de escoamento de cargas para quem vem do distrito de Rochedinho, porque corta um caminho grande. Podiam asfaltar ela, ia ser bom pra todo mundo”, disse o morador.

Partindo do bom senso, ele até tenta conversar com quem vai descartar lixo no local, mas a ignorância acaba predominando. “Jogam lixo todo dia e à noite mais ainda. Incomoda muito e tem o perigo de contaminação. Jogam de tudo: cachorro morto, sofá, guarda-roupa e até um homem morto já encontraram. Fui conversar com quem estava deixando entulho pra não fazer isso, mas apontaram um revólver na minha cara”, disse ele.

Risco para a saúde dos moradores

Passeando com as netas em uma área próxima da via, o aposentado Jobson Mongelo, de 53 anos, também se sente incomodado com a situação. “É muito ruim, tem muita sujeira ali. Jogam lixo e tudo o que é de porcaria. Isso traz risco para o bairro, aqui a dengue está crítica”, disse ele.

Na concepção do estudante Gabriel da Silva, de 17 anos, a situação fica ainda mais grave quando alguém ateia fogo. “Colocaram fogo ontem e você não via nada. Só aquele fumaça branca. Você não aguenta o cheiro ruim, ainda mais eu que tenho problema no pulmão”, detalhou.

Onde denunciar

A Prefeitura de Campo Grande foi acionada para prestar esclarecimentos sobre a limpeza do local e a punição para quem descarta o lixo de forma irregular. Em nota, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) informa que o descarte irregular de resíduos em vias públicas configura crime ambiental, portanto, deve ser denunciado.

A pasta destaca que nos casos onde o cidadão presenciar o descarte irregular de resíduos em terrenos baldios ou vias públicas, que efetue de imediato a denúncia à Patrulha Ambiental da Guarda Civil Metropolitana via telefone 153 para que o autor seja flagrado realizando o descarte. Já nos casos em que se configura a má conservação dos terrenos baldios onde foram descartados indevidamente os resíduos, as denúncias devem ser direcionadas à Semadur através da Central 156. 

A Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) tem feito a limpeza frequente desta área que tem sido usada para o descarte irregular de lixo. A reclamação será encaminhada para providências do setor responsável.

Punição

A Semadur também ressalta que o cidadão que for flagrado realizando o descarte irregular de resíduos pelas forças de segurança pública responderá por crime ambiental e caso flagrado por um auditor fiscal da Semadur será autuado, via processo administrativo, de acordo com o Código de Polícia Administrativa, Lei 2909/92, do município de Campo Grande. Neste caso, a multa varia entre R$ 2.727,50 e 10.910,00.

O Jornal Midiamax também questionou qual era a previsão da gestão municipal para asfaltar a rua e aguarda o retorno.