A suspensão da confecção de passaportes pela Polícia Federal (PF) vem causando problemas às agências de turismo de Campo Grande. A medida foi adotada por falta de verba para o serviço, por isso, levando em conta que o documento leva de 6 a 10 dias úteis para ficar pronto, trabalhadores do setor precisam adaptar roteiros já prontos.

Heloisa Gonçalves Botelho atua como consultora da Ani Viagens e afirma que a decisão repentina afetou viagens marcadas para 2022.

“Algumas famílias que deixaram para programar suas férias internacionais para 2023, levaram um susto diante dessa decisão, pois algumas famílias se programam meses antes por serem autônomas ou aos que trabalham CLT para que peçam as férias ao RH. Então, como já estava tudo certo para a conclusão da venda, algumas famílias tiveram que adiar porque não conseguiram agendar a emissão do passaporte”, explica ao Jornal Midiamax.

Heloísa ainda ressalta que os clientes mais afetados foram os que iriam fazer a primeira viagem internacional, bem como aqueles com passaporte vencido e precisam renovar. Para não perder o período de férias, muitos viajantes optaram por trocar o destino.

“Os que estavam escolhendo entre Europa, decidiram escolher entre os países do Mercosul, pois não há a necessidade do passaporte”, afirma a especialista.

Clientes foram orientados a esperar o retorno da emissão do passaporte para retomar programação para o exterior onde documento é exigido e, assim, evitar futuros transtornos.

Impacto instantâneo

A empresária Lúcia Netta, dona da agência Sun Viagens, também não ficou imune da decisão. Ela explicou à equipe de reportagem que as viagens já emitidas não sofreram mudanças, já que os passageiros já possuíam passaportes. No entanto, pessoas que estavam com planejamento para as novas emissões sofreram impactos instantâneos.

“Temos atendido muitos pedidos para viagens a países que necessitam de passaporte, desde passeios específicos a circuitos mais elaborados, que diante da indefinição de data para retomada das emissões de passaportes, precisarão ser adiadas, ou em alguns casos, terem seu destino alterado”, afirma Lúcia.

Dessa forma, parte dos seus clientes que ainda está na fase de orçamentos em paralelo aos pedidos de emissão do documento estão estudando outras opções, sejam elas o adiamento da viagem ou alteração do destino.

“Temos orientado nossos clientes a terem um pouquinho de paciência, pois logo a instabilidade política deixará de ser um obstáculo para que suas viagens dos sonhos se realize, pois a emissão de passaportes é um tema sensível a todos os governos, e cremos realmente que em poucos dias as emissões desse documento será restabelecida”, conclui a empresária.

Sem data de entrega

O valor do passaporte é de R$ 257,25, mas não há data para entrega até a normalização da situação, conforme apontado pela PF.

Isso ocorre porque os R$ 217 milhões que estavam disponíveis para o serviço em 2022 já foram gastos. Não há recursos, inclusive, para a compra do papel, que é especial por razões de segurança. Em última atualização sobre o caso, o Governo Federal vai liberar R$ 37 milhões para a Polícia Federal voltar a emitir passaportes, conforme anunciado pelo secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago.

O valor é uma medida de ‘reforço imediato’ e os outros R$ 37 milhões dependem de aprovação de um projeto de crédito suplementar pelo Congresso Nacional.

Mato Grosso do Sul deixará de emitir entre 60 e 70 passaportes por dia, após a decisão de suspensão da confecção do documento.

“Com a suspensão do fornecimento em razão da falta de orçamento para custear a impressão dos documentos de viagem, este número estará represado, até que o contrato seja restabelecido”, informou em nota a Polícia Federal de Mato Grosso do Sul. A confecção de passaportes é nacional e não há contrato específico para o Estado.

Neste momento, o agendamento online do serviço e o atendimento presencial continuarão funcionando normalmente, mas a entrega do documento segue suspensa no Brasil.