A Capital sul-mato-grossense voltou a experimentar, nas estatísticas, aumento na procura pelos imunizantes contra a covid. Após longo período de estagnação, com as autoridades sanitárias apelando para que campo-grandenses se vacinassem, inclusive com as doses de reforço, Campo Grande tem alcançado, nas últimas semanas, média de aplicação de 4 mil doses diárias.

Ao Jornal Midiamax, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) destacou que o aumento é, na verdade, observado desde o dia 17 de novembro — o período coincide com o surgimento da variante ômicron e liberação de aplicação das doses de reforço para todas as idades. “Nesse período, eram aplicadas cerca de 2.412 doses por dia e, a partir de então, passou-se a ministrar 4.247 doses por dia, até o final do mês”, detalha nota da Sesau.

A pasta, no entanto, não estabelece relação entre a maior procura e os surtos recentes que assolam a cidade, e que deixam diariamente os polos de testagens lotados.

“Tendo em mãos esta informação, e que durante todo o mês de dezembro houve uma média de 3.180 doses diárias — considerando dias de baixíssimo movimento, como Natal (quando foram aplicadas 2.144 doses entres os dias 24 e 26) e (que contabilizou-se apenas 838 doses aplicadas), não é possível informar que o aumento na busca pela vacina está relacionada com os casos de e crescimento da Covid-19, uma vez que estes registros começaram apenas a partir do início do mês passado”, detalha.

Independente da razão, os números seguem promissores e apenas na última quarta-feira (12), foram vacinadas mais de 4,1 mil pessoas em Campo Grande, entre dose inicial, segunda dose e reforços.

18 mil doses para vacinação de crianças

Estatisticamente, os índices de vacinação tendem a melhorar ainda mais — não só em Campo Grande, mas em todo Mato Grosso do Sul. Isso porque o Estado está prestes a iniciar a aplicação da primeira dose em crianças de 5 a 11 anos, cuja previsão de chegada no Aeroporto de Campo Grande é nesta sexta-feira (14), com carregamento de 18,3 mil doses da Pfizer.  Deste número, parte será destinada para população indígena e outras doses serão aplicadas em Campo Grande e em outros municípios do Estado.

“Essa vacina possui uma forma de aplicação diferente, com normativas a serem cumpridas pela [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. Elas não podem ficar mais do que 20 minutos fora dos recipientes onde estão armazenadas, então, tem este fluxo e outras situações que estamos discutindo”, afirmou o secretário Geraldo Resende, da SES (Secretaria de Estado de Saúde), ao Jornal Midiamax

De acordo com Resende, a princípio, a maior parte será destinada aos indígenas. “Nós estamos lutando para receber um número maior de doses. Queremos aumentar este número. Além desta remessa do dia 13, este mês teremos mais lotes previstos para chegarem nos dias 20 e 27 de janeiro”, comentou. 

Ao todo, conforme levantamento da SES e estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), MS possui cerca de 301.026 crianças nesta faixa etária. “A nota técnica do Ministério da Saúde apontou 14.534 doses da vacina, porém, na hora da emissão da pauta de distribuição, ampliaram para 18,3 mil doses da Pfizer”, explicou o assessor técnico da SES, coronel Marcello Fraiha. 

Sem necessidade de receita médica

O Governo de Mato Grosso do Sul autorizou os municípios a vacinar crianças entre 5 e 11 anos sem a necessidade de receita médica. A exigência é que apenas os pais ou responsáveis — com o documento da criança — compareçam com elas nos postos de vacinação do SUS (Sistema Único de Saúde). 

No último dia 27 de dezembro, conforme apurou o Jornal Midiamax, houve uma reunião com representantes dos 79 municípios — em convocação extraordinária — para discutir a questão. Dessa forma, o que antes era apenas uma opinião do secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, foi discutido e referendado na CIB (Comissão Intergestores Bipartite). 

Conforme Resende, no momento da vacinação, o adulto responsável deverá estar com documentos de identificação da criança, como a carteira de vacinação e a certidão de nascimento ou documento de identidade, por exemplo. 

Para fazer o cadastro é necessário acessar a página na internet: http://vacina.campogrande.ms.gov.br/

A vacina

A autorização concedida pela Anvisa veio após análise técnica criteriosa de dados e estudos clínicos conduzidos por laboratório. Segundo a equipe técnica da Agência, as informações avaliadas indicam que a vacina é segura e eficaz para o público infantil, conforme solicitado pela Pfizer e autorizado pela Anvisa.

Assim, a formulação da vacina para crianças será aplicada em duas doses de 0,2 mL (equivalente a 10 microgramas), com pelo menos 21 dias de intervalo entre as doses. A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de vacinação e também pelos pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para serem vacinadas. Para os maiores de 12 anos, a vacina terá tampa na cor roxa, sendo aplicada em doses de 0,3 mL.

Segundo o Ministério da Saúde, a vacina também tem esquema de conservação diferente, já que pode ficar por 10 semanas em temperatura de 2ºC a 8ºC. A chegada do imunizante aos postos depende do calendário e da logística do PNI/MS (Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde), que coordena a distribuição das vacinas por meio de programas públicos no Brasil.