#CG123: Sobram projetos, mas corredores gastronômicos de Campo Grande ainda não vingaram
Já são quatro corredores gastronômicos autorizados e três projetos tramitando na Câmara Municipal, porém, apenas um com verba destinada
Lucas Mamédio –
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É comum nas grandes cidades do Brasil, e de outros países, locais com comércios voltados a setores específicos da economia, como varejo de roupas, eletroeletrônicos e, mais notadamente, comida. São ruas lotadas de bares, restaurantes, lanchonetes, food trucks e muita gente.
Conceitualmente, esses lugares têm sido tratados como ‘corredores’, espaços onde certo tipo de atividade é fomentada de forma organizada e com a participação do poder público por meio de intervenções e até subsídios.
Campo Grande, durante muito tempo, careceu de espaços assim. Houve até uma espécie corredor gastronômico com os saudosos trailers de lanche na Avenida Afonso Pena, mas que findou em 2011 com a revitalização da via.
Após relativo hiato temporal, de forma orgânica, sem propriamente um esforço pensado e sistematizado, começou a surgir em outra rua algo bem mais parecido com o conceito moderno de corredor gastronômico, na Rua Bom Pastor.
Alguns estabelecimentos puxaram o público e, a partir destes, e da demanda do público, mais e mais restaurantes, bares ou outros empreendimentos começarem a surgir até a rua virar sinônimo de comida.
Até que em dezembro de 2014, a Rua Bom Pastor foi considerada o primeiro corredor gastronômico oficial de Campo Grande, recebendo nome técnico de Corredor Gastronômico, Turístico e Cultural do Bairro Vilas Boas.
Desde então, o número de estabelecimentos vem aumentando exponencialmente. Apesar do tempo de criação, apenas em maio de 2022 a Prefeitura de Campo Grande fechou contrato para projeto executivo que vai reformar o corredor, no valor R$ 869,9 mil. Ainda não há prazo para o início da reforma.
Outros corredores
O corredor da Bom Pastor é o primeiro e único com verba destinada e projeto montado. Na prática, então, é o único corredor gastronômico da Capital.
Porém, em tese, há vários outros. Alguns projetos já passaram pela Câmara Municipal e foram sancionados de forma autorizativa pelo executivo e outros ainda tramitam na casa de leis.
Já autorizados pela Prefeitura estão os corredores do Nova Lima, José Antônio, Moreninhas e Tiradentes. Ainda com status de projeto de lei estão os corredores gastronômicos do Tia Eva, Mata do Jacinto e Itamaracá.
Segundo o secretário Adelaido Vila, da Sidagro (Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio), a Prefeitura montou em fevereiro de 2022 um grupo técnico com o objetivo de regulamentar a implantação dos corredores. Esse grupo também é o responsável por identificar potenciais corredores na cidade.
“Esse Grupo está em andamento e conta com técnicos da Planurb, Sidagro, Sectur, Sgetran, Segov, Semadur, Sisep e Sefin. Ao final será apresentado um projeto-lei com critérios para a criação e regulamentação dos corredores, por tipo e para análise consideram-se, entre outros itens, a potencialidade e a vocação”, explica ele.
Para ele, os corredores gastronômicos são importantes porque oferecem condição para a atração de turistas, fortalecimento do comércio e de empreendimentos gastronômicos, a visibilidade de imóveis e lugares históricos da cidade.
“Enfim, o fomento à economia local e o fortalecimento das centralidades, que são espaços multifuncionais e autossuficientes localizados em diferentes pontos da cidade e que buscam equilibrar a distribuição de equipamentos, emprego, moradia e reduzir custos de deslocamento”.
Questionado sobre o que falta para efetivar os corredores já autorizados, o secretário coloca na conta do grupo técnico criado. “Existe toda disposição e por esse motivo foi criado o grupo técnico, uma vez que o estudo e o planejamento são de suma importância. Por isso estamos conhecendo cada corredor em suas especificidades e assim, poderemos fazer investimentos adequados à cada realidade”.
Corredor da José Antônio
O caso mais peculiar de corredores já autorizados em Campo Grande é o da Rua José Antônio. Isso porque no final de 2020, no intervalo entre a primeira e a segunda onda da pandemia, quando muitos acharam que ela havia arrefecido, parte da rua passou por uma intervenção temporária que serviu de teste avaliar a viabilidade do projeto.
O teste abrangeu 15 quadras e durou 30 dias. Durante este tempo, foram criados três bolsões de convívio com prolongamento da calçada, bancos, bicicletário, parklets e 900 mudas de 7 espécies de árvore. Além disso, foi instalada uma pequena academia de ginástica a céu aberto.
O projeto teve o teste e, adiante, também seria financiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) com apoio da Prefeitura, mas não aconteceu ainda.
Rodrigo Hata, proprietário de um bar e restaurante na rua, que encabeçou o teste na época, já que era também o presidente da associação de empresários da rua José Antônio, explica porque o corredor gastronômico ainda não saiu ali.
“A pandemia atrasou tudo, pois o momento pós-pandemia de retomada para o setor está sendo bem delicado, muitas obras tiveram que ser repensadas o cronograma, mas já foram requalificadas as calçadas e recapeado o asfalto. E precisamos sentar enquanto empresas e começar a olhar mais para esse presente que temos nas mãos e criar ações junto ao poder público. Pelo que já foi feito, já percebemos o interesse de novas empresas de gastronomia e serviços se instalando no corredor”.
A despeito da falta de previsão, Rodrigo disse que o teste deixou lições valiosas. “Um exemplo foi o alargamento das esquinas, que tem o objetivo de aumentar área para o pedestre, deixando a esquina mais segura e reduzindo a velocidade durante a conversão. Antes de sair quebrando a Prefeitura junto aos consultores do Banco Bid testaram e assim foi feito o projeto arquitetônico viável”.
Resumo dos demias corredores criados
Nova Lima
O projeto ficará na Avenida Gualter Barbosa, entre a Rua Marquês de Herval e a Avenida Zulmira Borba. O corredor deverá cumprir algumas exigências da Prefeitura para ser implementado. Os comércios não poderão interferir no trânsito de veículos e pedestres, deverão visar a segurança do local e a harmonia estética da rua. Os estabelecimentos que forem participar do Corredor Gastronômico Turístico e Cultural deverão ter alguma sinalização sobre a inclusão no projeto e deverão organizar apresentações musicais e artísticas. Também estão previstos festivais e encontros gastronômicos específicos no espaço.
Moreninhas
Conforme a lei, o corredor será na Rua Barreiras, entre as Ruas Peruíbe e Copaíba. Agora, o município deve regulamentar a previsão, bem como incentivar a divulgação e ordenamento do local.
Tiradentes
Segundo o texto do projeto aprovado, o corredor será criado na Avenida Marquês de Pombal. O corredor deverá preservar o trânsito local, segurança, harmonia estética, apresentações musicais e artísticas, festivais e encontros gastronômicos e culturais. Além disso, a matéria visa à repressão de vendedores ambulantes
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