Acompanhando perfil das famílias, kitnets se espalham por Campo Grande e vão de R$ 300 a R$ 4,5 mil

Imóveis do tipo se espalharam por diversos bairros e corretores de imóveis e construtores acompanham a mudança

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Modelos de kitnets mais baratas e mais caras, em Campo Grande. Foto: Reprodução

“Aqui a família é só eu e minha gata”. “Lá vai morar só eu e o meu cachorro. Eu viajo bastante, então, esta kitnet está ótima”. Acompanhando o perfil das famílias modernas, estas são algumas das frases muito ouvidas por corretores de imóveis, cuja procura dos clientes é por casas de um quarto ou então pequenos apartamentos mobiliados. Em Campo Grande, imóveis do tipo se espalharam por diversos bairros e vão de R$ 300 a R$ 4,5 mil mensais.

“A procura mudou há algum tempo justamente porque o perfil da família moderna também mudou. Tenho muitas mulheres sozinhas que me procuram. Homens só ou divorciados também. São pessoas que trabalham o dia todo e não têm necessidade de uma estrutura grande para morar. O perfil mudou muito, seja na classe baixa, média ou mais alta”, afirmou ao Midiamax a administradora e corretora de imóveis Lucilene Ramos Dias Pereira, 50 anos.

Com 20 anos de experiência na área de aluguéis, ela ressalta que as kitnets se espalharam por toda a cidade, assim como em outras capitais brasileiras. “Eu tenho casas com preços populares mesmo, em média R$ 650, até apartamentos, exatamente como uma kitnet, por R$ 4,5 mil mensais, sem a despesa do condomínio. Muita gente solteira, muito casal sem filho e por aí vai”, argumentou.

Atualmente, Lucilene fala que muitas pessoas, com cerca de 30 anos, ainda estão sozinhas e buscando ascensão profissional, perfil bem diferente de décadas anteriores, quando a mulher, por exemplo, já estava casada e com filhos nesta idade. Atualmente, com uma situação financeira diferenciada, muitas estão saindo de casa, porém, para morar sozinhas ou com um animal de estimação, por exemplo.

“É quando ela procura uma casa com um quarto. E o homem solteiro da mesma forma. Ou então, se é um casal, quer algo de dois quartos. A construção das casas de dois quartos, sala, cozinha e banheiro, por exemplo, cresceu muito. E o mercado imobiliário está acompanhando toda esta mudança”, argumentou Pereira.

Antes de construir, Lucilene fala que muitos construtores conversam com a categoria, para saber qual o perfil de imóvel que as pessoas mais estão buscando para locação, seja a família moderna ou até mesmo qual o tipo de imóvel que estudantes estão procurando, ao redor de universidades.

‘Investidor também descobriu este nicho’, explica corretora

“O investidor, assim como a gente, já descobriu esse perfil e está construindo casas para este nicho. É algo que está crescendo muito na cidade, da kitnet mais simples até a mais sofisticada, que muitos chamam de flat ou loft, para prédio, com diversos serviços. E como os investidores descobriram isso, não há um bairro com mais ou menos kitnets, está pulverizado mesmo, em tudo que é lugar tem”, explicou a corretora de imóveis.

Sócio de uma imobiliária tradicional, localizada na Avenida Afonso Pena, há 27 anos, Ilton Arashiro, de 62 anos, fala que trabalha com todo tipo de imóvel e também analisa o perfil do locatário. “Nosso mercado é totalmente diferente de uma capital como São Paulo, em que a pessoa verifica até a questão do combustível. Aqui ocorre muito a relação custo-benefício. Os construtores, da mesma forma, pegam um lote e dividem para fazer 3 casas neste formato, por exemplo”, explicou Arashiro.

Quando se fala no pequeno construtor, Ilton comenta que é inviável ele começar a ter lucro com o custo alto que está um terreno atualmente. “Como está muito elevado, aquele que investe para venda ou para locação, geralmente compra um terreno que está custando R$ 100 mil. Aí ele [construtor] precisa fazer a casa padrão, só que daí não compensa a venda. Ou então ele aguarda para fazer uma mais cara ou então divide o terreno e faz três casas”, avaliou.

‘Acho ideal o lugar que estou morando’, diz inquilina de kitnet

Raulienny Nolasco, de 32 anos, é moradora de uma kitnet, de cerca de 40 m², no bairro Cabreúva. Ela conta que veio do interior há 9 meses e gasta, mensalmente, R$ 650 com a moradia. Além disso, possui outras despesas como energia, alimentação e transporte.

“Eu me separei há pouco tempo e estou buscando uma oportunidade, uma vida nova por aqui. Não tive filhos, então, acho que é ideal o lugar que estou morando. Eu brinco que só fica pequeno quando minha mãe vem me visitar, porque ela chega cheia de coisas. No mais, está ótimo, me atende bem”, finalizou.

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