Sem reajuste há 7 anos, servidores de MS perdem poder de compra e têm defasagem de 34% do salário

Valor é o que funcionários públicos perderam em vencimentos desde o início do mandato de Reinaldo Azambuja (PSDB)

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Desde 2015 sem aumento salarial, os servidores públicos de Mato Grosso do Sul perderam quase metade do salário no período e estão com defasagem de 34% nos vencimentos no período.

O valor calculado pela economista Andreia Saragoça leva em consideração a inflação no período e também o aumento da contribuição previdenciária imposta pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) no início de 2020, que elevou a cobrança de 11% para 14% do vencimento dos servidores.

“Desde 2015 é contabilizada a perda de 34%, considerando a inflação oficial do período e também o aumento da alíquota previdenciária dos servidores estaduais, que passou de 11% para 14%, o que significa uma perda de 3%”, explicou.

Dessa forma, a política do governo tucano fez com que o funcionalismo público de MS perdesse em muito o poder de compra. Houve apenas dois aumentos em 2017 e 2018, que representa alta linear de 6,07% que sequer foram suficientes para repor a inflação no período.

Conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), “se a variação do seu salário, de um ano para o outro, for menor do que o IPCA, você perde seu poder de compra, pois os preços sobem mais do que a sua renda. Se a inflação e o seu salário têm a mesma variação, seu poder de compra se mantém. Se você, porém, receber um aumento acima do IPCA, seu poder de compra aumentará”.

Especialista em finanças pessoais, Saragoça orienta os servidores neste momento. “É triste um servidor público, que a gente pensa em uma remuneração mais adequada, perder 34%, que é quase metade do salário em 7 anos. Com essa realidade posta, o servidor precisa cuidar muito bem do seu orçamento, fazer escolhas que sejam adequadas como não fazer empréstimo, evitar financiamentos que comprometam renda futura, trabalhar com renda que tem e, se possivel, aumentar a renda, se possível, algum tipo de trabalho que oportunize aumento de renda”, declarou.

Entenda

É o segundo ano que a administração de Reinaldo Azambuja (PSDB) não autoriza nem a reposição inflacionária. Desde o primeiro ano de gestão, em 2015, o funcionalismo público não teve reajuste real, acima da inflação.

A justificativa de Reinaldo é uma recomendação conjunta do MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) e TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado) para que se observe as contrapartidas do Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus, estabelecidas pela Lei Complementar 173, de 27 de maio de 2020.

Com isso, entidades sindicais ainda estudam uma reação e eventual greve não está descartada. “Tínhamos a expectativa da reposição. Agora as categorias vão deliberar. Greve mesmo só em último caso”, afirmou o presidente do sindicato dos policiais civis de MS, Giancarlo Miranda.

Para o presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação), Jaime Teixeira, o governo tinha condições de autorizar o aumento. “Evidentemente, refutamos essa proposta. O governo tem condições de atender as categorias. Vamos nos reunir e avaliar o que pode ser feito”, disse.

Cofres cheios

Enquanto isso, a arrecadação do governo teve aumento de aproximadamente 26% nos seis anos completos de gestão tucana. É o que mostram os dados de receita do Portal da Transparência de MS, segundo os quais somente de janeiro a dezembro de 2020 foram arrecadados R$ 18,29 bilhões, contra os R$ 14,51 bilhões de 2015, primeiro ano de mandato do governador.

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