A comunidade da Portelinha, na região norte de Campo Grande, conseguiu contornar as limitações de acesso à informação de seus moradores com um esquema estilo ‘boca a boca’ em que ninguém fique sem tomar a vacina contra covid.
Como apenas alguns moradores possuem acesso à internet, eles criaram um grupo no WhatsApp em que trocam informações sobre grupos que irão se vacinar em cada dia e locais para poder repassar a informação à comunidade.
Uma das líderes da comunidade, Graceiele Mayara, de 27 anos, disse que a comunicação está funcionando. “Está dando certo, o pessoal está sabendo e estão indo se vacinar” disse, explicando que os informantes orientam também sobre os locais de imunização mais próximos.
Quem não tem acesso à internet também precisa procurar pelas líderes ou vizinhas que conseguem acessar o sistema de cadastro da vacina da prefeitura.
Umas das informantes é Márcia Rodrigues, 49, que já tomou a 1ª dose e está acompanhando pela internet o calendário para completar o ciclo vacinal e ficar imunizada contra a covid. “A gente avisa os outros. Eu avisei as vizinhas e um vai passando para o outro”, garantiu.
Márcia é uma das informantes que dispara as informações para a comunidade de Portelinha – Foto: Marcos Ermínio / Midiamax
Os que ainda aguardam chegar a vez para receber a 1ª dose confiam no sistema de ‘telefone sem fio’ da comunidade. É o caso de Diana Marimar, 25, que está ansiosa pela vacina. “Realmente o telefone sem fio é o jeito que encontramos já que nem todo mundo tem internet. Só temos quando colocamos crédito, mas nem sempre dá. Então, o jeito é passar de um para o outro”, afirmou.
Diana aguarda ansiosamente pela vacinação e espera a informação dos vizinhos – Foto: Marcos Ermínio / Midiamax
Medo de reação
Outra consequência da falta de informação é o medo da reação. Para isso, as líderes também atuam explicando aos moradores que é comum ter reação e que não precisa ter medo. “A gente explica para essas pessoas que é normal ter reação e tem dado certo”, disse a líder Graciele.
Uma mulher gestante, que preferiu não se identificar, disse à reportagem que foi comunicada de que poderia tomar a vacina, mas não foi por medo da reação afetar o bebê. Ela foi esclarecida sobre as orientações das autoridades de saúde. Inclusive já foi comprovado que a mãe pode passar anticorpos contra covid ao bebê através da amamentação.
Favela se ajuda para que ninguém fique sem tomar vacina em Campo Grande – Foto: Marcos Ermínio / Midiamax