Segmento de carros usados em ascensão vendeu mais de 63% do que em 2020
O país está passando por uma fase de fortes contrastes. Existe claramente uma grande crise econômica impulsionada principalmente pela escalada da inflação e a fraca recuperação do mercado de trabalho. Tudo isso desencadeou um novo recorde negativo do “índice de miséria”, atingindo os 23,47 pontos, o pior valor registrado desde 2012, tempo em que foi […]
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O país está passando por uma fase de fortes contrastes. Existe claramente uma grande crise econômica impulsionada principalmente pela escalada da inflação e a fraca recuperação do mercado de trabalho. Tudo isso desencadeou um novo recorde negativo do “índice de miséria”, atingindo os 23,47 pontos, o pior valor registrado desde 2012, tempo em que foi uniformizada a metodologia por parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Ainda assim, apesar do contexto, existem mercados que estão passando por uma boa época, com lucros importantes. É o caso do mercado de venda de carros usados. Trata-se de um segmento que gera 10 milhões de transações ao ano, com um faturamento aproximado de R$ 600 bilhões anuais.
Este ano o setor vem registrando um crescimento importante. Como a própria Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos) anunciou, no 1° semestre de 2021, o total de veículos usados vendidos ultrapassou os 7,3 milhões de unidades, contra 4,5 milhões aproximadamente no mesmo período do ano passado.
Com aqueles valores, o crescimento registrado em comparação com os primeiros seis meses de 2020 é de 63%. De qualquer jeito, o presidente da Federação aclarou que a base da comparação é baixa, pois no ano passado a pandemia prejudicou intensamente o comércio dos automóveis e comerciais leves usados.
Com esse panorama atraente, já são pelo menos 6 startups que anunciaram se instalaram no Brasil nos últimos 4 anos para revolucionar o mercado de compra e venda de carros usados no país. A última a chegar, a mexicana Kavak, começou suas operações no final de julho com um aporte inicial de R$ 2,5 bilhões.
Este tipo de modelo de negócio aproveita o comércio online, que no mundo dos carros ainda é novo, se bem que já é possível fechar algumas operações como fazer seguro online.
No caso da Kavak, a venda pode ser feita 100% online, mas para atrair os consumidores que ainda não se sentem à vontade com essa modalidade, a companhia disponibiliza a opção de fechar a operação numa das 6 lojas existentes em São Paulo.
Assim como ela, outras empresas estão concorrendo no setor: a Volanti, fundada em 2017 e adquirida pela fintech Creditas em julho deste ano; a Carupi criada no fim de 2019; a Dryve também nascida em 2019 e que este ano lançou o chamado Agente Autorizado (toda pessoa que tenha experiência na venda de carros pode operar a plataforma em sua região); e a plataforma argentina Karvi que chegou ao Brasil o ano passado dirigida à venda de carros novos, seminovos e usados.
Segundo a análise de Paulo Cardamone, presidente da Bright Consulting, as empresas chegam ao país atraídas “pelo mercado de venda de dinheiro caro”. Acontece que a maioria dos negócios feitos com carros usados são desenvolvidos através de financiamento, e os juros aplicados costumam ser os mais caros do mundo.
Todo o contexto de crescimento também recebe impulso das dificuldades registradas na comercialização de carros novos, motivada principalmente pela dificuldade na obtenção de peças e componentes para a produção.
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