Remanejados após posse, concursados de Corguinho denunciam retaliação de prefeita reeleita

Funcionários concursados na prefeitura de Corguinho, distante 95 km de Campo Grande, estariam sofrendo retaliações por parte do Executivo Municipal por não terem apoiado a prefeita reeleita, Marcela Lopes (PSDB), nas eleições do ano passado. O Jornal Midiamax ouviu quatro dos funcionários que estariam sendo vítimas das retaliações. Alguns perderam benefícios com a mudança da […]

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Funcionários concursados na prefeitura de Corguinho, distante 95 km de Campo Grande, estariam sofrendo retaliações por parte do Executivo Municipal por não terem apoiado a prefeita reeleita, Marcela Lopes (PSDB), nas eleições do ano passado.

O Jornal Midiamax ouviu quatro dos funcionários que estariam sendo vítimas das retaliações. Alguns perderam benefícios com a mudança da localidade de trabalho e terão redução nos salários, alguns concorreram a um cargo político ou tem familiares que disputaram na oposição à Marcela.

Candidata a vereadora pelo Podemos, a assistente social Joelma Soares, de 41 anos, teve uma surpresa ao retornar para seu cargo na Secretaria de Assistência Social, após a eleição no dia 15 de novembro. Ela contou que quando voltou ficou três dias “sentada em uma cadeira” sem mesa e nem computador.

“Eu falei que se eles não arrumassem o mínimo para o meu trabalho eu iria denunciar”, contou ela. Uma funcionária contratada estava em seu lugar durante seu afastamento e assim continuou.

Na última segunda-feira (4), Joelma, que há 15 anos trabalha no local (sendo 10 como concursada), disse que foi chamada no gabinete da prefeita, que a informou que ela estava sendo remanejada para a Defesa Civil. “Ela falou que eu iria montar a assistência social na Defesa Civil e eu falei que não gostaria de sair. Nem tem assistência social na Defesa Civil no organograma da prefeitura”, revelou.

Concorrência política

Joelma concorreu pelo Podemos, que coligou com o MDB, partido do então candidato à prefeito Regis, único rival de Marcela nas urnas. Regis inclusive é marido de Juliana Cação, de 43 anos, enfermeira concursada há 11 anos. A profissional de saúde também foi informada na segunda-feira que sairia da unidade mista 24h onde trabalha para começar, nesta quarta-feira (6), em uma unidade PSF (Programa Saúde da Família).

“Tentei pegar algum papel que justificava [a mudança], mas não me deram. Nem mesmo uma justificativa verbal”, disse Juliana ao Jornal Midiamax. Com a mudança, a enfermeira perde adicionais noturnos, plantões e insalubridade, chegando a uma redução salarial de R$ 2,7 mil.

Assim como Juliana, o técnico de enfermagem Rubens de Oliveira, de 50 anos, também foi tirado da unidade 24h, mas para o PSF na zona rural. Concursado há 27 anos, ele foi informado da mudança por uma ligação de telefone, na segunda.

“Meu perfil profissional é de urgência e emergência e não entendo nada de PSF. Ela [Marcela] está tirando um profissional com experiência e colocando pessoas contratadas no lugar”, disse ele, que terá uma redução salarial de cerca de R$ 500. Assim como os demais, Rubens apoiou o prefeito e um vereador da oposição na última eleição.

‘À disposição’

Única recepcionista concursada do município – há 18 anos na área da saúde -, Sônia Paim não foi remanejada para lugar nenhum lugar. “Eu fui deixada à disposição do departamento pessoal […] Eu estou revoltada; Você está em casa à disposição enquanto tem gente contratada em seu lugar trabalhando”, desabafou ela.

Com a mudança, Sônia perde em torno de R$ 650 do salário. “Vou perder meus plantões e adicional noturno. Praticamente não vou receber quase nada e tenho empréstimo para pagar […] Estou me sentindo humilhada, estou depressiva, nunca passei por essa situação”, disse ela, que é esposa de um candidato que concorreu à vereador da oposição ano passado.

Segundo apurado pela reportagem, pelo menos outras quatro pessoas estariam vivendo a mesma situação, sendo três motoristas e uma técnica de enfermagem. As novas designações dos funcionários ainda não foram publicadas em Diário Oficial.

Outro lado

A Prefeitura de Corguinho informou ao Jornal Midiamax que “os remanejamentos são necessários para a melhor prestação do serviço público” e que pela limitação de servidores efetivos no município foi necessário “melhorar a distribuição entre eles”.

Sobre o caso da enfermeira Juliana Cação, o Executivo Municipal disse que além dela há somente um outro servidor efetivo e ambos estavam lotados no mesmo local.

“Por exemplo, temos somente 02 servidores efetivos no cargo de enfermeiro,
os quais estão lotados na UBS, enquanto a ESF não possui nenhum efetivo no setor, o que não é lógico e nem eficiente, sendo mais viável alocar os dois efetivos em cada setor”, diz a nota.

Com o remanejamento, a prefeitura admitiu que “houve a necessidade de contratação de funcionários para atender a demanda municipal e amparar a população local, notadamente na área da saúde, ante a pandemia existente”.

*Matéria alterada às 14h48 para acréscimo do posicionamento da prefeitura.

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