A criatividade associada ao empreendedorismo parece ter sido a principal saída encontrada pelos sul-mato-grossenses para driblar a crise imposta pela pandemia de coronavírus.

Segundo dados do MS levantados junto à Receita Federal, o estado registrou de 1º de janeiro de 2021 até 30 de setembro, 31.709 MEIs (Microempreendedor Individual), número 18% maior que o mesmo período de 2020, que registrou 26.805 e 26% maior que em 2019, quando chego a 25.084 MEIs abertos.

Para se ter uma ideia, o registro do ano inteiro de 2020 é pouco maior que o parcial de 2021, com 35.013, apenas 3.304 a mais. A mesma conta feita no comparativo com 2019, que teve 32.316 MEIs, releva menor distância, com apenas 607 registros a mais que 2021 até aqui.

Se formos mais longe, até 2018, os 31.709 MEIs de 2021 chegam a superar, e muito, os 26.059 MEIs do ano da última eleição presidencial.

Segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles, houve uma mudança de perfil dos MEI entre as atividades econômicas mais procuradas. “O setor de cabeleireiros, manicure e pedicure, por exemplo, que em 2019 estava no topo com o maior número de MEI abertos, teve uma queda de quase 20% no ano passado. Essa mudança, com certeza, está diretamente relacionada aos impactos provocados pela pandemia do novo coronavírus”, analisa.

Para o analista de gestão estratégica do Sebrae, Tomaz Carrijo, o cenário de crescimento dos MEI no ano passado no país vai ao encontro das projeções da Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), considerado o maior estudo contínuo sobre o empreendedorismo no mundo, realizado no Brasil com a colaboração do Sebrae.

O levantamento divulgado no ano passado indicava que o país deveria alcançar o recorde histórico de empreendedorismo com cerca de 25% da população adulta envolvida em um novo negócio ou com uma empresa com até 3,5 anos de atividade.

“Estamos vivendo um momento de crise sem precedentes e sabemos como isso tem exigido um esforço ainda maior dos brasileiros que já são donos de pequenos negócios ou que buscam a formalização com uma saída para enfrentar os problemas. O aumento no número de MEI mostra o quanto essa figura jurídica tem se tornado peça fundamental para a economia brasileira ao longo dos últimos 10 anos”, destacou Tomaz.