A disputa pelo estado com maior porcentagem de pessoas imunizadas com as duas doses contra covid continua acirrada. atingiu, na manhã desta sexta-feira (8), a marca de 60,05% de pessoas com esquema vacinal completo. São Paulo, que na segunda-feira (4) ultrapassou MS, está agora com 62,09%, conforme os dados oficiais.

Entretanto, MS segue na vice-liderança, com 1.687.068 doses aplicadas como D2 ou dose única — para o imunizante da Janssen. Na contagem da 1ª dose, o Estado vacinou 1.925.801 pessoas, que corresponde a 68,5% da população. No total, foram aplicadas 3.814.030 doses desde o início da vacinação, em 19 de janeiro.

Resistência

Os indicadores revelam que houve desaceleração no ritmo de vacinação após determinado momento. O titular da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Geraldo Resende, atribui a desaceleração na vacinação de MS aos negacionistas — como ficaram conhecidos os grupos que ignoram evidências científicas, tais como a eficácia de vacinas.

“Chegamos num momento que restam ser vacinados em MS aquelas pessoas que não tomaram a vacina pelo componente político. São aqueles que seguem orientações dos negacionistas, que seguem orientações políticas e ideológicas”, pontuou Resende à reportagem.

A situação é percebida mais visivelmente pelos próprios prefeitos e gestores da saúde nos municípios. O prefeito de Aquidauana, cidade distante 148 quilômetros de Campo Grande, Odilon Ribeiro (PSDB), também atribui a vacinação emperrada aos negacionistas. “Não tem mais fila nem falta de vacina, pode até escolher [qual imunizante tomar], mas não querem mais. Uma parte da população não quer tomar de jeito nenhum”, lamentou. Conforme o prefeito, o município está de mãos atadas. “Não tem o que fazer, eu respeito a opinião deles, mas agora começa a represar [as doses]”, avaliou.

Em Rio Brilhante, distante 161 quilômetros de Campo Grande, a secretária municipal de saúde, Aline de Oliveira, também relata a dificuldade em convencer quem não acredita na vacina e explica a nova estratégia adotada pelo município. “Fica difícil o convencimento. Dentro de famílias tem pessoas que tomaram e outras não, justamente por questões ideológicas, porque viram a opinião dos outros e não acreditam”, disse.